Violeta conversou com Joaquim de uma forma que assustou o rapaz. Ele, que tinha visto seu padrinho tão animado no começo do dia, não pensou que em seu decorrer fosse estar daquela forma. Imaginou “algo deu errado”, mas preferiu não falar nada do gênero. Não teve tempo de dizer nada e nem se defender; o homem à sua frente não parava de falar por um segundo.
—Mas, padrinho... - ele tentou.
—Sem mais, Joaquim. - falava, definitivamente inconformada. —Ficará sem vir à fábrica até o final do mês. Eu te mandaria para outro estado, outro país...
—Tudo isso por causa de Olívia? - estranhou.
—Tudo isso por causa de seu machismo incontrolável! - cruzou os braços, mas desfez logo a posição. —Eu não me acertaria com Úrsula a respeito disso, então agradeça pela consideração que estou lhe tendo. Já não bastava minha fi... digo, já não bastava Isadora, ainda quer importunar Olívia?
—O que te deu? Você estava tão bem até poucas horas! Não é possível que tenha ficado assim por causa de uma menina que mal descobriu origem e se acha dona de...
—Você dobre a língua para falar da Olívia, da Isadora, de qualquer pessoa da minha... de qualquer pessoa daquela família! - apontou o dedo na cara do rapaz. Aquela situação estava a desconcertando de uma tal forma que acabou se confundindo com algumas falas.
—Por que se incomoda tanto? - o filho de Úrsula franziu o cenho. —Está realmente enrabichado por sua sócia?
—O que? - arqueou as sobrancelhas em surpresa. Até Joaquim sabia disso? Não era possível.
—Nada, padrinho. Nada. - suspirou, estava cansado de ter que ouvir tantas coisas naquele dia. Se repetisse, iria escutar todo um sermão novamente. Levantou. —Eu... devo ir para casa então?
—Tem mais alguma coisa para resolver aqui hoje? - o rapaz assentiu. —Então resolva logo de uma vez, e depois vá. - balançou as mãos em descaso. —Não mexa com mais nenhuma mulher aqui. Me ouviu bem?
—Ouvi. - balançou a cabeça, tentando conter a vontade de revirar os olhos, tocou a maçaneta e abriu a porta. —Tchau. - saiu.
—Que menino insolente... - bufou, e se sentou novamente na poltrona.
Já era quase cinco e meia da tarde quando os dois pararam de trabalhar. Já não tinham mais nada para fazer. Ele, folheava os livros da sala na tentativa de esquecer tudo o que passava por sua cabeça. E ela, começou a pensar em Eugênio e suas palavras.
Tudo o que ela havia dito para ele no dia anterior tinha o machucado; bastante, definitivamente. E ele não merecia aquilo. Ele tinha literalmente dito que a amava, e ela lhe jogou aquele balde de água fria. Mas e agora; o orgulho e o medo dariam chance para o amor prevalecer mais forte?
—Eugênio... - não demorou muito para que Violeta fosse para sua sala e encontrasse seu corpo lá, sentado. Seus cotovelos estavam apoiados na mesa e sua cabeça apoiada nas mãos. Seu estado era a definição mais que perfeita de “pobi, xoxa, capenga”.
—Oi, Violeta. - respirou fundo. —Conseguiu falar com Joaquim? - ela assentiu, se sentando com certo receio na poltrona a frente. —O que realmente aconteceu?
—Ele quis insinuar coisas sobre minha sobrinha. Olívia. - apontou com a cabeça, fazendo um bico. —Eu não podia ficar de braços cruzados. Ele merecia uma lição.
—O que você fez? - franziu o cenho.
—Eu o deixei de castigo, por assim dizer. - deu de ombros. —Ficará até o fim do mês sem pisar nessa fábrica. Esses dias serão descontados no salário dele também.
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Se Eu Fosse Você
Fiksi PenggemarQuando uma tempestade na cidade de Campos interfere em algo que ninguém jamais pensou que pudesse interferir, e faz uma troca de corpos entre duas pessoas que se odeiam. Será mesmo que se odeiam?