Notas ruins

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Resumindo, minha irmã precisava de novas amizades, por mais que os antigos amigos dela fossem mais ricos e menos idiotas socialmente, Bárbara e Milo tinham algo que atraiu ela, talvez a inocência eminente deles ou então a vontade de dar uma de professora para aqueles que nem sabiam o que era um shopping mas começaram a viver na grande São Paulo.

As outras pessoas da sala dela não estavam com muita vontade de incluir a Bárbara, porem Amelie não se desgrudou dela depois que descobriu o "talento" absurdo que a garota tinha para descobrir fofocas, e junto dessa amizade no mínimo curiosa, tinha o Milo, que assim como Bárbara era inteligente o suficiente para sair de uma ilha minúscula e vir parar em uma das melhores escolas do país, da qual eu nem deveria fazer parte.

Eu era arrastado pra sair junto deles, mas a gente não conversava muito, não porque eu não gostava deles, eles eram inclusive mil vezes melhores do que os antigos amigos de Amelie, mas sobre o que eu conversaria com eles?

Acontece que como o Milo ficou no segundo ano comigo, eu sempre pude ver seus 10 e 9,5, que para mim eram impossíveis, era o final do ano e se eu ficasse de recuperação em mais uma matéria a minha mãe pararia de subornar os professores e exigiria que eu me esforçasse por uma coisa na minha vida, o que eu acho que foi um exagero, mas sem passar direto em filosofia, sem celular, teve ou computador, o que era basicamente suicídio para mim.

Então eu decidi tentar ao menos nessa prova, era só filosofia, eu conseguiria tirar uma nota boa, foi o que eu pensei antes de só me lembrar da prova as três da manhã do dia anterior. E assim que eu encostei no livro parece que toda a insônia que um dia tive sumiu me fazendo dormir em cima dos livros. E pra melhorar tudo eu acordei encima da hora, tinha como ficar pior?

Ao menos eu tinha uma esperança, colar, obviamente, e graças a Deus eu sentava logo ao lado de Milo, um lugar perfeito pra ver as respostas dele, mas aquela três tava tão difícil de enxergar. Eu chamei a atenção dele, que não queria descumprir uma regra da escola, mas implorando um pouco ele cedeu, até o pior acontecer.

O professor percebeu que estávamos colando, e agora estamos aqui, eu chocado e Milo triste

- Desculpa Olivier, eu não sou muito experiente nisso... - ele quebrou o silêncio.

- Imagina! A culpa não foi sua, eu que deveria ter pensado melhor nisso! - Agora quase chegando na diretoria eu penso que talvez a gente não precise ir lá, quer dizer, as próximas aulas são slides de uma professora que não faz chamada, ninguém vai sentir a nossa falta, e eu sempre tinha um pequeno lugar para ir. - Vem comigo! - pego Milo pelo braço indo para uma sala

- Olivier para onde a gente tá indo?? - o Castello não queria acreditar que a gente não iria cabular aula ou não seguir a ordem de um professor.

- A gente não precisa ir para a aula.

- Como assim?? A gente tem a obrigação de ir para a aula! - Agora eu me questionava o que mais ele acreditava que não poderíamos fazer, talvez beber, fazer coisas sem a aprovação dos pais.

- Milo, a gente acabou de descomprimir a regra principal da escola - O que não era verdade mas dar ênfase iria ajudar. - E essa outra é a menos provável de descobrirem, vem vamos!

Antes que ele pudesse pensar arrastei ele até a pequena sala onde me escondia nas aulas mais entediantes, me sentando lá e esperando que Milo se sentasse também, o que ele fez.

- Que lugar é esse?

- Não sei, só sei que ninguém vem aqui. Toma - Entreguei uma barra de chocolate que guardava em minha mochila

No começo foi meio estranho, mas depois de um tempo nos soltamos, o Milo era bem mais divertido do que parecia na verdade. E além de tudo, só ali que eu percebi que ele era estranhamente... Bonito...

Agora rindo em um semi jogo de perguntas.

- Tá, e qual foi o desafio mais idiota que já te fizeram?? - Ele me perguntou ainda rindo da última pergunta

-... Roubar o batom mais caro da minha mãe... - talvez isso já fosse o suficiente por ele ser cravejado de diamantes e custava alguns milhares de reais - e riscar um quadro do meu pai com ele... - foram alguns minutos do mais puro silêncio se encarando com Milo em choque, até ele soltar uma gargalhada alta.

- E o que eles fizeram com você depois?

- Nada, eu falei que foi um dos amigos da Amelie que eu não gostava, nunca mais ele foi na minha casa. - após mais um momento de risos era a minha vez de fazer a pergunta - tá ehh... - pensei um pouco, mas era difícil com ele me olhando e esperando que eu falasse algo, ele era tão lindo e eu não conseguia parar de olhar para sua boca, tentei desviar o olhar várias e várias vezes, mas era difícil como se estivesse me hipnotizando. - Você já beijou alguém?

Agi sem pensar e quando me deu conta do que havia falado virei o meu rosto para ficar encarando os meus pés. Eu tava tão envergonhado essa pergunta era ridícula pra se fazer naquele momento.

- Bem, é realmente difícil achar alguém na ilha, mas um dia, quando a gente era bem criancinha, a Bárbara me beijou...

Ah

Então ele e Bárbara eram um casal afinal. Pelo menos isso aniquilou tudo antes que eu começasse a gostar dele.

- E quando você começaram a namorar? - ainda sem olhar para ele eu precisava fazer o amigo que ficava feliz pelo outro.

- Eu e a Bárbara? Meu Deus não! - uma picada de esperança se acendeu em mim - Ela achava que eu era o meu irmão gêmeo!

- Você não disse que tinha um irmão!

- Eu não disse, ah, o Miguel ficou na ilha com o meu pai, ele era meu melhor amigo! - ele sorriu olhando para a marca na mão dele.

Talvez alguma chance eu tivesse, talvez eu pudesse ao menos me iludir se o ver com outra pessoa.

- Bem, - quebrei o silêncio - Mas que bom que foi só essa vez, beijar é estranho!

- Não pode ser tão ruim assim! Todo mundo faz!

- Mas não é legal! Eu só fiz uma vez mas foi tão estranho que eu me traumati-

Ele me beijou.

Ele só me deu um selinho rápido e voltou pra sua posição rapidamente.

- Eu não achei estranho... - Ele olhou para baixo envergonhado.

- Mas você nem me beijou de verdade - Eu ainda tava confuso com o que tinha acontecido, mas estranhamente eu queria mais. Eu precisava de mais. Aquele segundo onde nossos lábios se tocaram não foi o suficiente. O beijei de novo, segurei sua cintura e continuei naquele selinho longo até não puder mais - Viu, é estranho. -  Não era estranho, era perfeito, era curiosamente bom até demais, um oposto completo do que o meu primeiro beijo tinha sido. O beijei mais, mais e mais ele me abraçava forte e seguia me beijando.

Aquela conversa e os beijos devem ter se estendido até o final da aula, porque quando eu lembrei da existência do meu celular tinha algumas chamadas perdidas da minha irmã. Mas pouco me importava, porque agora eu podia gritar ao mundo inteiro:

Eu beijei Milo Castello

milovier - one shots Onde histórias criam vida. Descubra agora