Capítulo 2

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Amélia

Quando se passa um mês do pior dia da minha vida noto que minha menstruação atrasou, espero por mais uma semana para ter certeza e compro o teste. Não sei como consigo caminhar tranquila pelas ruas da cidade até a farmácia, sendo que por dentro meu coração está a mil, a ansiedade toma conta de mim, o medo é tanto que me dá falta de ar.

Sentada no vaso sanitário do banheiro de casa, aguardo os minutos para ver o resultado, e aqui está, mais um teste dando positivo, já é o terceiro que faço. Não consigo acreditar no que está diante de meus próprios olhos. Choro pensando em tudo o que está acontecendo comigo, lavo o rosto e corro para meu quarto.

Alcanço o telefone em cima da cama olhando fixamente os números que acabo de digitar clicando em seguida para ligar, minha mão treme e a respiração ofegante com o coração acelerado, tento me acalmar quando a pessoa do outro lado da linha atende.

— Alô?

— Klay?

— Quem está falando?

— Amélia.

— O que você quer? Sinto muito se gostou daquela transa, mas não vai ter de novo.

Sinto meu estômago embrulhar só de lembrar daquela noite.

— Estou grávida. — Esse comentário me deixou com tanta raiva que a resposta saiu ríspida antes que pudesse pensar melhor.

— Deixa eu adivinhar, você acha que eu sou o pai? Conta outra piada. — Ri debochando da minha cara.

— Não acho, tenho certeza, pois você é a única pessoa com quem tive relações.

— Não quero nenhum joguinho para cima de mim com esperanças de ter mais uma noite, está entendendo? Vou ser bem sincero com você, eu só fiquei contigo por causa de uma aposta idiota de meus amigos, acha mesmo que ficaria com alguém que a cor do cabelo está mais para água de salsicha? Eu queria mesmo era ter fodido com a sua amiga Lana. Ah! Aquela sim é mulher.

Essas palavras me destroem internamente, fico com raiva de mim mesma, como um dia fui sentir algum tipo de interesse nesse cara? Seguro o choro e continuo a conversa.

— Não quero nada com você, quero saber o que vamos fazer com o nosso filho.

— Nosso? Desculpa boneca, mas não tenho nenhum filho... sei lá, faz um aborto.

— Não tenho dinheiro suficiente para pagar uma clínica de aborto escondida dos meus pais.

— Se vira! Olha, tenho mais o que fazer quem está grávida é você e não eu, então não me ligue mais me perturbando com suas coisas e dizendo que esse filho é meu.

Sinto fraqueza em minhas pernas e me sento na beira da cama, pois até então estava andando de um lado para o outro dentro do quarto. Klay desliga a ligação sem esperar por uma reposta e nesse momento não sei mais o que fazer, estou confusa e sozinha.

Durante esse tempo não sinto fome, não sinto enjoo ou algo do tipo, apenas não estou conseguindo me alimentar direito. Começo a passar maior parte do tempo trancada no quarto, bebo água e me alimento com alguma fruta raramente. Meus pais pensam que estou estudando para os vestibulares, por isso não se importam com a minha ausência nos outros cômodos da casa.

Neste Natal passamos em casa mesmo, meus avós paternos e maternos vieram passar conosco e ficaram a semana aqui em casa para passar o Ano Novo também.

Não falo com as meninas desde a festa, elas sempre viajam no fim do ano, então nosso contato diminui essa época. Hoje resolvo mandar mensagens no nosso grupo, pois preciso de ajuda com o que fazer. No grupo há apenas nós três, a gente conversa sobre tudo desde assuntos mais sérios até asneiras.

Em busca da minha vingança [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora