Capítulo 3

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Ficaram um minuto inteiro em silêncio. Só o limpador de parabrisa ligado enquanto eles tentavam digerir o que acabara de acontecer.

-Hopper, você está bem?. -A voz de Joyce soou calma, porém preocupada.

-Sim. E você?. -Ele perguntou preferindo não olhar para o lado e acabar dando de cara com ela ferida.

-Estou. -Ela dissera depois de um tempo tentando normalizar a respiração. -O que foi que aconteceu?

-Alguma coisa cruzou a pista. Eu nem vi o que era, mas parecia com muita pressa para quase se matar se jogando na frente do carro. -Ele dissera.

-Estamos ferrados, o carro está destruído, não está?. -Ela perguntou e temendo a resposta, preferiu ver com seus próprios olhos, então virando o corpo para trás ela pôde ver que a parte traseira do carro tinha se chocado com uma árvore.

-Ele não quer ligar de volta, eu vou ver o motor. Fique aqui dentro e tenta ligar o carro quando eu pedir. -Ele desceu do carro, mas ela foi logo atrás.

-Ah, não. Nem pensar. A última vez que tentamos isso, o carro quase explodiu comigo dentro, então não, obrigada. -Ela cruzou os braços se lembrando do que aconteceu com o carro dele enquanto estavam ele e ela fugindo daquele russo brutamontes juntos com Alexei.

-Isso não vai aconter de novo. -Garantiu Hopper.

-Não vai mesmo porque eu não vou estar la dentro quando o carro explodir. -Ela olhou em volta procurando por sinal de vida humana mas percebeu que eram os únicos corajosos -ou burros- o bastante para estarem viajando de carro, em pleno começo da tempestade.

Hopper revirou os olhos e abriu o capô do carro para olhar o motor, e assim, tentar achar uma solução do baita problema que enfrentavam.

Ele mexeu aqui e ali, mas não sabia onde exatamente estava o problema, então seria difícil saber onde exatamente mexer já que tudo aparentemente estava normal.

-Ah... Hop?. -Ela chamou com a voz baixa, quase inaudível.

-O que foi?. -Ele perguntou mexendo ainda no carro.

-Disse que o que cruzou a pista estava com muita pressa. Poderia estar fugindo de alguma coisa?.. -Ela perguntou.

-Sim.

-Ele poderia estar fugindo de um urso selvagem?. -Perguntou ela.

-Urso? Não tem nenhum urso por aqui. -Ele garantiu despreocupado.

-Então o que é aquela coisa de dois metros nos olhando do outro lado da pista?. -Perguntou ela e então Hopper resolveu olhar na mesma direção que ela ohava.

Um urso selvagem de pelagem marrom estava sobre duas patas e olhava fixamente para eles.

-Não faça movimentos bruscos. -Pediu Hopper para Joyce ouvir e ela nem se atreveu a fazer qualquer movimento, mínimo que fosse.

Hopper abaixou o capô do carro em movimentos lentos e sem fazer muito alarde, e enquanto isso, não deixava de fazer contato visual com o animal que estava a poucos metros dele.

Joyce estava apavorada, tremendo dos pés a cabeça. Poderiam enfrentar quantos "monstros" fossem e ela nunca estaria acostumada.

-Vem andando pra longe dele, devagar. -Pediu Joyce.

Hopper analisou a situação e fez o que ela pediu, mas deveria ter feito com mais cuidado, pois ainda nos primeiros passos, tropeçou em uma pedra e caiu. O urso urrou e o barulho fora tão alto quanto assustador.

-Corre!. -Joyce gritou para Hopper antes de entrar floresta adentro.

Hopper nem sequer olhou para trás, levantou de pressa e correu na mesma direção que Joyce.

Os dois corriam como se suas vidas dependessem disso e de fato, dependiam. Nenhum dos dois gostariam de sentir a sensação de ter um urso de dois metros rasgando a sua pele com unhas enormes então o que eles podiam fazer era correr.

Haviam muitas árvores, haviam pedras, arbustos pequenos cobertos de neve e tudo isso eram empecilhos que dificultavam ainda mais o percurso.

Oa dois estavam cansando, mas ouviam o urso correr atrás deles então não podiam desistir.

As pernas foram fraquejando e Joyce por um breve momento virou para tras para ver o quanto o urso estava perto, nesse momento, Hopper encontrou uma árvore grande e se escondeu atrás dela, ele puxou Joyce para se esconder junto a ele quando ela passou por ele. Ele fez sinal de silêncio e ela acenou com a cabeça fechando os olhos, como se assim, fosse ficar invisível.

O urso estava por perto, eles podiam sentir, não sabiam o quanto, mas eles sabiam que estava por perto.

Eles ficaram dez minutos inteiros naquela mesma posição, esperando, aguardando enquanto o tal urso pareceu ir embora já que os perdeu de vista. E foram um dos dez minutos mais longos e aterrorizantes da vida deles, poderia ser o mais aterrorizante para pessoas normais, mas para estas duas pessoas que enfrentaram tantas coisas, estava no máximo no top oito.

-Filho da puta. -Hopper xingou antes de suspirar aliviado ao olhar para trás da árvore e não ver nem sinal do urso.

Joyce por outro lado começou a rir, descontroladamente. 

-Você está rindo?. -Hopper a olhou surpreso e um tanto confuso.

-Acabamos de fugir de um urso. -Ela fala entre risos. -O universo deve ter algo contra a gente, não é possível que se manter vivo é mais difícil para a gente do que para qualquer outra pessoa. -Ela gargalhava.

-É, só esse ano nós quase morremos um montão de vezes. -Ele também começou a rir.

-Eu só queria passar o natal com os meninos em Hawkins e até agora o carro bateu, estamos em meio a uma tempestade de neve e estamos no meio do nada. -Ela fora parando de rir conforme ia dizendo. -Nos vamos acabar morrendo aqui porque já aconteceu tanta coisa ainda nas primeiras horas de viagem.

-Nós não vamos morrer aqui, eu não escapei de tanta coisa em Hawkins para morrer por uma coisa besta em outro lugar. -Ele dissera.

-Vamos morrer congelados e com fome no meio dessa floresta. Vão achar nossos corpos um ao lado do outro daqui um mês. -Ela dissera.

-Ei, nós não vamos morrer aqui, eu prometo isso a você. -Ele se virou para olha-la nos olhos.

-Promete?. -Ela perguntou olhando nos dele.

-Eu prometo. -Ele sorrira e ela compartilhou do mesmo sorriso.

Depois ela abaixou o olhar e ele fez o mesmo só então notaram que estavam de mãos dadas, imaginaram que tinham dado as mãos quando se esconderam atrás da árvore, assim como sempre faziam quando estavam em perigo. Era uma coisa única deles que nem ao menos eles podiam explicar, só acontecia.

-Vem, vamos procurar algum lugar para a gente se abrigar por enquanto. -Ele a puxou pela mão e continuaram seguindo com as mãos unidas.

...

Um Conto de Natal  - Jopper (FINALIZADA) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora