A Nossa Canção [Em Andamento]

Capítulo 01

Meu nome é Helena, tenho 17 anos e moro na capital do Maranhão, uma cidade bem grande e muito movimentada. Chamada por muitos como Ilha do Amor, vivo aqui desde que nasci e apesar de gostar muito desse lugar, desejo conhecer outros estados desse imenso país, como São Paulo, por exemplo. Não poderia morar em bairro melhor, pois aqui perto fica o Centro Histórico da cidade, um dos meus lugares favoritos.

Nesse momento estou me arrumando para ir à escola, essa é minha última semana por lá e depois disso, o ensino médio estará concluído com sucesso. E sabe o que é mais estranho, parece que sou a única que não vai sentir falta disso, talvez seja pelo fato de eu não criar vínculos com ninguém na escola inteira. Desde que entrei até hoje os últimos dias, não fiz grandes amizades, eu considero todos como apenas colegas de turma, que ao final, cada um tomará caminhos distintos e com o passar dos anos, cada um será esquecido de forma gradativa. Talvez minhas relações com as pessoas sempre serão assim, não sei se é um defeito meu, mas já deu para ficar claro que eu não sou apegada a ninguém. Às vezes eu fico pensando, será que algum dia terá alguém que me faça mudar de ideia?

Agora já pronta, estou no ponto de ônibus, essa é a única parte complicada, tenho que pegar dois ônibus até chegar na escola. Para minha sorte, essa rotina já tem contagem regressiva para acabar. Não tem aula essa semana, é mais para os alunos discutirem como a escola será organizada para a nossa formatura.
Particularmente gostei muito da ideia, toda a escola está bem empenhada nessa questão. Passados mais alguns minutos, já estou adentrando a escola, fiquei muito surpresa, pois metade das coisas já estão prontas.

—Helena, estamos aqui.

Ouço a voz da Raíssa chamando por mim.

—Pessoal, alguém pode explicar o que está acontecendo? Não que eu esteja achando ruim, mas a formatura é só na sexta e já tem metade das coisas prontas. Vocês não acham que está rolando tudo rápido de mais? — A expressão em meu rosto deixava claro que eu estava por fora de tudo.

Foi então que todos começaram a falar em simultâneo, e foi aí que não entendi absolutamente nada.

—Pessoal, pessoal, assim não dá né. Apenas um, fala, pode ser? Obrigada, vai lá Daniel, pode falar.

— Hoje pela manhã a diretora propôs que a formatura fosse adiantada para amanhã, pois ela queria declarar as férias mais cedo. A decisão foi unânime por parte dos alunos e você sabe que eles são bem maiores em número, comparado ao pessoal da tarde, a julgar pela sua cara, parece que não gostou nadinha não é?

— Não mesmo, mas fazer o que né, o bom é que isso acaba logo de uma vez, já estou de saco cheio. — Nem fiquei para escutar o que eles acharam, sair logo para tomar uma água. Ser líder de qualquer coisa não é nada fácil. Já que é para liderar essa organização, que seja bonito, caso contrário vai sobrar para mim.

Caminho até a mesa que estava no centro do pátio e pego o microfone para falar com geral. — Seguinte pessoal, já que a nossa querida diretora teve a brilhante ideia de mudar essa bagaceira para amanhã, a gente que lute não é meus amores. Afinal quem vai usufruir do evento somos nós mesmo, então vamos fazer uma coisa bonita porque merecemos.

A medida que falo, os alunos ficavam mais eufóricos e gritavam, demonstrando estarem me apoiando.

— A Helena é doida não é gente, você viu a cara de deboche quando ela falou da diretora e o pior é que ela está escutando tudo. — Comentou Raíssa a Daniel.

— É, mas você sabe que ela sempre foi assim, não tem medo de se expressar.

— Hmmm! Você gosta dela não é Daniel, fala a verdade. Seus olhos brilham quando você fala o nome dela.

— O-o que, não é verdade, gosto dela apenas como amigo. — A Raíssa sempre pegou no meu pé e continua insistindo nessa ideia. O pior é que lá está certa.

— Conta outra vai, além do mais você sabe que ela não considera nenhum de nós como amigos. — Cruzo os braços e fico séria.

— Eu sei, mas eu ainda tenho hoje e amanhã na formatura para fazer ela mudar de ideia. Você sabe que não sou de desistir fácil.

— Você teve três anos para fazer isso e nunca conseguiu, o que te faz acreditar que só agora, nos últimos segundos você vai conseguir? — Uma coisa que gosto no Daniel é que ele é bem determinado e sempre está disposto a conseguir o que quer da forma mais justa e sincera possível. Somos amigos desde o primeiro dia de aula e sempre observei que ele gosta da Helena.

— Eu não sei, mas sinto que vai dar certo, você verá. — Se eu falhar, posso nunca mais ver ela.

— Olha eu acredito em você tá? Mas para de deixar as coisas para o último momento. Você tem que se arriscar e tentar, mesmo que tudo dê errado, do contrário, pode se arrepender amargamente para o resto da vida e até o seu último momento pode ser tarde de mais.

— Amiga essa doeu viu, pode deixar. Eu vou tentar não fazer isso de novo e obrigado, suas palavras me deram a confiança que eu precisava.

— Que isso amigo, sabe que pode sempre contar comigo. — Dou um imenso sorriso e abraço ele.

— Então é isso galera, conto com vocês. — Helena recebe aplausos após o discurso motivador.

E logo depois disso, os alunos se esforçaram o máximo para deixar a segunda parte da organização muito bem feita. Foi um dia cansativo, produtivo e além de tudo divertido. Por um momento eu comecei a achar que até sentiria saudades daqui, mas logo passou. Ao final do trabalho, nos reunimos para fazer um lanche e quando fui perceber já estava escurecendo, o dia já tinha ido embora e a noite chegava.

Pego minhas coisas para ir para casa, quando estava passando pelo portão, ouço alguém chamar por mim. Quando viro para ver quem era, Daniel vinha correndo em minha direção até que parou perto de mim.

— Oi! Daniel, o que foi? — Pergunto curiosa para saber o que ele iria falar.

— Na-nada não, eu só queria dizer até amanhã.

— Ah sim! Até amanhã então! - Dou um leve sorriso e saio para o ponto de ônibus.