Como Ser Feliz (Min Yoongi)

7. Dreaming Lucid

[...]

- ... acredita que ele teve a coragem de me dizer isso?? - digo bufando para a minha terapeuta durante a sessão, cruzo meus braços com força na espera de sua resposta.

- Beatrice, você entende que ele tá certo, não é? - a doutora Park senta-se na cadeira a minha frente abrindo a sua garrafinha de água para dar um pequeno gole - nem todo mundo que tem depressão quer morrer, às vezes só querem aprender a como ser feliz novamente.

- Mas como é possível?? - sinto todas as perguntas que me rondaram durante a madrugada na casa do Yoongi voltando e me deixando ainda mais confusa - como alguém que não consegue ser feliz ainda quer continuar vivendo? Isso que não entra na minha cabeça, simplesmente morrer e deixar de existir é tão mais simples do que continuar lutando em busca de algo que provavelmente você nunca terá - descarrego tudo o que sinto numa frase sem nenhuma parada e me sinto ofegante, acho que nunca fui tão sincera assim com a minha terapeuta antes.

- Quem garante que você não vai conseguir ser feliz, Beatrice? - a senhora Park me olha profundamente me deixando nervosa .

- Eu não estou falando de mim mesma - murmuro virando-me para o lado oposto de sua visão.

- Claro... - ela ri sozinha em deboche a minha resposta enquanto anota coisas em sua agenda - bom, você sabe que na próxima semana vai começar a sua terapia em grupo, né?

- Eu não quero - respondo ríspida.

- Anjo, você não tem querer - ela suspira com pena de mim, eu sempre odiei que sentissem pena de mim, me sentia como um bichinho abandonado na rua sem esperança de ser resgatado; mas quando eu sentia a pena da minha terapeuta, eu lamentava por ela porque definitivamente a doutora Park me via como um caso perdido.

- Você sabe que eu odeio interagir com pessoas estranhas.

- Mas já adiamos isso por tempo demais - ela levanta para guardar sua agenda em uma das gavetas de sua enorme mesa de madeira acajú - na realidade, você tem que trazer seus pais para a primeira sessão - ela se apoia na mesa esperando minha resposta.

- Você sabe que não vou fazer isso - respondo revirando os olhos.

- Eu acho que sua amiga Lisa deveria vir também... e esse seu novo amigo seria interessante - senhora Park continua com um leve sorriso no rosto.

- Vai sonhando... pq eles teriam que vir?? Eu quero nem meus pais aqui.

- Porque a Lisa foi sua única amiga por muitos anos, até mais anos do que eu gostaria que ela fosse a única... pelo o menos agora você tem esse amigo novo - ela se aproxima sentando novamente em seu lugar - esse Yoongi te faz pensar em coisas interessantes, esse pouco tempo de amizade com ele foi mais impactante para você do que esses anos de terapia - ela ri olhando para a janela como se pensasse em algo, provavelmente um plano diabólico se olhar bem para esses olhos fumegantes.

- Eu... eu não posso - começo a chorar com a voz trêmula - eu não consigo ser aberta assim com as pessoas... eu... eu - lágrimas caem densas enquanto abraço meu corpo procurando conforto.

- Beatrice... - minha terapeuta continua a me olhar séria - uau, sinceramente, você poderia tentar a carreira de atriz - ela bate pequenas palminhas agitadas - você teria muito sucesso.

- Que seja - sento-me normalmente na poltrona, secando meu rosto molhado pelas lágrimas de crocodilo - você sabe que vou trazer ninguém aqui.

- Ei, você sabe que se fizer isso... - ela suspira profundamente e sei que a coisa ficou séria - se você continuar se recusando a avançar na terapia, você terá que entrar na casa...

- Não - respondo apressada.

- Traga seus pais na próxima sessão - ela se levanta e caminha lentamente até a porta - e se possível, seus únicos dois amigos - ela abre a porta séria esperando que eu saia - a sessão de hoje terminou, mas garanto que as próximas serão melhores.

- Aham... sei - reviro os olhos e caminho até o local indicado.

- Depois da sua primeira sessão com as pessoas que ama, começaremos com as outras pessoas que se sentem que nem você - paro em sua frente e a senhora Park olha fixamente para mim - você vai aprender a ser feliz, Beatrice... eu tenho certeza!

- Até a próxima - digo e vou embora. Sei que ela tem esperança por mim e que acha que posso ter um futuro melhor, mas não sei se tenho sonhos suficientes para poder viver por muito tempo. Afinal, o que realmente são nossos sonhos?