Capítulo 1

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Luci estava na parte de cima do trem. Respirava com dificuldade por conta de subir no vagão em movimento e por ter amarrado o corpete mais apertado do que de costume.

Ela estava ansiosa e agitada. Aquele seria o primeiro assalto que faria sozinha. Depois de algum tempo a famosa ladra voltava a ativa, agora sem mais seu parceiro de crime. Antigamente eram Angelus e Luci. A dupla que colocava medo em qualquer cavalheiro e madame com joias à vista, mas agora contava com apenas uma pessoa, o casal de bandidos havia perdido seu outro membro numa briga de bêbados que se tornou violenta demais.

Espantando a memória do amigo e companheiro da mente, Luci afastou os fios de cabelo loiríssimos da testa e ajeitou a cartola na cabeça. Como de costume, colocou a mão no coldre e verificou se a arma de dois canos estava ali e se garantiu. Luci era uma ótima pistoleira no auge de seus 20 anos. Ela havia começado na vida do crime ainda criança, quando conheceu Angelus. Os dois eram órfãos e corriam do orfanato pelas ruas da cidade cometendo pequenas infrações. Uma vez encontraram uma arma no esgoto e praticavam tiro ao alvo com latinhas empilhadas. Luci se mostrou uma atiradora de primeira, com uma pontaria extremamente certeira.

A atual arma que usava foi adaptada por um dos melhores inventores da cidade subterrânea, lugar onde os contrabandistas e os considerados escórias pela alta sociedade transitavam. Com adição de um cano, gatilho de alta precisão e suporte para balas de titânio, tudo isso cabendo em uma pistola de mão, a arma de Luci causava inveja em qualquer assaltante que ela encontrava no bar dos Destrambelhados, local onde normalmente encontrava compradores para suas mercadorias roubadas.

O vento insistiu em soltar os fios do seu cabelo claro que tinha prendido para trás da orelha. O trem estava em sua velocidade máxima, e se não agisse logo, o destino final do transporte a vapor em breve já estaria em sua vista.

Deu alguns passos se equilibrando o máximo que pôde em suas botas com pequenos saltos e usou a escada para descer até as portas que ficavam entre os vagões.

Com sorte estariam abertas e levariam até o vagão restaurante.

Bingo. A porta de acesso não só estava destrancada, como que com pouca força a maçaneta se abriu. Luci estava dentro do trem e começava a procurar por suas vítimas e mais precisamente: suas joias.

Os passageiros sentados nas mesas do vagão restaurante tomando suas sopas mornas e bebericando cafés em xícaras de porcelana logo foram notando um por um a nova moça que se juntava à presença deles

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Os passageiros sentados nas mesas do vagão restaurante tomando suas sopas mornas e bebericando cafés em xícaras de porcelana logo foram notando um por um a nova moça que se juntava à presença deles.

Luci estava com um monóculo de precisão no olho direito e a ajudou a varrer o local localizando tudo o que refletia. E o que reflete é ouro.

Um relógio no pulso de um magnata tomando um gole de vinho chamou a atenção de nossa ladra juntamente com o colar de pérolas de uma jovem moça acompanhante que se sentava ao lado dele.

Com a mão firme ela sacou a arma e anunciou o assalto. Ela não era de discrição. Gostava de uma festa e do poder que os olhos apavorados fixados nela lhe dava.

A mulher do lado do magnata logo levou as mãos ao pescoço onde o colar estava acomodado, sabendo de seu valor a moça tentou se proteger do jeito que podia. Mas foi só Luci passar por ela que sua força não foi suficiente para impedir que a ladra arrancasse as pérolas com um puxão.

Luci colocou o item recém adquirido em um dos milhares bolsos que sua calça de couro tinha.

Chegando a vez do magnata, Luci deu um sorrisinho de canto de boca e apontou para o pulso do homem.

— Que horas são, meu caro? — perguntou ela sarcasticamente.

Ele estava muito assustado para falar qualquer coisa. Ainda tinha a taça de vinho presa na mão apoiada na mesa.

— Acho que é hora do relógio ser meu, não acha também? — ela mesmo respondeu.

O homem se apressou em tirar o relógio e entregar para a ladra. Gotas de suor brotavam de sua testa, ensopando alguns fios de cabelo.

Enquanto recebia o relógio e o guardava em outro compartimento de sua calça, Luci viu pelo canto do olho uma mulher com corpete vermelho e vestido branco no final do vagão levantar e sair correndo fechando a porta atrás de si. A pistoleira deu um tiro certeiro, porém atingiu a madeira da porta sem encontrar a carne de sua vítima.

Luci juntou os lábios em um sorriso desgostoso. Problemas.

Logo um policial ou alguém metido à mocinho viria para salvar o dia.

Se apressou em recolher o máximo de joias e pertences que lhe interessavam e focou em sair logo dali.

Com os bolsos cheios e com uma bala já utilizada, Luci se preparava para voltar pela porta que entrou e saltar para fora do trem. Mesmo em movimento, a Ladra sabia como aterrissar sem se machucar tanto e valia mais a pena do que esperar encontrar suas prováveis algemas no destino final da viagem.

Mas Luci não teve tempo, um homem trajado de um uniforme azul claro e óculos desembestou porta a dentro já sacando a arma. Atrás dele estava a mulher que tinha escapado do vagão agora voltava gloriosa com seu salvador.

Ela apontava atrás dele para identificar Luci, mas o policial não precisou da distinção, já que conseguiu ver a arma que a única pessoa do vagão carregava na mão.

O policial atirou. Luci iria receber a bala da arma do policial em cheio na testa se não fosse por ter se abaixado logo que o viu entrando pela porta.

Ela atirou em represália e o tiro acertou a perna do homem fardado de azul. Ele se contorceu de dor e não conseguia mais andar, mas ainda estava com sua arma em mãos. Sem muita precisão agora que estava ferido e desnorteado por causa do ferimento em sua coxa, o policial tentava mirar na ladra que corria disparada em direção a porta contrária do vagão.

Luci precisava sair logo dali. Colocou a mão para abrir a porta e um tiro ricocheteou da maçaneta para seus dedos fazendo que seu sangue manchasse o que tocasse.

— Filho da mãe — xingou com raiva.

O policial a tinha ferido. Sorte que tinha sido sua mão esquerda, só prejudicaria quando estivesse portando duas pistolas.

Alcançando o exterior do vagão, Luci sentiu o policial rastejar e continuar a atirar em sua direção.

Ela pulou do trem e rolou por cima da grama alta. Com alguns arranhões e os dedos sangrando, a ladra tinha se safado. Só conseguiu ver quando o trem já estava quase fora de sua vista, o policial aparecendo do lado de fora da porta do vagão. Ele atirou, mas dessa vez não atingiu ela.

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Luci: O AssaltoOnde histórias criam vida. Descubra agora