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" Mãe?" - A Voz de Angela ecoou muito longe.

Phil: " Ela está parada aí faz quanto tempo?" - Perguntou.

Angela: "Há muito tempo. Ela nem preparou o jantar, e ela nunca faz isso"

Phil desceu o lance de escadas do porão, seguido por Angela, e ligou sua lanterna. Norma não se mexia.

Os dois deram a volta para que ficassem de frente com sua mãe. Quando Norma os viu, seus filhos estavam cobertos de sangue.

Angela: " Mamãe, o Jason machucou a gente"

Phil: " Está doendo muito mamãe. Ele nos matou"

Os olhos dela estavam fechados, mas como se estivesse em um sonho, os movimentos rápidos em suas pálpebras indicavam que Norma estava em uma estranha transe.

Angela: " Ele vai matar a Jessy também"

Phil se aproximou dela, mas parou. Sua garganta começou a apresentar um corte horizontal, seguido de uma quantidade assustadora de sangue.

" Você precisa matar ele, Norma" - A voz sussurrou - " Você precisa matar o JASON"

Norma abriu os olhos, mas não parecia ver seus filhos diante de si. Ela olhou para as escadas e foi até a porta do porão.

Phil: " O que ela vai fazer!?" - Ele tentou segui-la, mas nesse momento, a luz de sua lanterna e a do porão, queimaram. A casa ficou em completa escuridão.

Um grito ensurdecedor fez as crianças cobrirem os ouvidos e caírem de joelhos. Eles puderam ouvir os passos de Norma, mais velozes do que o normal, no andar de cima.

Jason: " Norma, acabou a energia. Vou verificar a caixa de energia" - Disse, tentando ligar sua lanterna. Norma o encarava, com a cabeça inclinada para o lado. Ele percebeu o comportamento incomum de sua mulher. Ela balbuciava algumas palavras, incompreensíveis.  Quando Jason foi abrir a porta da cozinha para sair pelos fundos e ir até a caixa de energia da casa, Norma entrou em seu caminho.

Jason: " O que foi agora?" - Ele tentou movê-la, puxando-a pelos ombros, sem sucesso.

" Você matou os meus bebês, Vincent" - Disse. Jason arqueou uma de suas sobrancelhas.

Jason: " Quem caralhos é Vincent?" - Foi tudo o que ele conseguiu dizer. Norma o agarrou pelo pescoço, com uma força sobrenatural e o arremessou por cima da mesa da cozinha, fazendo Jason bater as costas no batente da porta.

Jason: " Norma!?" - Um filete de sangue escorria por sua testa. A dor em suas costas era aguda. Provavelmente havia quebrado uma costela.

Norma pegou um cutelo disposto na pia e caminhou para cima dele.

Norma se aproximou silenciosa do agora indefeso Jason. Ela se abaixou perto dele. Seus olhos estavam diferentes, com um brilho anormal em toda aquela escuridão.

Norma então gritou, com uma voz grossa que não era a sua: " Eu vou comer seu coração, e oferecer para satanás!" - Ela desferiu um golpe contra ele, mas Jason colocou a mão na frente. O grito de dor dele foi ouvido por todos na rua. O cutelo acertou sua mão em cheio, abrindo-a parcialmente.

Angela e Phil chegaram a tempo de algo pior não ocorrer.

" MÃE!!!!" - Gritaram. Então, ouviram o choro de Jessy, bem baixinho. Isso parece ter trazido Norma de volta a razão, e a energia foi restabelecida. E havia sangue para todos os lados. Jason estava pálido de medo, encarando sua esposa. As crianças estavam abraçadas, chorando. Aos poucos, Norma foi recobrando a consciência e largou o cutelo ao chão.

Norma: " Jason?" - Ela olhou horrorizada para seu marido, que estava tão ou mais assustado do que ela. Então ela viu uma outra mulher parada na porta, próximo aos seus filhos. E ela parecia furiosa. Em um piscar de olhos, desapareceu.  Norma sentiu que tudo ao seu redor girava depressa demais e desmaiou.

Uma semana depois

Era o primeiro dia de aula das crianças na escola pública de Colville. Eles estavam calados no carro. Ninguém na família falava sobre o que havia ocorrido na semana anterior. Norma estacionou na vaga para desembarque de estudantes.

Norma: " Eu venho buscar vocês dois ao meio dia, e aproveito para deixar a Jessy na escolinha"

Angela e Phil apenas concordaram com a cabeça, sem dizer nada.

O prédio antigo de tijolos contava com uma escadaria logo na entrada, que dava acesso ao corredor principal de acesso às classes. O chão de linóleo amarelado se estendia infinitamente. Armários de metal forravam ambas as paredes do corredor.  Após os armários, as primeiras salas de aula podiam ser avistadas. Havia um piso superior é um inferior alguns metros à frente, assim como uma porta dos fundos, dupla como a da entrada, que dava acesso ao pátio. As placas indicavam que descendo as escadas, encontravam-se os banheiros. Subindo, a diretoria, sala dos professores e a biblioteca. O refeitório ficava além do pátio.

" Olha, são os Addams" - Uma voz masculina disse, em tom de deboche. Angela percebeu que era com ela e seu irmão, mas fingiu não escutar, continuando com a sua caminhada até sua sala.

" Hawkins " - Ela segurou a respiração ao escutar a voz de seu irmão. Droga, Phil não sabia ficar quieto!

O rapaz alto e forte se aproximou dele, com ar divertido.

" Minhas desculpas, Feioso"

Phil: " O Ken, porque não vai ver onde a Barbie se meteu ao invés de ficar se promovendo em cima do aluno novo?"

Angela furou o aglomerado de pessoas e puxou Phil pelo braço.

Angela: " Vamos, Phil"

O rapaz se aproximou de Angela.

" Wandinha Addams. Por que tão antissocial?" - O típico bullie: mais alto, mais forte e com uma distorcida percepção de que ele era extremamente engraçado. E obviamente com seus minions idiotas, rindo, lambendo o chão que ele passava.

Angela: " Não queremos encrenca" - Disse, olhando para o rapaz, que se impressionou com a audácia e também, sua beleza.

Phil: " Queremos sim!" - Defendeu-se, sendo beliscado por sua irmã.

" Opa, a Wandinha e o Feioso estão se desentendendo. Um clássico dos Addams" - Uma onda de risadas tomou conta do corredor, fazendo Phil e Angela sentirem-se pequenos. Angela o puxou pelo braço e saiu de perto do grupo.  Mas o rapaz os seguiu.

Daniel: " Me contem, o mordomo de vocês é um morto vivo?" - Ele bloqueou o caminho deles.

" Eu soube que a mãe deles é doida" - Disse uma adolescente.

" Todo mundo na rua ouviu a gritaria dos Addams" - Disse a amiga dela. Daniel ergueu a sobrancelha, divertido.

Daniel: " Só fica melhor" - Sorriu.

Angela segurou a mão de Phil e apertou bem forte. Ela havia percebido que além de morar em uma casa provavelmente assombrada, eles não teriam paz no colégio também. Eram os dois contra o mundo.

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