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A família Hawkins estava à mesa ouvindo atentamente as explicações após retornarem do porão quando a campainha tocou. Angela foi atender e quando voltou, estava acompanhada de Oliver. Ele havia sido chamado para ajudar Mariana com as informações complementares que ele sabia sobre tudo o que já havia acontecido naquela casa.

Mariana: " Estamos lidando aqui com diversos espíritos obsessores, aprisionados pela entidade que habita aquela caixa no porão " - Explicou, enquanto dava um gole em seu café - " Eles tem uma certa influência nos comportamentos de vocês, estimulando os seus medos, o que torna a entidade mais forte. E é isso que eu temo. Eu não senti a presença maligna no porão"

Norma: " Mas isso não é um bom sinal?"

Mariana observou cada um dos Hawkins.

Mariana: " Ele está escondido, muito bem escondido."

Angela: " Escondido como? Em algum dos quartos?"

Mariana: " Não " - Ela pegou sua gatinha no colo e a colocou sobre a mesa. O felino caminhava cautelosamente, sem aproximar-se muito dos estranhos. O bigodinho parecia uma pequena antena, captando o invisível. Lady eriçou-se ao parar na frente de Phil.

Phil: " O que foi?" - Perguntou, estendendo a mão para acariciar o animal, que estava arisco e desconfiado - " Ah vá, essa gata tá insinuando que eu tô endemoniado?"

Mariana: " Gatos são seres espirituais e muito sensíveis à energias malignas"

Phil: " Talvez eu seja malvado" - Disse, em tom petulante.

Mariana levantou-se e foi até ele, e cochichou.

" Eu sei que você queria abandonar sua irmã caçula na estrada para deixar o pai dela e sua mãe desesperados" - Os olhos de Phil arregalaram-se e no mesmo instante ele empalideceu - " Você odeia sua irmã caçula por ter roubado sua vida. Você desejou diversas vezes que ela não existisse" - Mariana afastou-se, e depositou gentilmente a mão no ombro dele, com um sorriso singelo nos lábios. Phil a olhava aterrorizado.

Mariana: " Fique tranquilo. Esse será o nosso segredinho. A menos que você me interrompa mais uma vez" - A feição da jovem mudou bruscamente, o olhar estava fixo nos olhos dele e o sorriso havia desaparecido. Phil apenas concordou com a cabeça, em silêncio.

Angela: " Seja lá o que você fez, tem como me ensinar?" - Pediu, fazendo Mariana rir.

Mariana: " Se nos encontrarmos novamente, quem sabe?" - Piscou para a adolescente - " Mas agora eu peço encarecidamente que vocês prestem atenção em cada uma das minhas palavras"

Todos concordaram.

Mariana: " Em hipótese alguma, toquem naquela caixa. Aquele objeto é amaldiçoado, carregado de más energias"

Oliver: " Eu sabia!" - Ele estava extasiado - " Eu não sou louco!"

Mariana: " Claro que não. O mundo espiritual é mais real do que você imagina "

Phil: " Como em Yu Yu Hakusho?" - Perguntou.

Mariana o olhou e Phil engoliu em seco.

Phil: " Eu não estou sendo sarcástico "

Mariana: " Quem dera fosse como em Yu Yu Hakusho. Eu gostaria de disparar um raio de energia em demônios " - Ela sorriu para ele, que respirou aliviado - " O fato é: o sobrenatural existe e uma vez que o acessamos, chega a ser imprudência desdenhar, enfrentar com a lógica humana ou qualquer outra coisa. Algumas pessoas, assim como eu, conseguem ter essa conexão com esse mundo com maior facilidade. Outras não. Eu estou aqui para ajudar, mas devo advertir que o demônio que está encabeçando tudo isso é muito perigoso, ele é uma entidade sedenta por matar e trazer angústia e desespero"

Oliver: " Eu pensei que Abyzou não fosse um demônio "

Mariana: " Abyzou é o demônio responsável pela mortalidade infantil, abortos, estimula os assassinos de crianças. Os alvos dele se tornam obsessores"

Oliver: " A família Schultz"

Mariana: " Possivelmente"

Norma: " Como eu salvo minha família?"

Mariana: " Se você estiver de acordo, eu sugiro exorcizarmos o seu menino "

Oliver se assustou e saiu de perto de Phil, indo parar atrás da cadeira de Mariana.

Phil: " Nossa Oliver, você quer seu atestado de cuzão colorido ou preto e branco? Eu estou norm..." - Ele não conseguiu terminar a frase. Todos na mesa começaram a olhar para ele.

" Phil?" - O chamaram. O olhar do rapaz tornou-se sombrio e ele começou a balbuciar algo que não era compreensível. Mariana pegou sua bolsa e retirou de dentro um frasco contendo um líquido. Ela jogou na face de Phil, e ele contorceu-se de dor.

Norma: " O que você jogou nele!?" - Ela foi até o menino. Ele se contorcia e gritava de dor.

Mariana: " Apenas água benta. Fechem as portas, fechem as janelas, nós vamos precisar começar esse exorcismo agora mesmo antes que as coisas saiam do controle!" - Ela disse, olhando para Angela e Oliver.

Jessy parecia acuada e confusa.

Mariana foi até ela.

Mariana: " Meu bem, porque você não vai brincar com a Lady um pouquinho?" - Disse, estendendo a mão para Jessy e conduzindo a pequena até sua gata de estimação.

Mariana: " Pode levar ela pra brincar no seu quarto. Fiquem quietinhas lá, você consegue fazer isso por mim, meu bem?"

Jessy assentiu positivamente e logo, obedeceu Mariana, subindo com Lady em seus braços e se trancando no quarto.

Norma: " Ela estará segura?"

Mariana: " Mais que segura. Agora depressa, Norma, precisamos ajudar seu filho antes que seja tarde"

Angela e Oliver voltaram para a cozinha, ofegantes por terem corrido para trancar portas e janelas.

Oliver: " Cadê o Phil?" - Perguntou. Ele havia desaparecido da cozinha.

Mariana: " Ah não "

O ambiente escurece, fazendo parecer que estava de noite dentro da casa dos Hawkins. As gavetas da cozinha começam a abrir e a cair no chão. Angela grita assustada e abraça Norma. Oliver olha para Mariana, assustado.

" SAIA DA MINHA CASA" - Uma voz gutural ordenou, fazendo eles estremecerem.

Mariana pegou seu Rosário do bolso e começou a balbuciar palavras em latim.

" Regnae, terrae , cantate deo..."

Os lustres começaram a estourar, um a um. A mesa se moveu, quase acertando Mariana. Engatinhando no teto da sala, próximo à janela, estava Phil. Mariana caminhou lentamente até ele.

O rapaz deu um forte e assustador grito para intimidar a xamã, que não se intimidou.

Mariana: " Depressa, façam um círculo e dêem as mãos!" - Pediu - " E repitam comigo TUDO O QUE EU DISSER!" - Disse.

Norma não conseguia acreditar em seus próprios olhos. Aquilo não estava acontecendo. Era apenas um pesadelo que em breve, terminaria.

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