Apesar de hoje eu ter uma ótima relação com meu pai, nem sempre foi assim, até os meu 8 anos, eu nem sabia da existência dele, minha mãe nunca tinha falado sobre ele para mim, e eu nem me tocava da ausência.
A verdade é que minha mãe sempre tentou suprir minha necessidades para que não me sinta sozinha, ela sempre trabalhou minha muito, é formada em medicina, em meu primeiro anos de vida morei com meus avós, para que ela pudesse se forma, então eu tinha uma presença masculina, aos meu olhos minha família não era diferente das outras.
Mas quando fui morar só com ela as coisas começaram a mudar, eu não tinha mas meus avós a minha disposição o tempo todo, passava meu tempo na escola ou em casa com alguma cuidadora comigo.
Eu não sabia na época, mas meus avós estavam doentes, uma doença de lobos, já que doenças humanas não afetam lobos, comecei a me sentir muito sozinha, mesmo com minha mãe dando toda a atenção dela para mim quando estava em casa.
Então um dia, quando eu estava na minha dos Bragas, que era bastante comum, eu comecei a perceber umas coisa que havia antes, toda a dinâmica da casa era diferente da minha, e frases como " Pede seu pai" ou " Seu pai já disse que não" começaram a chamar minha atenção.
Eu não tinha um pai para pedir algo, minha mãe sempre me deixou fazer tudo, quem coloca limites em mim eram meus avós, mas nenhum dos dois era meu pai.
Fiquei pensando nisso por semanas, até finalmente reuni coragem e falar com mamãe, lembro até hoje, ela estava preparando pão na chapa para mim, cantarolava e dançava a música que tocava no rádio que fazia muito sucesso na época, estava de costa para mim quando cheguei na cozinha.
- Bom dia - Ela se virou para mim com um sorriso no rosto.
- Bom dia filha - Cantarolou no ritmo da música, que soou estranho e voltou sua atenção ao fogão, rir depois de ouvir.
- Posso te fazer uma pergunta? - Perguntei me sentando na mesa, ela me lançou um olhar brincalhão "Já me fez uma".
- Claro, diga-me - Permitiu, desligando o fogo e colocou o prato de pões pronto na mesa.
Nessa hora eu fiquei muito nervosa e minha coragem sumiu, resolvi deixar para lá.
- Não é nada esqueci - Peguei pão para mim comer.
- Pela cara que você tá fazendo com certeza era algo - Disse se sentando na minha frente - Vamos filha, está em um ambiente seguro, aqui você pode dizer tudo que pensar - Ela sorriu sem mostrar os dentes e seu olhar pedia que eu continuasse, suspirei convencida.
- Por que eu não tenho pai? - Perguntei logo antes de perder a coragem de novo.
A mulher na minha frente arregalou os olhos, o seu corpo que se inclinava na mesa foi para trás se encostando na cadeira, ela me olhou de uma forma estranha, eu não disse para nada, fiquei parada esperando sua resposta, ela pareceu pensar enquanto eu a encarava, depois de longos minutos ela suspirou e me respondeu.
- Acho que não é hora para isso, você já tem que sair para escola, conversamos para tarde - Nem esperou eu responder, saiu da cozinha e se trancou no quarto.
Eu fiquei na cozinha me arrependo do que disse, me sentia culpada, nunca tinha visto minha mãe tão séria, hoje estou acostumada com essa mudança de comportamento, ela mantém uma postura séria quando se trata dos assuntos da alcateia, mas na época eu só conhecia o lado casual da minha mãe, a mulher sorridente que sempre estava cuidando de alguma planta, já que nossa casa é cheia delas.
Eu só tinha 8 anos, não entendi muito coisa, então foi fácil me culpar por ter feito algo errado, passei o dia todo planejando um pedido de desculpas e prometeria nunca mais falar naquele assunto, mas não tive tempo de falar qualquer discurso previamente planejado.
Naquele dia uma professora teve uma emergência familiar e não podia dar aula, assim minha turma saiu mais cedo, corri para casa para poder me desculpar, ignorando Anna e Bruno que me chamaram para brincar, só pensava na burrada que fiz.
Parece que o destino havia armado tudo nos mínimos detalhes, assim que cheguei em casa ouvi minha mãe com alguém no quarto, mesmo eu me anunciando ao entrar em casa, elas não ouviram, estamos em espécie de discussão, bem minha mãe estava alterada e minha tia Camila tentava acalmar a situação.
- O'Que você espera que diga para ela?! - Exclamou minha mãe, foi a primeira coisa que ouvi assim que passei pela porta.
Na época ainda morávamos em uma casa térrea com dois quartos.
- Diga a verdade, não pode esconder para sempre - Respondeu tia Camila.
- Ela é nova demais para e verdade, iria confundi minha menina! Como ela me olharia se soubesse.
- E você prefere que ela só descubra quando for adulta, imagina como ela se sentiria? - Mesmo com o tom de voz alto da minha mãe, tia Camila consegue se manter calma - Eu não que não é algo fácil de dizer, nem fácil de explicar e que você sobre toda vez que lembra, mas ela merece sabe quem é pai dela.
- Não, não é fácil, eu não posso simplesmente chegar nela é dizer "olha filha, você só não conhece seu pai por que ele é um vampiro", ela iria me achar louca.
Não sei direito oque senti quando ouvi isso, de primeira demorei para processar toda essa informação, pareceu loucura, não podia ser possível, ou podia?
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Desculpe a demora que atualizar, tava muito ocupada essas semanas, mas estarei mas livre e tirei mais tempo para escrever.
Obrigada por lê 💙
Até a próxima 😉
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A Híbrida
FantasíaLavínia Ávila tinha tudo para ter uma vida perfeita, mas suas origens pesava demais na sua cidade, e o medo da descoberta fez com que ela se afastasse de todos, para evitar mágoas na sua saída. Mas com uma guerra se aproximando tudo começou a fica m...