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A família Hawkins estava a caminho da nova casa, afastada da cidade de Colville adquirida por um preço invejável.

No carro, ao volante estava Jason Hawkins, pai de Jessy, marido de Norma, e padrasto de Phil e . No rádio, tocava sua música favorita: " The house of rising sun"

Norma virou-se para as crianças que estavam no banco traseiro do Sedan Mercedes- Benz 1970, ou melhor conhecido como "minha menina" - apelido dado por Jason.

Angela olhava pela janela, se perguntando no que daria aquela mudança súbita de endereço e odiando seus pais por obrigá-la a se afastar de tudo o que amava. Jessy, sentada ao meio, tentava colorir - sem sucesso - seu novo livro das meninas do Monster High. Phil, que estava sentado atrás de Jason, estava emburrado, com seus fones de ouvido, e vez ou outra, lançava um olhar furioso para seus pais pelo espelho retrovisor.

Norma: " Hey bonitão, melhora essa carinha!" - Diante do silêncio de Phil, Norma tirou o fone dos ouvidos de seu filho adolescente.

Phil: " O que foi!?" - Perguntou, irritado.

Norma: " Eu disse para você melhorar essa carinha! Quando você ver o seu quarto vai se animar!"

Phil: " Uau, eu vou ter um quarto só pra mim?"

Norma: " Sim, querido!" - Ela respondeu animada.

Phil: " Como posso dizer? Hmm... eu tô pouco me fodendo?"

Jason encostou sem aviso prévio, de maneira brusca, fazendo a sua família balançar para todos os lados. Norma o olhou com os olhos azuis arregalados é uma expressão severa. Jason virou-se para Phil.

Jason: " Você não deveria falar assim com a sua mãe " - Disse - " Desça do carro"

Jessy: " Não papai!" - Ela pediu, com os olhinhos tristes.

Angela: " Não precisa fazer isso, Jason " - Interviu - Ele só tem 14 anos.

Jason: " Eu aos 14 anos já trabalhava duro nas docas ajudando meu pai e nunca respondo à minha mãe assim. Norma, me passe o mapa que está no porta luvas"

Norma: " Você está falando sério, Jason?"

Jason: " Estou, claro que estou"

Phil desceu do carro, sem mapa, batendo a porta.

Norma soltou-se do cinto de segurança depressa, indo atrás de seu filho.

Jason: " Deixa ele, Norma!" - Riu, olhando para Jessy e Angela, que não tiram.

Jason: " Esse menino está revoltado demais pra quem não faz porra nenhuma além de jogar vídeo game "

Angela desceu do carro também, sem responder ao seu padrasto.

Jason: " Por isso que ele é um frouxo " - Debochou. Angela apenas meneou a cabeça negativamente, e seguiu atrás de sua mãe e seu irmão.

Jason virou-se para Jessy

Jason: " Jessy, você é meu anjinho. Promete pro papai que não vai ser idiota como seus irmãos?"

Jessy: " Mas papai, aprendi na escola que não podemos chamar os outros de idiotas"

Jason: " Mas o papai está te autorizando. E seus irmãos são idiotas" - O tom de Jason era quase intimidador por detrás do sorriso gentil. Jessy apenas afirmou com a cabeça, sem entender bem. Ela só sabia que deveria obedecer seu pai, sempre. Jason, sem paciência começou a buzinar, colocando a cabeça para fora do carro.

Jason: " Chega de drama, voltem pro carro logo, que bosta!"

Phil: " Eu vou andando!" - Gritou, mostrando o dedo médio.

Norma abaixou o dedo do filho, implorando com o olhar para que ele não provocasse Jason.

Norma: " Vamos para o carro, Philip"

Angela: " Vai Phil, deixa disso e vamos pro carro logo"

Jason saiu do carro, pegou Jessy, pegou o mapa e foi até sua família, pela estrada.

Jason: " Vocês duas voltem. Você, seja homem" - entregou o mapa para Phil - " Ache o caminho de casa. Eu já sei de cabeça.

Norma: " Jason..."

Jason: " VOLTEM AGORA PARA A PORRA DO CARRO, NORMA" - A voz grossa dele estava altiva, autoritária. Ele não precisou falar duas vezes.

Angela: " Eu vou andando com ele"

Phil: " Não precisa!"

Angela: " Eu sou sua irmã, não vou deixar você ir sozinho pela beira da estrada"

Jessy: " Eu também quero ir andando!" - Pediu. E foi aí que Phil teve uma ideia.

Phil: " Jessy, vamos juntos? "

Jessy: " Siiiim!" - Comemorou.

Jason: " Nem pensar! Ela é muito pequena!"

Phil: " Mas eu sou praticamente um homem, posso cuidar da minha irmã " - Sorriu, desafiador - " Ou as regras que valem pra mim não valem para a Jessy?" - Perguntou, dando a mão para sua irmãzinha. Diante desse argumento, Jason ficou sem defesas e cedeu.

Jason: " Todos de volta para o carro" - Disse, fuzilando Phil com os olhos. Phil passou por ele sorrindo, de mãos dadas com Jessy e assim a família voltou para o carro e seguiu o seu caminho para seu novo lar. O caminhão de mudança da família os seguia logo de perto.

Após quase duas horas e um clima tenso entre os Hawkins, finalmente a casa nova estava diante deles. Era uma residência muito grande e isolada, sem outras casas ao lado. O aspecto levemente gasto, não tirava sua imponência e beleza.

Angela: " Ótimo, somos a família Adams" - Sussurrou para Phil, que concordou.

Jessy estava animada e logo começou a acenar para alguém. Seus irmãos seguiram com os olhos, a direção para a qual a pequena acenava. Era para a janela do último andar da casa, aparentemente um sótão.

Angela se aproximou dela, curiosa.

Angela : " Jessy? Para quem você está acenando?"

Jessy: " Para aquela menininha ali! O papai e a mamãe sabem que tem uma outra criança na casa? Será que ela é filha da empregada? Nós vamos ter empregada?"

Phil: " Não é a filha da empregada, não tem ninguém na janela, Jessy"

Jessy: " Tem sim Phil! " - retrucou, aborrecida.

Angela: " O Phil tem razão Jessy, não tem ninguém na janela"

Jessy olhou novamente, e para sua surpresa, a menina não estava mais lá.

Jessy: " Mas... mas eu vi uma menininha ali"

Phil: " Você pensa que viu, mas na realidade não viu nada. Essas coisas não existem, Jessy"

Jason: " Menos papo é mais ação crianças! Vamos lá! Cada um pegando uma caixa e levando para dentro!" - Os três, aborrecidos, obedeceram Jason. Norma o abraçou, contemplando a nova casa, orgulhosa. Ele afagou os cabelos dela.

Jason: " Feliz meu bem?"

Norma respirou fundo, e com um leve sorriso confirmou sua felicidade. Quando ela estava prestes a dizer algo para Jason, uma estranha figura na janela do sótão lhe chamou a atenção. Era uma sombra negra, alongada, humanoide.

Jason: " Está sem palavras, querida?"

Norma continuou olhando para a estranha figura que num piscar de olhos, sumiu. Ela sentiu um arrepio na espinha.

Norma: " Sim!" - Respondeu, com uma forçada animação, pois estava preocupada com o que acabara de ver.
"Provavelmente, isso é um efeito dos meus remédios'', pensou. Então,girando nos calcanhares, ela foi ajudar as crianças a pegarem as caixas com suas coisas no caminhão de mudança.

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