Capítulo 2

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-Você ficou maluca?. -Pergunta Hopper não acreditando no que acabara de ouvir. -Esse é seu plano?

-Sim, esse é meu plano. -Confirma Joyce não gostando do tom dele. -Vamos de carro.

-São trinta e duas horas até Indiana, isso se não acontecer nenhum imprevisto e.. você disse que está vindo uma tempestade de neve. -Ele a lembra.

-Todos os voos estão sendo cancelados, então nós vamos de carro, é a única forma! -Ela reforça. -Já enfrentamos um demogorgon, democães e até o devorador de mentes, o que é uma tempestadezinha de neve?. -Ela tenta soar amena.

-Só pode ter perdido o juízo, eu não não vou viajar de carro até Hawkins. -Hopper diz com decisão na voz.

-Prefere passar o natal longe das crianças? Porque eu não vou passar. -Ela cruza os braços e nega com a cabeça.

-Temos que pensar em outro jeito. -Diz ele tentando encontrar uma solução mais... fácil.

-Você tem alguma outra sugestão?. -Pergunta ela curiosa.

-Não. -Ele responde depois de um tempo vergonhoso em silêncio.

-Então dirija. -Ela pede mas soa mais como uma ordem.

Ele analisa a situação, tenta pensar em outro cenário mas era difícil com Joyce o encarando daquela forma.

-Ta legal, mas se acontecer qualquer coisa com a gente, saiba que a culpa é sua. -Ele liga o carro.

-Vai dar tudo certo e no final disso você ainda vai me agradecer. -Ela garante cheia de confiança.

As primeiras duas horas de percurso é  passada em quase um completo silêncio. Hopper continua de cara amarrada enquanto Joyce sequer olhava para ele. A tensão pairava no ar na mesma medida que paira em qualquer situação deles juntos, a verdade era que quase sempre aconteciam esses desencontros de opiniões. Os dois são mandões na mesma medida, os dois compartilham da mesma vontade de liderança então é de se entender o motivo de tanta briga. Bom, isso e também a atração inegável que sentem um pelo outro mas tentam esconder.

Hopper estaciona em um posto de combustíveis com uma pequena loja de conveniência e desce para abastecer o carro. Joyce também desce do veículo mas para esticar as pernas, então percebe os primeiros flocos de neve caírem e pousar no seu casaco, enquanto isso, Hopper passa seu cartão de crédito na bomba de abastecimento e insere as informações antes de abastecer o carro.

Ele observa Joyce enquanto isso. Os cabelos soltos enquanto ela estica uma das mãos para aparar um floco de neve. Ele desvia o olhar assim que o olhar dela cruza com o seu.

-Não precisa ficar nesse silêncio, assim as horas vão demorar muito mais. -Alertou Joyce.

-Claro, porque se ficarmos de papo, as trinta e duas horas vão passar voando. -Ele responde irônico.

-O seu bom humor é contagiante. -Ela reclama com ironia.

-Eu me esforço. -Ele termina de abastecer o carro e devolve a bomba de gasolina. -Vamos logo, não precisamos prolongar ainda mais a viagem. -Ele diz abrindo a porta do motorista.

-Não vamos comprar nada na lojinha?. -Ela aponta para a loja de conveniência. -Um mapa? Comida? E se sentirmos fome?. -Ela faz perguntas.

-Paramos no próximo posto. Entra no carro. -Ele pede antes de entrar.

-Ta legal. -Ela estende as mãos em sinal de rendição e entra no carro esfregando uma palma da mão na outra.

-Quer que eu ligue o aquecedor?. -Ele pergunta.

-Por favor.

Ele então atende ao pedido dela. Mais algumas horas de percurso se passam. A neve caía com mais velocidade agora e o aquecedor do carro já não fazia tanto efeito, ainda assim, eles seguiam firme na viagem. Joyce tinha reclamado de fome havia vinte minutos e Hopper ficava cada vez mais irritado porque ao contrário do que ele imaginou, não havia posto de combustível algum naquela estrada longa que tinha uma floresta vasta tanto de um lado quanto do outro. Era melhor ter pegado tudo o que precisariam naquele posto em que passaram ha algumas horas.

-Eu disse pra gente ir na lojinha. -Joyce reclama baixo mas não impede que Hopper escute.

-Eu sei bem o que você disse, não precisa me lembrar, Joyce!. -Ele rebate.

-Eu só falei. -Ela da de ombros.

-Tudo bem, eu vou voltar!. -Ele diz e freia o carro bruscamente.

-Está maluco! E se o próximo posto de combustível estiver mais próximo? -Ela pergunta.

-Sabemos qual é a distância daqui até o posto em que passamos. -Ele diz.

-É, são três horas! -Ela respondeu. -Três horas que vamos perder.

-Sim, mas não sabemos onde tem o próximo, nós nem sabemos quando vamos cruzar com qualquer sinal de vida humana. Isso aqui tá deserto, olha em volta.

-Eu prefiro dar um tiro no escuro. -Ela diz.

-Só pode ser brincadeira. -Hopper nega com a cabeça e passa a mão na cabeça raspada.

-Vamos em frente!. -Pede ela.

Ele bem que tenta, faz cara feia e tudo, mas nem mesmo o maior dos homens assustava essa mulher, Joyce tinha esse poder e especificamente sobre ele ainda mais.

Ele prefere não dizer uma só palavra, queria entender como ela tinha o poder de fazer ele dar o braço a torcer tão facilmente, com poucas palavras. Hopper não conseguia entender como ela conseguia realizar tão feito, de fazer ele, um dos homens mais teimosos seguir os desejos dela, mas ainda assim, ele seguia. Puto da vida, mas seguia.

E mais uma vez ele seguiu. Deu a partida no carro outra vez e seguiu em frente, agora mais emburrado que nunca. A pista estava começando a ficar um pouco mais escorregadia mas eles precisavam seguir em frente se quisessem chegar à tempo para o natal em Hawkins.

A neve caía cada vez com mais intensidade, Hopper estava pensando em mudar de idéia e até mesmo Joyce estava começando a se arrepender de ter dado a idéia desse plano, ela até estava concordando que o plano parecia maluco agora. Ela ia pedir para Hopper mudar o trajeto, para voltarem o caminho todo de volta mas as palavras não saíam. Assumir que estava errada era mais difícil do que ela imaginava, e ela geralmente não precisava assumir isso porque raramente estava errada.

-Hop...

Ela tentou, o nome dele chegou até a começar sair de sua boca mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, algo cruzou na frente do carro, foi tão rápido que elea só viram uma sombra, de repente, e fez com que Hopper perdesse o controle do veículo.

Os pneus do carro derraparam na estrada e o carro rodopiou na pista algumas vezes antes de se chocar contra uma árvore.

...

Um Conto de Natal  - Jopper (FINALIZADA) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora