"And if you were my little girl
I'd do whatever I could do
I'd run away and hide with you"
—Daddy Issues, The Neighborhood
_____________________________Eu tive que respirar por um momento quando Damiano David passou pela porta do café. O sininho pendurado avisando da sua presença, como se precisasse... Ele atraiu todos os olhares imediatamente.
A camisa branca de botões aberta exibindo boa parte do peitoral tatuado, com o bônus de um terço pendurado ao redor do pescoço. Algum resquício de maquiagem preta contornando os olhos. Ele só... não se parece com o tipo de pessoa que frequentava esse lugar.
Senhoras de meia idade costumam vir aqui e procuram um lugar para ser ponto de encontro de seus clubes do livro onde todos os meses leem romances tórridos variados, jovens hipsters gostam de pedir um café e tirar fotos com a biblioteca de fundo, sem nunca realmente pegar algo para ler.
E tem eu, que venho para estudar pelo menos umas duas vezes por semana e ocasionalmente procrastinar lendo algo.
Ele se sentou ao meu lado no balcão e não disse "Oi", ou "Olá", simplesmente proferiu as últimas palavras que eu imaginei que sairiam da boca dele.
— Aparentemente você agora é a minha garota.
Eu pisco uma, duas, três vezes. Calmamente largo a caneta e levo minha mão até o copo de frozen, o qual bebo um gole pelo canudo.
— O que foi que você disse? — pergunto calma e controlada sem olhar em seu rosto.
— Eu disse que aparentemente você é minha garota agora, Astrid — ele responde tão controlado quanto.
Então vai ser assim? Tudo bem.
— E pode me dizer de onde você tirou isso? — sinto que meu tom começou a soar levemente indignado, mas ao final da pergunta eu já conseguia contornar isso.
Fito os olhos castanhos esperando uma resposta sincera.
— É o que Victoria e os caras da banda acham pelo menos — dá de ombros enquanto Luca, o atendente muito simpático com quem converso quando venho aqui, lhe entrega seu cappuccino. — Grazie mille.
Ouvir seu nome de novo mexe comigo. As últimas semanas têm sido difíceis, me acostumar com a ideia e tudo mais. Principalmente porque a Måneskin parece tocar em cada maldito lugar que as meninas e o pessoal da faculdade gostam de frequentar. Eles estão virando febre entre os jovens em geral.
Eu não julgo, só evito, porque tudo relacionado à eles acaba me lembrando do pé na bunda que levei. Mas realmente não posso negar que são bons.
— E porque você veio me falar isso?
Ele me observa por alguns segundos antes de abrir um sorriso ladino convencido.
— Não é como se eu estivesse vindo atrás de você, querida. Estava passando por aqui e resolvi lhe atualizar sobre as novidades.
E isso sim é difícil de acreditar. Nunca o tinha visto por aqui antes e vou fazer questão de perguntar à Luca quando ele sair.
Mas a curiosidade me invade. Perguntas rondando a minha mente até que as palavras saiam da minha boca antes que eu possa perceber.
— E o que ela acha? Sobre isso? — me esforcei para soar despretensiosa mas a verdade é que estava morrendo para saber.
Seus olhos castanhos me analisaram. Passeando por meu rosto, demoraram-se alguns segundos a mais na minha boca. Será que estou suja de frozen? Apertei os lábios, desviando o olhar dele e passei a língua por eles. Me arrependi no momento em que ouvi sua risada ao meu lado.
— Santo Deus, ela ainda te afeta como nunca, não é? — eu me viro e fecho uma aba no notebook para fingir que estou ocupada. — Não precisa fingir para mim, bella. O que eu faria com a informação?
Suas palavras me fazem refletir. É verdade que Victoria não é a maior fã dele, são educados um com o outro mas ela sempre torcia o nariz de leve quando Damiano era o assunto. E bem, não dou a mínima pro que Ethan e Thomas pensam sobre meus sentimentos, eu nem ao menos troquei mais de dez palavras com eles.
— É óbvio. Ainda está... recente — é só o que digo, olhando bem no fundo dos olhos castanhos para mostrar que estou sendo sincera.
Ele passa a língua pela ponta dos dentes superiores e analisa meu rosto.
— Nesse caso... — estala os dedos longos e os anéis fazem tanto barulho quanto os ossos. — Tenho que dizer que a reação dela não foi tão... proveitosa quanto a sua.
Ele diz se referindo ao nosso beijo. Faço um gesto para que ele prossiga, Damiano conseguiu me deixar curiosa.
— Bom, ela surtou e veio me perguntar se estávamos juntos.
— O que você disse? — perguntei apreensiva.
— Não respondi, disse que não sabia ou coisa assim. Ela saiu possessa mas tentou fingir que não. Se quer saber, acho que você machucou um pouco o ego dela — despejou de uma vez.
Bom, fazia apenas uma semana que havíamos terminado, mas com a cena que vi no camarim não pensei que ela ainda se importaria muito com quem eu ficava.
— Acho que ela só não gosta de você — digo e meu coração acelera com a percepção de que posso ter feito uma merda muito grande.
Mas Damiano só dá de ombros.
— Eu sei — diz enquanto se recosta sobre o balcão parecendo tranquilo com a afirmação. — Eu e Victoria... nós já tivemos nossos problemas antes.
Ele solta o ar como se estivesse expirando o fumaça do cigarro mesmo que esteja apenas tomando um cappuccino, acho que já é um hábito.
— Vic adora roubar minhas garotas, mas aparentemente não gosta que eu pegue o que é dela. Quão irônico é isso? — ele dá uma risada que não parece muito bem humorada para mim.
— Eu não "sou" dela — deixo claro como ela o fez. — Nós sequer tivemos um princípio de relacionamento, pelo visto era só um lance de quase 3 meses.
Damiano me olha no fundo dos olhos novamente e ficamos assim por alguns segundos.
— Não sente vontade de dar o troco? — ele pergunta sincero. — Não se cansou disso? De esperar o mínimo?
Suspiro, essa doeu. É a verdade, eu aceitava as migalhas de relacionamento quando na verdade nunca houve a perspectiva de ter algo sério por parte dela. Todos os benefícios de um namoro sem realmente estar em um.
— Sim — minha voz sai baixa, como um suspiro, enquanto minha mente está longe. O italiano ao meu lado abre um sorriso por trás de sua xícara e alguns adolescentes aproveitaram o silêncio entre nós para pedir fotos.
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_____________♪_____________"E se você fosse a minha garota,
Eu faria tudo que pudesse
Eu fugiria e me esconderia com você"
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Backstage
FanfictionQuando Astrid Vaz se envolveu com Victoria de Angelis ela não imaginava que iria se apaixonar tão perdidamente pela baixista da banda que vem ganhando reconhecimento não só em Roma, ou na Itália, mas em toda Europa. Só que Victoria não é do tipo que...