Capítulo 4

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César Ótton

  Acabo de mandar a mensagem para Nina. Vejo que ela visualiza a mensagem e entra em um carro preto. Damos partida no meu carro e ficamos atrás de um carro que estava em seguida do delas.

  Matheus, meu ex colega de classe era quem estava dirigindo. Ele dirige que nem um louco, até parece o Ítalo.

***

2017, Butantã

César Ótton

- Isso tudo é medo, César? - Ítalo gritava enquanto dirigia a 230km em uma estrada vazia

- Ítalo, pelo amor de Deus - ele queria nos matar, não é possível - Vai mais devagar.

- Hahaha - ele gargalhava - Liberte esse espírito aventureiro que te abita - Ítalo me dava soquinhos no ombro enquanto dirigia

- Presta atenção na estrada - eu dizia aos risos e ao som alto de Without You 

***

Nina Aguiar

  Luiza falou que eu teria que viajar hoje. Eu não sei o que fazer com minha irmã, ela não poderá ir hoje, Luiza só me deu uma passagem. Que merda.

  E a ideia de a Maya ir junto está me deixando maluca. Entendo que ela queira minha segurança, mas ela não em nada a ver com isso. 

Não posso deixá-la ir. 

Não posso deixá-la fazer isso.

- Ei, - escuto Maya me chamar me tirando de meus pensamentos - o carro vermelho foi pra outra direção - viro para trás e vejo um carro prata - falei que era coisa da sua cabeça

- Do que vocês estão falando? - diz Luna tirando sua atenção da janela e olhando para Maya.

- Nada importante - eu falo e ligo o celular para ver as horas. São 16:33, o dia está demorando demais - Como vai para o Canadá? - pergunto a Maya

- Eu tenho um dinheiro guardado, qualquer coisa pego dos meus pais.

- Vai roubar eles? - perguntei assustada, pois Maya nunca teve uma atitude dessa.

- Eu dou meu jeito. Quanto é a passagem? - ela fala com um sorriso no rosto.

Fomos conversando até a casa dela sobre o quanto isso era ridículo, mas até parece que ela me deu ouvidos.

- Você distrai minha mãe enquanto eu arrumo as coisas - ela fala enquanto estamos no elevador

- Certo, mas... - sou interrompida com a porta barulhenta do elevador se abrindo e entrando uma mulher alta, de cabelos grisalhos, pele bem cuidada e roupas belíssimas. Ela parece importante.

- Senhora Barker - Maya cumprimenta a mulher com um aceno de cabeça e um sorriso de canto.

- Senhorita  Rodeste - acena com a cabeça olhando Maya e logo desviando o olhar.

  Fica um silêncio tão perturbador dentro desse elevador que pude jurar que eu ouvi a barriga de Luna roncar.

  Após a Senhora Chiqueza sair do elevador no térreo, fazendo com que voltássemos até o início, conseguimos chegar aonde a Maya tanto queria chegar. 

A casa dela.

- Oi, filha. - Somos recebidas pela mãe de Maya, Andressa que estava limpando a casa - Garotas - ela diz empolgada - a quanto tempo não as vejo, que saudade - ela vem em minha direção e a de Luna nos dando um abraço apertado - Aceitam algo para beber?

E assim, eu e Luna somos puxadas para a cozinha, restando Maya na sala.

***

Mayara Rodeste

Maravilha!

Era exatamente isso que eu precisava.

Corro em direção ao meu quarto. Corro em direção ao quarto dos meus pais. Volto ao meu quarto.

Não sei quantos dias vou passar por lá, mas é bom se prevenir.

Peguei roupas. Muitas roupas. Peguei dinheiro. Muito dinheiro. E o mais importante, meu passaporte.

Espero não passar frio.

Vou arrastando uma mala pequena lentamente para fora do quarto tentando fazer o mínimo de barulho possível. Meu celular está vibrando no bolso de trás da minha calça. Que droga. Justo agora?

- O que foi, Olívia? - vou seguindo até a sala segurando o celular na orelha com uma mão e puxando a mala com a outra

- O que foi? - pergunta rabugenta - Estou tentando falar com você e Maya a séculos

- Não exagera - digo colocando minha mala do lado de fora de casa e me sento no sofá - foi só umas horinhas.

- Tá, tudo bem. - Ela parecia cansada - Onde estão? Queria sair um pouco.

- Não vai dar, foi mal - não me sinto bem com isso 

- É sério? Vão me dispensar de novo?

- Não estamos te dispensando, apenas estamos ocupadas - escuto gargalhadas da cozinha - outro dia, tá?

- Que seja - Olivia encerra a ligação

  Me levanto do sofá e coloco meu celular na parte de trás da minha calça. Caminho em direção a cozinha. Observo uma Luna comendo bolachas de água e sal na mesa. Minha mãe e Nina pareciam que estavam em uma conversa bem entretida.

- Nina, - chamo a atenção das três - podemos ir.

  Ela se levanta da cadeira e agradece minha mãe por ficar com a Luna.

- Estarei aqui sempre que precisar - minha mãe despede um leve beijo na testa de Nina

  Fomos para a sala e paramos na porta.

- Mãe, - minha mãe me encara - volto logo. Amo você!

- Também a amo - minha mãe diz e se vai para o quarto

- Maninha, - Luna dizia com o rosto entristecido - me leve junto

Nina se ajoelha no chão para ficar na altura de sua irmã.

- Não posso, Flor, não agora - Nina a abraçou, a abraçou tão forte que achei que fosse a mesma sufocar

- Quando, então? - Luna perguntou deixando escapar uma lágrima

- Não sei, mas eu vou voltar, estará segura aqui. - Nina se levanta - Precisamos ir.

Luna abraça as pernas da irmã

- Eu te amo - Luna a encarava

- Eu amo mais.

- Mentira! - Luna diz se levantando do chão - Eu amo mais.

- Eu te amo do tamanho do universo

- E eu te amo no tamanho de três universos

- Tudo bem - digo olhando-a pela fresta da porta - Eu também amo você - fecho a porta que se tranca automaticamente.

  Seguimos em direção ao elevador.

I have the PowerOnde histórias criam vida. Descubra agora