Viver vai muito além da passagem do tempo. Viver é poder sentir o ar encher seus pulmões após um mergulho, o folego faltar depois de uma longa caminhada e o vento balançar os cabelos na janela aberta do carro.
Liz nunca sentiu que realmente estava v...
O estúdio de dança era semelhante ao que eu usava no Brasil. Várias salas, repletas de espelhos e barras de apoio, um piso de madeira envernizada clara, paredes brancas com detalhes em preto e uma janela de moldura escura que dava para o corredor permitindo que quem estivesse do lado de fora conseguisse ver plenamente o lado de dentro. Meu pai tinha me trazido aqui direto da escola para fazer a matrícula e, por sorte, consegui fazer uma aula pra sentir o ritmo da turma com quem eu teria aula.
As salas eram divididas de acordo com a experiência, então haviam vários alunos de idades diferentes, o mais velho deveria ter uns 20 anos e alguns eu até conseguia reconhecer da escola. Estavam treinando uma nova coreografia essa semana, só tive tempo de ver uma vez antes de começar a tentar acompanhar. Foi uma total loucura, dançamos em dupla, criando uma competição interna com o parceiro enquanto a música se desenrolava, foi divertido, mas eu estou completamente exausta, com todos os meus músculos doendo. Caramba nem fazia tanto tempo assim que eu não dançava. Tá ok, faziam algumas semanas, mas eu ainda esperava não ficar tão cansada assim.
Estou jogada no canto da sala quando ouço alguém falar comigo - Você é muito boa - levanto os olhos vendo um garoto de pé a minha frente. Seu moletom cinza estava marcado pelo suor, seus cabelos de altura média estavam molhados e bagunçados enquanto ele passava os dedos pelos fios tentando arrumá-los. Formamos uma dupla durante a aula, a todo momento ele ficou tentando me ajudar, me dando sinais quando eu me perdia ou me atrasava no tempo. Por mais que esse não tenha sido o meu melhor desempenho, fomos os mais sincronizados, os com maior interação e destreza, sem medo um do outro ou vergonha, uma conexão instantânea, nos concentrando na dança e fomos competindo um com o outro .
- Eu até diria que é a melhor da turma, mas esse lugar é meu.- Ele da de ombros sorrindo de lado e estende a mão pra mim, que aceito me levantando. Estando mais próxima dele e sem distrações, consegui o observar melhor; seu rosto era angular, com uma maxilar desenhado que ficou ainda mais marcado com a linha fina brilhando de suor que escoria por seu pescoço, barba rala, olhos verdes, desenhados por longos cílios castanhos e sobrancelhas bem definidas. Todo mundo nessa cidade é tão bonito assim ?Meu Deus , eu estou tão ferrada !
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-Garanto que te supero rapidinho- sorri desafiadoramente pegando minhas coisas do chão- A propósito, me chamo Elizabeth, mas pode me chamar de Liz.
- Ah eu sei, todos sabemos, cidade pequena gata. - ele apertou minha mão novamente, me cumprimentando- sou Tayler Cooper, é um prazer te conhecer.
- Nossa que formal- saliento correspondendo ao seu sorriso. Ele coloca a mão no peito antes de continuar.
- Eu tento ser educado de vez em quando. Manter uma boa primeira impressão sabe?
- Ah claro e você deixou mesmo. Principalmente com o "gata"- disse abrindo aspas no ar, vendo-o morder o lábio inferior.
