Encruzilhada

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Em um vilarejo quase escondido da Tailândia...


Pete se recordava de querer apenas brincar na praia, o sol daquela manhã aquecia sua pele, os ventos pintavam de rosa e amarelo tudo ao seu redor! E as ondas quebrando na praia enchiam seu peito do cheiro de orvalho, sal e liberdade... E então ele viu aquela figura imensa olhando para o mar com olhos esquisitos, um misto de dor e saudade... E ele quis ir até ele e dizer que tudo ia ficar bem.

Foi até ele captando tudo o que podia daquela pessoa: Era a pessoa mais estranha que já tinha visto, ele era muito grande, com músculos e chifres... E sentado na areia olhando o mar parecia um pouco curvado em si mesmo. Os pés eram grandes e tinha garras como os de animais selvagens, assim como as mãos e o rosto havia retransias côncavas quase como um touro feroz. Mas para si... Não havia perigo nenhum, em seu coração sentia que ele era apenas uma pessoa tomando sol e olhando o mar, sendo banhado pelas mesmas cores das ondas e da brisa e aquecido pelo mesmo sol manso sob sua cabeça.

Se sentou silenciosamente próximo dele e disse baixinho:

— Eu adoro essa praia e ela é só minha quando o sol nasce.

A pessoa se voltou para ele rápido, como se realmente não tivesse percebido sua aproximação e Pete viu como ele cerrou o maxilar e o encarou em fúria contida, porém... Logo a fúria se foi enquanto Pete se mantinha ali, calmo e esperando ele se acalmar. Sabia que ser surpreendido não era legal, seus irmãos que já estavam acostumados com os passos de gato dele, como chamavam, ainda ficavam um pouco assustados. Estava acostumado com isso, por isso sorriu pequeno e começou a desenhar na areia desviando os olhos do dele para que ficasse um pouco menos incomodado:

— Eu sou silencioso, sei disso, desculpe.

— Você... Me vê!?

— Claro que sim, você é real, certo? Eu vejo espíritos e eles são esfumaçados, você não é então é real.

— Você... Vê espíritos?

— Sim, mas é segredo, não conte a ninguém, meus irmãos ficariam chateados.

— Quantos anos você tem, criança?

— Oito; mas sou um pouco baixinho mesmo... Ei – Pete ergueu os olhos e apontou para os pés dele – Você não precisa de sapatos porque seus pés são fortes né, não iriam se machucar com as pedrinhas do chão... Isso é legal, eu também não gosto de sapatos.

Nisso aquela pessoa riu e pareceu relaxar ao seu lado respondendo no mesmo tom baixinho que usava com ele:

— Sim, eu também não gosto de sapatos.

— Quem gosta? São apertados!

— Sim, e incômodos.

— Exato!

Ambos sorriram compartilhando aquele pequeno detalhe que na mente infantil de Pete parecia muito importante e então... A lembrança sonho se dissipou com a imagem de um homem belo saindo de um carro esportivo e andando em direção a calçada com um endereço escrito em um cartão entre seus dedos longos e elegantes. O homem belo ergueu os olhos para a lua cheia e Pete pode ver... Os mesmos olhos da fera da sua infância...

Acordou com olhos arregalados, com o peito acelerado e assustando seu irmão que arrumava algo na estante da sala. Seu irmão que também se chamava Pete costumava arrumar a casa no fim da tarde enquanto ele cochilava um pouquinho, contudo aquele pressentimento e visão...

Mudaria tudo em sua rotina:

— Pete – Sussurrou para o irmão que o encarou sério e ele se sentou no sofá olhando para o irmão com a certeza do que diria... – Ele está vindo.

Nos braços de vampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora