Eu me enganei de novo.
Outro cara hetero.
Outra desilusão que vai me causar horas e mais horas de Conan Gray no meu fone de ouvido.
Mas era óbvio né, um garoto que nem conhecia 20 pessoas direito iria entender algo sobre sexualidade.
E eu realmente achei que agora que ele saiu daquela ilha onde ele mal tinha opções ele iria se apaixonar por mim? Agora eu sou só mais um aquileano idiota em uma baladinha cheia em São Paulo.
Mas ainda sabendo de como a realidade era distante eu continuava pensando nele e que ele iria gostar de mim, e o pior é que eu continuava triste com o drink caro que eu comprei pra ele em um canto dessa merda de balada.
Pelo menos a minha irmã tava curtindo, a Amelie tava completamente embriagada e pegando geral, a Barbara até que acompanhava ela, ela já deve ter ficado com umas duas ou três pessoas, e pra primeira balada dela acho que ela tá indo bem. E o Milo, bem, eu acho que nunca vi tanta gente dar em cima de alguém assim, nos 5 minutos que eu tava com ele já deveriam ter vindo umas 5 pessoas atrás dele, ele recusava, eu fui pegar as bebidas, quando voltei tinha uma garota dando em cima dele, mas ela era diferente, ele parecia retribuir as cantadas e as indiretas, ao menos foi o que eu vi de longe, mas foi o suficiente pra eu não ter mais vontade de voltar lá.
E tudo isso resultou em mim indo pra fora dá festa, respirar, o que se tornava difícil com todo o cheiro de cigarro eletrônico, mas eu precisava pensar sobre como simplesmente ver outras pessoas flertando com ele me ardia o peito. E isso era só uma baboseira idiota que eu inventei, um cenário impossível que eu criei antes de dormir.
- Oli? Cade você? Aí meu Deus, Olivier Florence se você tiver sido sequestrado eu vou acabar com a tua-
- Eu tô aqui, - eu disse pra minha irmã - eu não fui sequestrado, melhor se tivesse sido.
- O que aconteceu? - ela sentou quase caindo do meu lado.
- Eu só vou te falar porque sei que você não vai lembrar amanhã. - falei de brincadeira e Amelie me mostrou uma careta - Parece que tá todo mundo dando em cima do Milo, e eu fico mal porque-
- Porque você gosta dele. - ela me cortou no que parecia um momento de sanidade por mais que bêbada, me chocou com o que disse. - Olha, não se impressiona, tá? Nem precisa ser um super espião pra perceber que você gosta dele, o romance óbvio porém bonitinho de vocês é só mais um assunto entre as minhas fofocas com a Barbara.
Eu estava sem palavras honestamente, eu estava sendo a última coisa que eu achei que fosse, óbvio. Achava que ninguém me percebia olhando pra ele, mas aparentemente eu deixava tudo claro como a luz do dia.
- E... Ele sabe? - eu me tremi todo fazendo essa pergunta, abaixei a minha cabeça, cerrei os meus olhos e apertei meus punhos quase como se me preparasse para uma explosão.
- Eu sei lá. - foi quase como se a bomba enorme que eu esperava fosse só uma bombinha de festa junina. - Aí e com você descobrir, vou lá chamar ele.
Amelie foi e voltou como um foguete e apareceu com Milo do seu lado, eu nem tive coragem o suficiente pra olhar nos olhos dele, apenas me cobri com meu capuz tentando não escutar o que ela falava, olhado para o lado oposto aonde eles estavam e me concentrar em uma mancha no chão, até que ele foi para o meu lado com um semblante preocupado
- Oli? Você tá bem? - ignorei ele e olhei para o outro lado, se eu olhasse pra ele eu ia me perder mais ainda - Olivier, é sério, a Amelie não me explicou nada e eu tô preocupado agora! Você tá passando mal ou algo assim?
- Milo, - me virei para o ondulado, eu nem ao menos podia olhar para ele que um tipo de efeito colateral me afetava e eu começava a viajar nos olhos castanhos dele - eu não quero conversar agora! Vai embora por favor.
- Não até você me contar o que tá acontecendo! - olhei para baixo de novo como se fosse resolver alguma coisa, eu só iria ficar em silêncio até ele ir embora, depois falaria que eu tava estranho por causa da bebida e se desse certo eu seria perdoado e nada mudaria - Olivier, eu tô aqui pra você, a gente é amigo!
- Tá vendo Milo, essa é a porra problema! - comecei a falar rude com ele não sabia de onde tinha tirado coragem do meu corpo pra dizer isso, provavelmente do álcool. - Eu não quero ser seu amigo!
- Porque? O que eu te fiz?? E- eu sinto muito de verdade!
- O que você fez? Sério isso? - me irritei e nem sei o porquê - você fica aí sendo ridiculamente gentil e tentando me agradar, você fica com o seu sorriso estranhamente perfeito e seu cabelo que deveria ser sujo por não ter shampoo bom em Tipora mas parece extremamente macio, e o pior: você gruda na minha cabeça mas fica flertando com todo mundo em uma balada qualquer!
Milo me olhava como se estivesse juntando os pedaços, mas agora a bomba que eu tava esperando explodiu na minha cara e não tinha o que fazer, me levantei para ir embora
- Eu não tava flertando com ninguém! - ele puxou o meu braço para não me levantar - Eu na verdade nem sei direto fazer isso. Eu fiquei lá a noite toda esperando você voltar!
- Você... Não ficou com aquela garota?
- Claro que não! Eu tava querendo ficar com outra pessoa... - O moreno me surpreendeu colocando a mão na minha coxa , enquanto sua outra mão foi até a minha nuca.
- E esse alguém seria eu...? - eu até teria continuado inseguro com isso, mas ele me puxou pela nuca me dando um beijo curto, sem língua e com compaixão. - Nossa! Milo eu-
- Eu não quero conversar agora!
O Castello me puxou de novo para beijar ele, mas agora com mais com intensidade e desejo, ele pediu espaço para passar a língua e eu permiti, ele segurou a minha cintura e me puxou para que eu fosse ao colo dele, acabei derrubando as bebidas mas afinal, quem liga? O ondulado passava a mão pelo meu corpo e quando percebeu que eu não tinha mais ar começou a beijar meu pescoço, me fazendo arfar de leve. Quando ele finalmente cansou me deu um selinho e reposicionou as mãos em minha cintura para não sair do colo dele, encostou as nossas testas e ficamos tentando recuperar o fôlego.
- E você gosta de mim então? - perguntei em meio a respirações ofegantes, quase como uma piada
- E tem como não gostar, Olivier?