Capítulo 18

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Sentada no sofá, lá estava eu roendo as unhas e tremendo a perna impaciente.

Issac iria chegar e quando chegasse eu finalmente iria revelar para alguém o meu trauma.

A campainha toca e levanto-me rapidamente correndo até á porta para o receber.

-Oi desdentado.

-Oi tontinha - damos um abraço apertado e ele entra olhando em todos os cantos da sala de estar.

- Mãe! O Issac chegou! - grito. Eu já lhe tinha dito que o meu amigo de infância tinha chegado e ela ficou muito entusiasmada para o ver novamente.

-Issac, meu querido! - ele é esmagado pelos braços da minha mãe e rio me da sua cara sendo completamente esmagada. - Estás tão grande. Quando te vi tu estavas assim. - ela abaixa a mão até uma altura razoável para um menino de seis anos. - Estás um grande homem.

-Obrigado, a senhora está linda como sempre. - a minha mãe ri dando um soco de leve no seu ombro resmungando o quanto ele era simpático e um grande amigo para mim.

-Mãe, aonde está o meu vestido vermelho? Preciso dele para sair hoje á noite. - uma figura desce as escadas enquanto olhava para as suas unhas recém feitas.

-Filha... Temos convidado. - Elizabeth mira Issac e semicerra os olhos.

- Eu acho que já te vi em algum lugar sem ser a escola. Tive essa mesma impressão na sala de aula.

-Foi porque secalhar eu vinha aqui quando era pequeno. Lembraste o Issac o melhor amigo da Sophia. - ele sorri cínico e ela abre a boca o reconhecendo e abrindo um sorriso falso para cima dele.

A minha mãe saí da sala dizendo que tinha de ver o bolo no forno e diz para Issac se sentir á vontade.

-Eu a pensar que finalmente tinha me livrado de ti quando te mudaste, mas infelizmente estive errada. - Issac chega perto dela fechando o punho.

Ui, eu conheço essa expressão. Ele vai explodir.

- E eu pensei que quando chegasse aqui não fosses tão egocêntrica, invejosa, chata irritante. Meu Deus garota você é tao insuportável que ninguém mais te aguenta. - arregalo os olhos perante o seu desabafo explosivo.

-Wow Issac - ela gargalha pondo a mão na boca não se deixando abalar pelo que Issac disse. - Continuas o mesmo explosivo de sempre. Cuidado que isso ainda te vai lixar. - Elizabeth pisca para ele e vai para a cozinha ter com a minha mãe.

-Que raiva Sophia, sei que ela é a tua irmã mas meu Deus. Ela é insuportável tal como quando éramos pequenos. - dou duas tapinhas no ombro do Issac o consolado.

-Imagina como é conviver todos os dias com ela.

-Eu atirava me de um prédio Sophia mas não faças o que eu faço e sim o que eu digo. - concordo o guiando para o meu quarto.

-O meu quarto não mudou muito. Só acrescentei mais partituras ao redor dele. - falo abrindo a porta. Issac olha tudo encantando e ao mesmo tempo orgulhoso porque metade do que estava lá fomos nós que fizemos quando éramos pequenos.

Algumas pinturas de claves de sol. Notas musicais etc...

- A nossa foto...Emolduraste !!- ele sorri fitando a nossa foto juntos e dando- me um beijo estalado na testa.

- A nossa amizade não iria desaparecer só porque te mudaste. Por isso coloquei a foto num sitio em que sempre te iria ver como se fosses o meu amuleto sempre que eu acordasse. - Issac me aperta nos seus braços resmungando o quanto me amava.

-Sabes também tenho essa mesma foto emuldurada em frente da minha cama. Tens de ir até minha casa. A Minha mãe está doida para te ver denovo.

-Eu sei. Eu até planeava ir lá depois dos ensaios mas ficava muito tarde e não queria preocupar os meus pais. Mas se der hoje mesmo depois de irmos para a escola de artes irei até lá.

-Ok. - Ele vai até ao meu piano tocando algumas notas aleatórias. Vou até ao seu lado e ele para de tocar imediatamente olhando no fundo dos meus olhos. - Sophia sabes o porquê que eu vim aqui certo? - afirmo desviando o olhar e saindo do banco do piano.

-Sei Issac. Eu confio em ti e quero te contar o motivo de eu não ser a vocalista da banda.

Ele agarra a minha mão me guiando até á minha cama e não a largando transmitindo a força que eu precisava para falar desse assunto tão delicado para mim.

- Tudo começou um ano depois de teres ido embora. Num festival de verão. Eu e a minha família tínhamos ido para lá para nos divertirmos. Lá tinha um palco gigante e quem quisesse do público podia dançar ou tocar algum instrumento. Foi muito divertido. Eu estava eufórica. - as sensações daquele dia entravam dentro de mim enquanto relatava ao meu melhor amigo. - mas aconteceu uma coisa que mudou tudo. No fim do festival sem eu saber alguém tinha posto o meu nome para que eu fosse lá cantar. E eu não pude negar, pois como era a última deveria encerrar o festival com uma apresentação incrível e foi com esse pensamento que eu subi no palco. - aperto a mão do Issac parando por um instante.

-Sophia se quiseres...

-Não te preocupes ainda dói mas vai fazer bem desabafar. Quando eu subi no palco estava um pouco insegura. O medo de falhar ou desafinar reinou uma grande insegurança no meu coração contudo quando olhei para o microfone percebi que o meu sonho era conviver com a música, então eu teria de arriscar. Não importava o que acontecesse. No momento em que em coloquei a mão no microfone senti um monte de tinta vermelha cair por cima de mim. - sorrio azeda. - Foi a maior humilhação na minha vida, todos riam enquanto jogavam tomates em mim pelo motivo de ter "estragado" o festival deles. - Issac aperta a minha mãe demonstrando que ainda me ouvia atento. - Até hoje sempre que subo em algum palco oiço as risadas e sinto os tomates a tapar a minha visão enquanto a tinta desce pelo meu corpo. - Ele toca no meu rosto limpando as lágrimas que nem sabia que tinham caído.

- Sophia e-eu nunca imaginei. Não sabes até agora quem foi que pôs o balde de tinta em cima do palco?

- Não. Mesmo se soubesse não iria mudar nada pois já estou traumatizada o suficiente. Nunca irei conseguir colocar os pés novamente no palco e não relembrar aquela cena que me persegue até hoje.

- Eu sei que vais ultrapassar isso Sophia. És forte e sei que vais conseguir! - nego armagurada.

- Eu sou fraca Issac, não vou puder cantar, nem tocar piano. Não vou concretizar o meu sonho por um acontecimento que já devia ter ultrapassado.

-Fraca é o que não és Sophia. É normal teres desenvolvido um trauma por causa disso. Mesmo não estando lá naquela altura eu percebo o quanto difícil deve ter sido para ti. - abaixo a cabeça deixando as lágrimas rolarem pelo meu rosto.

-Eu queria mesmo tocar com vocês. Mas eu só não consigo Issac. Não consigo! - ele me abraça dizendo palavras reconfortantes.

- Sophia só promete me uma coisa. - levanto a cabeça esperando que diga. - Promete-me que não vais abandonar a música só isso.

-Prometo!! Isso é algo que eu definitivamente nunca conseguirei abandonar.

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Bem o trauma da Sophia é a verdadeira razão por ela não puder ser a vocalista da banda.

Já suspeitavam que teria algum motivo maior além da sua insegurança?

Digam me as vossas teorias estou curiosa.

Até ao próximo capítulo 👋

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