Capítulo 8

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O avião tinha decolado tinha algumas horas e Joyce perguntava se já estava chegando a cada quinze minutos. O piloto já estava ficando louco e ao perceber, Joyce tentava se manter mais calma enquanto olhava pela janela, tentando se distrair com qualquer coisa para não continuar com a mesma pergunta.

Ela observava como as coisas que ela conseguia ver se tornavam tão pequenas vistas da altura em que o avião estava. Joyce nem percebeu quando Hopper voltou a se sentar ao seu lado depois de ter ido conversar um pouco com o piloto.

-Estamos chegando, dessa vez é verdade. -Ele dissera e ela sorriu fraco.

-Falta pouquíssimo para meia noite, talvez não dê tempo. -Ela dissera sem olhar para ele, se concentrando na vista da janela.

-Vamos acreditar que vai dar tempo e até lá, vamos nos distrair. -Ele sugere.

-Com o que vamos nos distrair?. -Quis saber ela.

-Tem um monte de coisas. -Ele insunou. -Por exemplo como vamos contar para as crianças o que está acontecendo entre a gente.

-Nem nós dois sabemos o que está acontecendo. -Ela fora sincera mas soou mais dura do que pretendia, então finalmente desviou o olhar da janela para encara-lo. -Me desculpe.

-Tudo bem. -Ele da de ombros.

-É sério, me desculpe! Olha, eu gosto bastante de você, Hopper, gosto mesmo da sua presença, sua companhia, mas é mais complicado que isso. Você mora aqui e eu moro longe.

-Sabíamos disso desde o início, por que isso agora é um problema?. -Quis saber ele confuso. -Seu filho namora Nancy Wheeler e é a mesma distância.

-É, só que não somos mais jovens, eu vejo o quanto ela faz falta para ele em alguns momentos e não quero isso para mim. -Ela responde e sinceramente não era o que ele gostaria de ouvir.

-Então você prefere não me ver em momento nenhum a me ver em alguns momentos?. -Ele perguntou incrédulo.

-Eu não quero alguns momentos. -Ela respondeu mas ele gostou menos ainda dessa resposta.

-Só pode ser brincadeira. -Ele revirou os olhos e soltou uma risada sem humor. -Tudo bem, então faça o que quiser. -Ele levantou as mãos em sinal de rendição, se levantou e trocou de assento. 

Joyce cruzou os braços, negou com a cabeça e se virou para a janela outra vez.

O restante da viagem fora um total silêncio, a viagem tomou um rumo final que nenhum dos dois gostaria e, por isso, se tornou ainda mais dura. As horas passavam se arrastando e o relógio parecia parar ao mesmo tempo que passava rápido demais com o receio de não chegarem a tempo.

Um tempo depois e o avião finalmente pousou em um espaço, tinha um carro   a posto esperando por eles e eles entraram assim que colocaram a bagagem no porta malas. Hopper é quem ficou de dirigir, faltava dez minutos para a meia noite, dez minutos para o Natal e o percurso até o centro da cidade onde estavam todos, levava vinte minutos. Agora era correr contra o tempo, se apressar muito e rezar para não acontecer mais nenhum imprevisto.

Hopper dirigia como um louco e sentiu falta da sua cirene de polícia pois se estivesse com ela agora, todos dariam preferência a ele para a passagem.

-Dirige mais de pressa, Hopper!. -Pediu Joyce impaciente, sua voz saíra alta e rude.

-Eu estou tentando!. -Ele gritou de volta.

O carro fazia curvas perigosas, ultrapassava sinais vermelho e cortava outros veículos. Hopper estava dirigindo como um louco mesmo, mas as circunstâncias pediam por isso.

Era incrível como a cidade era pequena e estava tão próximo da meia noite mas ainda assim, tinham muitos carros na rua.

Estavam quase chegando, e faltava menos de um minuto. De repente os carros pararam na rua e todos os ocupantes desceram para iniciar uma contagem regressiva ali mesmo, na rua.

-Dez.. nove...

-Só pode ser brincadeira. -Esbravejou Joyce.

-Anda, vem!. -Chamou ele e ela não esperou ser chamada de novo. Desceu do carro e dera a volta no mesmo.

Hopper segurou na mão dela e os dois corriam a pé até o campo onde aconteceria uma queima de fogos de artifício organizada pelo novo prefeito, todos ficaram de ir, então imaginando que estariam ali, os dois correram nessa direção.

-Seis....cinco  -Continuaram.

Os dois passaram por cima de um carro antes de serem xingados pelo dono. Tudo parecia andar em câmera lenta. As pessoas contando na rua, os dois correndo de mãos dadas...

Conseguiram finalmente entrar no campo e logo avistaram as crianças, estavam todos lá. Dustin, Max, Lucas, Will, Onze, Mike... até mesmo Steve, Robin, Jonathan e Nancy. Todos com língua de sogra na mão prontos para por na boca e assoprar quando a contagem chegar a zero. Faltavam poucos metros, agora era só correr os restantes.

-Quatro ... três .... dois...

Hopper e Joyce finalmente soltaram as mãos e correram contra os segundos finais para abracarem seus filhos. Assim que Onze vira o pai chegando, correu na direção dele, assim como Will e Jonathan fizeram com Joyce e, se fosse tudo combinado não daria tão certo. Quando a contagem chegou em "um" foi nesse mesmo instante que os abraços aconteceram e os fogos subiram, explodindo em várias cores na noite fria de Natal. Gritos de alegria, aplausos, todos os sons se misturavam ao barulho estridente dos fogos.

Quando finalmente deu para recuperar o tempo perdido naqueles abraços, Joyce e Hopper foram separadamente cumprimentar outras pessoas. Dez minutos depois e quando ela finalmente terminou, passou o olhar envolta do campo a procura de Hopper, ela não encontrou e quando seus olhos perceberam isso, foi como um soco no estômago, ela tivera as últimas horas tão grudada nele que tinha se esquecido o quanto detestava não tê-lo por perto.

-Vi ele perto das mesas. -Dissera Jonathan atrás dela e ela nem o viu se aproximar, então fora inevitável um pequeno susto.

-O que?. -Ela franziu a testa e se virou para ele.

-Quem está procurando. -Ele dissera. -Vi ele fumando encostado em uma árvore, perto das mesas.

-Como sabe quem eu estou procurando?. -Quis saber ela.

-Eu conheço você, mãe. Sei que gosta dele, eu não sei o que aconteceu na viagem nem o que está acontecendo agora, mas imagino que esteja procurando por ele. É Natal, é uma noite mágica então eu sugiro que aproveite com quem você goste, Will está com os amigos e eu com a Nancy. -Dissera Jonathan.

-Eu não gosto dele. -Ela tentou negar mas sua voz saíra mais nervosa do que ela pôde controlar.

-Ah, qual é? Vocês estão sempre juntos, um ajudando e protegendo o outro sempre que podem e até mesmo quando não podem e, você deveria ver como vocês chegarem correndo de mãos dadas. -Ele dissera e ela olhou para o chão envergonhada. -Você acha que não está pronta por causa do Bob, eu sei que foi difícil ver ele morrer porque ele era importante pra você, mas eu tenho que te contar um segredo. -Ele fizera suspense e ela voltou a olhar ele. -Nós todos vamos morrer um dia, a diferença é que umas vidas valem mais a pena que outras. Aproveite o tempo que ainda temos se divertindo com quem você gosta. -Ele dissera.

-As coisas são mais complicadas do que você pensa... -Ela tentou.

-Eu sei que vocês vão dar um jeito, sempre dão. Agora vai lá antes que ele beba todas as cervejas que ver pela frente. -Ele a puxou para um abraço.

-Obrigada, Jonathan.

-Por nada. -Ele dissera quando o abraço fora desfeito.

-Eu vou lá. -Ela dissera e ele ficou observando ela ir.

Hopper estava mesmo com uma cerveja nas mãos e um cigarro entre os lábios, a cara fechada observando de longe, sentado em um banco, a multidão em festa. Ele viu ela se aproximar e desviou o olhar assim que pode, ela sentiu de longe como ele ainda estava chateado.

-Posso me sentar?. -Ela perguntou quando chegou até ele.

....

Um Conto de Natal  - Jopper (FINALIZADA) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora