O som dos sinais tocando naquele exato momento era a única coisa que poderia nos separar - mesmo que odiando o fazer, as pernas bambas e pesadas, com as mentes ainda inebriadas da sensação dos nossos lábios, dos nossos corpos e da nossa presença em si, lado a lado, sentimentos mútuos e ritmados, conectados.
Seu olhar ainda continha o desejo que nascera quando puxei seu corpo inicialmente, se não ainda maior, mais difícil de resistir, seus olhos brilhavam com admiração também, e eu pude sentir a verdade das nossas declarações de dias atrás, ainda presente e queimando entre nós.
- por mais que me doa dizer isso, temos aula agora e temos que ir... Hyun...- eu falava, tentando chamar a atenção do outro e tirar seu corpo de mim, como se aquilo fosse de alguma forma minimizar o calor e a vontade que eu sentia dentro de mim.
- não precisamos não... volta aqui...- sua voz me puxou antes mesmo que suas mãos pudessem, e eu não me incomodava nem um pouquinho que as mesmas estivessem em minha cintura, fazendo um carinho que só ele conseguia e poderia fazer.
- você sabe que temos sim, vida..- disse com a voz grave, levantando mais meu queixo ao sentir pequenos beijinhos no pescoço.
- só mais cinco minutinhos, amor, por favor..- ele pediu com uma vozinha que ele sabia que eu não conseguia dizer não.
- Hyune... -
- ta bom, ta bom, mas só se você ir comigo no jogo de amanhã. - ele disse.
- ah não eu não vou no jogo flamengo, Hyunjin! nem ferrando! nem sobre meu cadáver! ta maluco? aqui é flu nas veias! - eu me afasto, dando um soco de brincadeira em seu ombro, ele apenas ri, balançando a cabeça e a encostando em meu ombro.
- poxa, vida, vamo comigo, vai? por favor?- ele faz carinha de cachorro perdido e usa aquela maldita voz com o maldito sotaque...
Ele ainda seria meu fim.
- ta, que inferno em! - concordei, revirando os olhos. - mas você que vai ter que ir atrás do ingresso, em! -
Toda e qualquer raiva que eu pudesse ter por Hyunjin me colocar pra ver meu time rival passou assim que vejo ele sorrir abertamente, fazendo com que seus olhos diminuíssem e destacassem a pintinha que ele tinha em baixo do olho. Ele era melhor amargamente lindo.
- quem disse que eu já não tenho eles? o jogo vai ser as 21h, mas nem precisa se preocupar que eu te busco.- ele diz, se desvencilhando de mim e me dando um selinho na bochecha, estendendo sua mão até a minha.
- "buxsca", é? ta bom então, vida. e eu não acredito que você já tinha esse ingresso! e se eu tivesse falado não? - não resisti imitar seu sotaquezinho enquanto pegava na sua mão, indo lentamente até a nossa sala, aproveitando o restante de aula vaga que tínhamos.
Ele apenas ri em resposta, seguindo em frente.
____________________I____________________
Eram sete horas. Sete horas e nenhuma notícia de Hyunjin. Nenhuma notícia desde as quatro.
Inicialmente eu relevei, pensando que ele estava apenas se arrumando, ou estudando, ou qualquer outra coisa que o impedisse de responder as minhas mensagens perguntando que horas ele viria, que roupa eu deveria usar e quais eram as chances de eu ser esmagado pela torcida do flamengo. Mas seja lá o que fosse, o manteve longe por uma, duas, três horas. Mas tudo bem. Ainda era cedo. Ainda tinha como chegar a tempo do jogo. Tava tudo bem.Exceto que, quando o ponteiro menor avançou, ele ainda não tinha respondido, sequer aparecido. Eram oito horas, nada. E assim prosseguiu. Conforme os ponteiros foram andando, nada do homem que tinha pedido com tanto carinho para ter minha companhia.
As pequenas mensagens mais cedo já haviam se tornado várias, enormes e preocupadas. Afinal, Hyunjin não me deixaria na mão, esperando por ele por horas, propositalmente. Alguma coisa tinha que ter acontecido.
Já era a quarta ligação que eu fazia para ele quando eu finalmente tive uma resposta sua:
"Hyun, pelo amor, ta tudo bem? o que aconteceu?" minha voz era preocupada mais do que tudo.
"oi Lix, me desculpa, aconteceu tanta coisa... sabe aquela amiga de infância da minha mãe que eu comentei com você? a filha dela teve uma crise feia e eu tive que ajudar ela, levei ela até no hospital, pra você ter uma idéia... me desculpa mesmo viu? prometo que compenso indo pra um jogo do fluminense contigo, pode ser? - ele explica, levianamente, algo no meu peito pesa.
- ah, okay... que bom que você ta bem, pelo menos... -
- é... -
- ela ta bem agora? -
- ta sim, eu to aqui no hospital com ela.-
- você? a mãe dela não apareceu ainda?-
- apareceu, só que a Min pediu pra eu ficar junto com ela... sabe? porque eu ajudei ela naquela hora... ai vou ficar só até ela ter auta. o único problema é que vai ser só amanhã, ai eu vou perder as primeiras aulas... - ele explica. ou tenta.
- ah. sei... -
- mas tudo bem porque eu posso pegar com você depois, já que você sempre explica as coisas tão bem. tenho que ir agora, o pai da Min chegou, vou explicar pra ele o que aconteceu, beijos, te amo. - ele disse, desligando logo em seguida.
Não me dando tempo nem de me despedir, quem dirá perguntar quem diabos era "Min".
___________________II____________________
- óbvio que não, hyunjin! ajudar ela não é o problema, nunca foi, deus, eu não sou maluco de achar ruim você impedir um suicídio, pelo amor! não é isso! mas é que você anda estranho comigo desde aquele dia, e eu nem vou falar sobre como você vive passando na casa dela, todo santo dia! você tem visto ela mais do que eu, hyun... - eu tento explicar, me resolver, nos acalmar, mas nada parecia funcionar.
- porque eu fico com medo dela se machucar de novo, felix! que maluquice, você ta falando como se eu tivesse indo lá pra te trair! eu preciso te lembrar que tecnicamente a gente não tem nada? - ele pergunta, com deboche, e algo dentro de mim se quebra. se choca. se despedaça.
- ah, é verdade, hyunjin. você tem toda a razão, eu me equivoquei, não é? a gente não é nada mesmo. ta certo. - eu nego com a cabeça, incrédulo, desapontado, traído, indo em direção a porta da sua casa, me arrependendo até o último segundo de ter vindo ver ele hoje, encontrando uma casa vazia de Hwang Hyunjin. Apenas para dez minutos ele aparecer com um sorriso gigante vindo da casa do lado. E aí começou a discussão.
- não, felix, espera. me desculpa, falei sem pensar. me desculpa, por favor. - ele me puxou para perto dele, me trazendo varios flashbacks de quando ele fazia isso nos nossos momentos bons, entre beijos e atrasos, e eu não consegui resistir o seu abraço.
Dias haviam se passado desde que MinHee teve uma crise e Hyunjin foi com ela ao hospital, e ele ainda estava priorizando ela e a saúde mental dela à nossa relação. Seja ela qual fosse.
- é que eu conheço ela desde sempre, lix.. é complicado pensar em deixar ela sozinha nesses momentos. eu juro que não estou te trocando por ninguém, eu só não quero deixar ninguém na mão, ok? - ele pergunta, fazendo carinho na minha cintura do jeito que sabia que eu não resistiria. Eu suspiro.
- ... promete? - minha voz era odiosamente fraca, vulnerável.
- prometo. - ele enfatiza a frase com beijinhos.
- desculpa... eu perdi a razão.. devia ter te ouvido melhor, não surtado com você desse jeito. -
- ta tudo bem, o importante é que a gente conversou e agora ta tudo bem. comunicação é chave, não é o que dizem? e eu errei em falar que a gente não é nada, você é meu amor, meu bebê, meu solzinho, meu tudo, ok? - eu rio com cada beijinho que ele me da para enfatizar o que diz, e quando eu reparo já voltamos a nos acariciar como dois pombinhos, esquecendo completamente os nossos problemas e discussões.
Ia ficar tudo bem. O amor de Hyunjin ainda era doce.

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falling sweetly
Fanfic[hyunlix fanfiction] [shortfic] [terminada] Amar Hyunjin sempre foi fácil, bom e simples. Até demais. começada em: 2022 terminada em: 2023