25 de fevereiro de 2020.

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Estou em casa arrumando meus livros e recebo mensagens dela:

- Oie. O que está fazendo?

- Nada, só arrumando meus livros. O que pretende fazer hoje? Te levo em qualquer lugar

- Sabe que não posso sair assim com você, mas já que falou, quero ir na sua casa.

- Aqui? achei que íamos num lugar mais legal.

- Sim, sua mãe e sua irmã já me chamaram, eu vou, a não ser que você não queira.

- De modo algum, estarei te aguardando.

Entro em desespero e começo a arrumar a bagunça que fiz, lavo tudo e saio para fazer compras, minha mãe faz seu delicioso bolo gelado e eu preparo filmes. Será a primeira vez dela na minha casa, precisava causar boa impressão.

Tomo banho e me arrumo para buscá-la no local acordado, parto velozmente e chegando na beira da pista ao longe já consigo vê-la. Está com um vestido que se adequa tão perfeitamente ao seu corpo que consigo identificar cada curva, um verdadeiro violão, como diriam antigamente.

Abraço Ela, consigo ver que está ansiosa, Ela observa cada rua, cada detalhe do caminho, muito mal sabe que já quase morri naquelas ruas inúmeras vezes, que o motivo de nunca tê-la levado ali fôra pelos tempos perigosos, tempos esses que causaram meu envelhecimento mental precoce. Quantos amigos perdi? quantas dor e desgraça já presenciei? Incontáveis.

"(Ainda que) caiam mil ao teu lado, e dez mil à tua direita, (a calamidade) não se aproximará de ti." Eis o salmo que guia minha vida até hoje, costumo dizer que Deus não permite que eu morra, pois quer que eu faço algo, até que eu descubra o que ele quer de mim estou em uma incógnita.

Ela percebe que estou "inerte" e pergunta:

- O que você tanto pensa? Aqui era muito perigoso? estamos muito longe ainda?

- Não meu bem, minha rua é logo ali do lado, não se preocupe que não há mais risco e mesmo que houvesse, meu corpo seria seu escudo e minhas mãos suas armas.

Ela sorri e finalmente chegamos em minha casa. Lá minha família a recebe relativamente bem, nos sentamos, fico ao lado dela, trocamos risadas e conversamos, ponho o filme. Enquanto todos se focam na tela não consigo deixar de focar em suas pernas, lindas e macias.

Ponho minha mão sobre sua perna direita e sinto o calor de seu corpo, ela está muito quente e eu mais uma vez não consigo me aguentar, quando me dou conta já estou levantando seu vestido, até que ela balança a cabeça e me recorda que os outros na casa podem perceber.

Me controlo e consigo manter a sanidade o restante do filme. Ela declara que precisa ir, foi pouco tempo, mas foi bom. Levo-a de volta e na rua Ela sobe nas minhas costas e ri, está alegre:

- Quando irá me chamar aqui novamente? Sua mãe é muito legal.

- Em breve, vou pensar num dia propício.

Nos abraçamos, seguro seu corpo, aperto Ela com força, não quero que esse momento acabe.

Chamo um carro com o aplicativo, entramos e nos sentamos no banco de trás. Novamente estou levantando levemente sua saia e escorregando minha mão sobre sua perna, nos beijamos a viagem inteira, e mesmo assim sempre resta aquele gosto de quero mais. Ela desce, deixo ela no portão, dou-lhe um último abraço e me despeço.

Naquela noite eu me fui recitando diversas vezes a composição do nobre poeta, pois poesia acalenta o coração e ordena as paixões, por isso naquele dia eu recitei:

"De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure."

Diário de um Homem ComumOnde histórias criam vida. Descubra agora