César Ótton
Vejo que o carro vermelho mudou a direção e agora o carro preto em que elas estão, estava á nossa frente. Matheus continua o percurso e para atrás delas no farol. Quando o farol muda do vermelho escuro para o verde intenso, ele passa a marcha do carro e começa a andar, mas para bruscamente quando aparece um vendedor a nossa frente. O vendedor deu um pulo e correu para a calçada nos xingando. Xingo de volta e Matheus acelera o carro.
Volto minha atenção para a frente e procuro o carro preto. Vejo muitos carros pretos na minha frente, mas nenhum parece o que elas estavam. Olho para Matheus e pergunto mesmo ja sabendo a resposta.
- Cadê o carro? - pergunto nervoso
- Perdi - Matheus fala receoso - Posso ligar pro Juninho, ele disse que ia ficar por perto. - ele diz cabisbaixo
- Faça isso. - Ordeno e ele pega o celular.
O celular é conectado no bluetooth do carro e podemos ouvir o número sendo chamado. Apenas.
Fica chamando por uns 20 segundos, depois para de tocar e na tela do carro aparece Chamada não atendida
- Vendedor filho da puta. - digo e dou um soco no porta-luvas
***
Mayara Rodeste
Estávamos quase chegando a casa de Nina. Ela disse que precisava pegar alguns documentos que a via esquecido.
Por mais que não esteja com muita vontade de ir pra lá, já que invadiram e tentaram matar minha amiga, eu amava aquele lugar, tinha ótimas memórias por lá.
Saímos do carro e fomos para a rua em direção a casa de Nina. Chegamos na casa e entramos pela porta arrombada. Meu Deus, aquela casa estava aos chãos. Havia marcas de tiros na parede, vasos e copos despedaçados.
Nina foi em direção ao quarto para pegar algumas coisas, fui para a sala esperar por ela. Adentro a sala e minha primeira reação foi ficar estática. Não conseguia me mexer, tudo parecia girar e de repente me deu uma vontade enorme de colocar tudo pra fora. Mas depois disso eu berrei.
- QUE PORRA É ESSA? - berrei. Não podia ser isso. Podia?
- Que é? - ela chega à sala com velocidade, como se estivesse preocupada e para brutalmente assim que percebe o motivo do meu grito. Sinto a mesma atrás de mim suspirando em um tom de decepção - Não conseguir limpar.
Ela se referia ao sofá acinzentado com manchas vermelhas de sangue e as paredes brancas desbotadas com pingos avermelhados
- Ele matou o cara aqui - Encaro-a horrorizada. Eu realmente preciso colocar tudo pra fora.
***
- Vamos - Nina me tira dos meu pensamentos aterrorizantes sobre Ítalo - Tá com medinho, é?
- Tô pensando no assassino do seu irmão. - percebo que ela ficou chateada com o comentário - Foi mal. Vamos logo - Saímos da casa sem olhar para trás.
Chegamos no ponto de ônibus. Ela olha para mim e me dá um abraço, eu retribuo o abraço. Sinto algo molhar minha blusa, ela me aperta mais e eu faço carinho cuidadosamente nos seus cabelos, ela desfaz o abraço e limpa as lágrimas que escorreu.
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I have the Power
Teen FictionNina e Maya são duas garotas brasileiras que viviam em um bairro periférico no Brasil. A vida delas muda drasticamente quando o irmão de Nina, Ítalo, se envolve em uma trágica confusão com a gangue que fazia parte. Com a situação se tornando insuste...