Amélia
Depois de passar a madrugada toda viajando chego em Beaufort, a quantidade de dinheiro que ainda sobra é pouco. Mesmo perdida caminho pelas ruas conhecendo a cidade, não sei se é melhor procurar um lugar para passar a noite ou já ir em busca de emprego.
Parando em frente a um mercado vejo uma plaquinha de contratação, será o meu dia de sorte? Entro até encontrar um funcionário e o abordo perguntando:
— Bom dia! Vi a plaquinha lá fora e gostaria... — sou cortada antes mesmo de terminar de falar.
— O emprego é para você?
— Sim, é que...
— A vaga é apenas para o sexo masculino.
— Mas...
— Se o seu único interesse for esse, já foi resolvido, preciso voltar ao trabalho.
Continuo a caminhar e avisto um hotel, pelo menos teria onde passar a noite. Vou arrastando minha mala e sinto meus braços doerem, tento aliviar a dor intercalando o peso de um braço para o outro. O hotel não é nada de cinco estrelas, mas é tudo que tenho para me hospedar durante esse tempo. Vejo uns vasos com arbustos de buxinho logo na entrada, acho tão lindo.
— Bom dia!
— Já está com o quarto alugado? — um senhor com uniformes vermelhos pergunta.
— Não...
— Só estamos com um disponível.
— Só um? Vou querer ele! — dessa vez um homem com um pouco mais de um metro e noventa de altura se aproxima me empurrando para o lado.
— Mas eu cheguei primeiro. — Tento enfrenta-lo.
— Vocês podem dividir o mesmo quarto, tem duas camas. — Sugere o recepcionista.
— Dividir? Não seria uma má ideia... — noto seu olhar com segundas intenções e lembro-me do mesmo olhar de Klay. Meu corpo se paralisa por alguns segundos e só volto a realidade quando o senhor atrás do balcão me chama, seguro com força a alça da minha mala e saio correndo do local. Chego na rua com os olhos lacrimejados.
Eu não mereço passar por tudo isso!
Parada na calçada pesquiso por mais lugares onde posso trabalhar, me chama bastante atenção uma pousada, pois além do trabalho é aberta para funcionários morar descontando algumas porcentagens do salário. Neste momento é minha única chance de sobreviver.
Olho o GPS do celular e a pousada fica próxima de onde permaneço e em quarenta minutos de caminhada estou em frente a fachada da pousada. Abro a porta vermelha de alumínio e um senhor alto com a barba platinada um pouco grande aproxima-se.
— Em que posso ajudá-la?
— Vi o anúncio sobre o emprego de camareira na internet e tenho interesse.
— Qual o seu nome?
— Amélia.
— Sou o Marlon, me acompanhe que irei levá-la até a sala da administração.
Permaneço com os olhos atentos olhando para cada canto do local. As paredes externas e internas são de tonalidade amarelo claro com alguns quadros coloridos abstratos que passam uma energia positiva para a pousada.
— Todas as portas têm maçanetas eletrônicas, são abertas apenas com um cartão eletrônico. — Ouvimos um latido e ele prossegue dizendo. — São aceitos animais de estimação de pequeno e médio porte. — Saber disso me deixa feliz, pois amo animais e tê-los aqui comigo me fará bem.
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Em busca da minha vingança [Degustação]
RomanceEra para ser apenas uma festa, mas um acontecimento mudou sua vida para sempre. Amélia já estava se formando no ensino médio e nunca havia saído com os amigos. Mas, naquela noite, teria a sua primeira festa. Ela só não imaginava o trauma que carrega...