5 - Lacunas

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O tempo estava acabando

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O tempo estava acabando.

Era tudo ou nada.

Tic-tac.

E ele precisava ser rápido.

Ele tinha que...

— Proteger! — Mathias arfou, erguendo o tronco subitamente, o corpo atravessado por uma onda dolorida.

— Cuidado! — Uma voz feminina o advertiu, e ele foi envolvido por um cheiro floral de perfume. — Não se levante assim, ou vai se machucar ainda mais.

Atônito, Mathias olhou para o lado, descobrindo que ainda estava dentro do quarto hospitalar.

Ofegando por causa da dor, deixou que Leila o ajudasse a se sentar sobre o colchão, as pernas esticadas, as costas apoiadas no travesseiro.

— Há quanto tempo... Estou dormindo?

— Dois dias, desde que você acordou pela primeira vez aqui.

— Dois dias?

— Tivemos que te sedar — Leila explicou. — Você estava fora de controle e, mesmo machucado, foi preciso seis pessoas para te conter.

Mathias correu os dedos pelos cabelos.

Pequenos borrões manchavam sua mente; um relógio de bolso, os olhos de Leila, um desespero súbito que o arrancou da cama e o fez ir até ela, como se nada mais importasse além daquilo.

O coração batia rápido no peito.

Nada fazia sentido.

Ele conseguia se lembrar de tudo o que acontecera desde o momento em que abrira os olhos e acordara naquele hospital.

Mas não conseguia se recordar de nada antes daquilo.

Inspirando fundo, deixou os ombros caírem e fitou Leila.

— Acho que te devo um pedido de desculpas.

— Sua reação é normal para o seu quadro. — Ela se voltou para ele. O jaleco branco se moldava às curvas de seu corpo. — Mas, ainda assim, eu agradeceria se você não me assustasse outra vez. Não quero te amarrar na cama e te encher de sedativos para que não me ataque enquanto te examino.

Mathias contraiu o lábio inferior, sentindo as palavras se enrolarem na ponta de sua língua, formando um borrão estranho de justificativas, uma teia que queria encontrar o fio certo para alegar que ele jamais quisera atacá-la, e sim protegê-la.

Mas...

Protegê-la do quê?

Apesar do vazio nas memórias, tinha certeza de que não conhecia a doutora Leila Fernandes.

Se eles se conhecessem, ela o teria reconhecido.

Sim, ela saberia quem ele era.

— Nada da sua memória voltou? — Leila perguntou.

Provação Suprema | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora