Hashira da névoa

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Eu sigo para o quarto da Mitsuri, quando eu entro vejo-a sentada entre os ursinhos e travesseiros de tons pastel jogados pelo futon e pelo chão.

- Eu trouxe Mochi, Sensei- deixando a mesinha de bambu com os pratos de kochi perto do futon.

- Ahh- exclama atacando um dos mochi- obrigada Yume-chan, você é a melhor- agradece com a boca cheia.

- Não é verdade, eu tomei uma decisão perigosa hoje, se a Nezuko tivesse mordido o Sanemi eu ia ser punida e você ia ser mal-falada- nego sentando perto do futon e encostando a testa no chão.

- Ei- chama puxando delicadamente minhas mãos e me conduzindo a sentar no futon- Eu sempre vejo você confiando na sua intuição nas batalhas, arriscando sua vida pelo que você acha. Eu não poderia te repreender por confiar na sua habilidade para tentar ajudar os outros.

- Obrigada Mitsuri-chan- agradeço mas ela já está dando total atenção para os mochis- eu vou levar alguns doces para a Kanao, para pedir desculpa
por interferir em uma ordem dela.

Ela murmura um tudo bem de boca cheia e eu saí e vou para a cozinha. Após pegar a cesta saio em direção a mansão borboleta. O caminho é meio longo, mas as paisagens são muito bonitas, principalmente agora na primavera. Pensar que há uns dois anos atrás essa estação era meu pesadelo e meu chamado da morte. Eu encaro a tatuagem no meu ombro, a rosa é muito bem feita, mas me traz uma memória horrível.

No meio do caminho eu ouço um barulho no meio das árvores, eu rapidamente seguro o cabo da nichirin, muito provavelmente não é um oni, já que estamos em plena luz do dia, mas aí da pode ser alguém mal intencionado. Alguns passarinhos saem voando do meio daqueles arbustos e em seguida um garoto de cabelos pretos que ficam azulados no final.

- Qual o nome daquele pássaro mesmo?- pergunta
o Kasumibashira pergunta  pra ninguém.

- É um pardal- respondo acenando pra ele.

- Ah, acho que era isso mesmo- fala depois de alguns segundos me encarando.

- Como você está, Tokito-San?

- Você está ocupada?- pergunta ignorando minha pergunta.

- Ah, eu estava indo para a mansão borboleta, mas não tenho mais nada para fazer, por que?

- Vamos- ordena ignorando mais uma vez minha pergunta.

Eu suspiro e o sigo, passamos a maior parte do caminho em silêncio, às vezes eu pegava ele olhando distraidamente para as nuvens e acabava falando sobre os formatos dela. Depois de uns minutos chegamos a mansão borboleta e ele para na entrada.

- Vai logo- diz e depois senta encostado no muro de madeira.

- Você não quer entrar, tenho certeza que a Shinobu não se im..

- Não, vai logo- me corta.

Eu vou jogar uma pedra na cabeça dele, pelos deuses, não me responde e ainda me corta? Eu chamo Aoi que está passando pelo pátio com uma cesta de roupas, ela deixa a cesta no chão e vem abrir o portão.

- Quanto tempo, Yume-chan- cumprimenta.

- Realmente, a Kanao está?- pergunto entrando.

- Está sim, ela deve estar lá dentro.

Eu caminho ao seu lado até o meio do pátio e pego o cesto de roupa.

- Onde eu coloco?

- Não, não e não, você é visita, deixa que eu levo- diz tentando pegar o cesto de mim.

- No varal né?- digo sentindo as roupas molhadas e o cheiro florado de amaciante.

Eu saio em direção ao varal nos fundos do terreno seguida de Aoi e suas reclamações. Chegando perto do varal eu coloco o cesto no chão e a garota me agradece, ouço uma voz familiar gritando na minha direção.

Flocos de neve- Muichiro TokitoOnde histórias criam vida. Descubra agora