Capítulo sete

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E mesmo tendo ido dormir às seis da manhã, Eugênio estava de pé quando era oito e meia. Enquanto Violeta, acordada, estava praticamente chorando.

—Eu não aguento mais isso. - se contorcia de um lado para o outro na cama de Eugênio, com o travesseiro na cara.

—Eugênio? - ouviu a voz de Úrsula. A governanta, passando pela porta do quarto dele, escutou o ranger da cama e o choramingo, ficou logo preocupada. Mas imagino que vocês entendam qual era a preocupação dela. —Está tudo bem aí?

—Está, Úrsula. - Violeta se sentou na cama, tentando ficar calma, enquanto massageava a têmpora. Agradeceu aos céus o fato de ela ter sido inteligente a ponto de lembrar de trancar a porta. —Fique tranquila.

—Tem mais alguém aí com você? - a mãe de Joaquim colocava mais o ouvido na porta, atenta para escutar qualquer grampo que caísse dentro daquele quarto.

—Ninguém, Úrsula. - bufou, revirando os olhos. —E, se tivesse, isso não seria da sua conta. Volte ao trabalho. - Violeta se levantou, indo até o banheiro e fechando a porta com certa força para que a mulher que estava do lado de fora escutasse.

Já começou o dia sem paciência nenhuma. Odiava estar no corpo de Eugênio. Odiava Úrsula. Odiava Joaquim. Odiava aquela situação. Odiava Eugênio e odiava tudo o que ele fazia ela sentir. Odiava aquilo.

Eugênio estava bem mais tranquilo se comparado ao furacão que foi a sua madrugada. Agora, ele andava de um lado para o outro no quarto de Violeta, fazendo exercícios de respiração. A teoria dos sentimentos era o que mais fazia sentido para si, mas convencer a mulher disso que seria o difícil. Ele não conseguiria.

—Violeta... - Heloísa, que estava observando a inquietação da mulher há alguns minutos, resolveu dizer algo. —O que aconteceu?

—Nada, minha irmã. - sorriu, parando de andar, ficando com as pernas encostadas na cama. A mais nova a olhou desconfiada.

—Eu te conheço, Violeta. - cruzou os braços, empurrando a porta com o pé. —Você odeia que fiquem andando de um lado para o outro, e hoje está fazendo isso. Não ficaria assim se não fosse nada. - fez uma careta.

—Estou bem, Heloísa, sério. - ela tentou transmitir sinceridade. —Eu juro que estou bem. São só alguns pensamentos que estão me incomodando um pouco.

—Eu te vi com Eugênio ontem. - ela lançou, sabendo que só com aquilo conseguiria tirar mais alguma coisa da irmã.

—O que...

—Eu vi. - deu de ombros. —Você descendo de camisola para ir falar com ele. E depois os dois indo para a porta dos fundos. Só não ouvi bulhufas do que diziam. Eu estava descendo para beber água. - falou, mas num tom não muito convincente também.

—Beber água? - arqueou as sobrancelhas, com um sorriso ladeado no rosto. —Você estava era de namoro com Leônidas, eu já...

—Certo, você acertou. - cruzou os braços, a encarando. —Agora é a minha vez de fazer a pergunta. Você e Eugênio tem algo?

—Eu e Eugênio...

—Não adianta mentir! - por pouco não ergueu o dedo na cara da irmã mais velha. Mas a encarava assim. —Quase de madrugada, de camisola, indo para os fundos da casa... não sei não, Violeta.

—Ele precisava falar comigo...

—E precisava vir de noite e jogar pedra na janela do seu quarto tal como fazem os namorados que namoram escondido?

—Tem alguma câmera nessa casa? - começou a andar pelo quarto, observando cada canto da parede, por brincadeira.

—Estou falando sério, Violeta. - levou as duas mãos a cintura, impacientemente.

Se Eu Fosse VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora