DEGUSTAÇÃO - Destruindo Lações Sanguíneos - LIVRO 03

Capítulo 01

Anos depois...

— Bom dia, meninas — saudou Amira assim que entrou em sua loja.

— Bom dia, chefa — respondeu Fanny, à medida que organizava alguns sapatos.

— Dia — retrucou Medley rapidamente, enquanto atendia uma cliente.

Faziam três anos que ela tinha realizado o sonho de abrir sua própria marca de sapatos e a cada mês as vendas eram superadas, com isso ganhava mais notoriedade na cidade de Nova Iorque, onde morava já há dez anos.

Sua intenção nunca foi ser famosa ou rica, mas sim proporcionar uma vida tranquila aos pais.

Cursou faculdade de moda e teve muita sorte ao ser patrocinada por seu chefe, na época em que trabalhava em uma fábrica de calçados.

Foi lá que sua paixão pelos calçados começou. Jamais se imaginou desenhando algo tão complicado, porém, as ideias foram surgindo naturalmente e ela as colocou no papel, fazendo disso um hobby. Jamais imaginou que, um dia, dedicaria a vida a isso.

Era simplesmente apaixonada por sua pequena loja no centro da cidade, assim como seu ateliê, que ficava nos fundos do estabelecimento.

Passava a maior parte do seu tempo na aconchegante salinha. Era de lá que saíam as maiores criações de Amira. Sua criatividade era um poço sem fundo e tudo naquela cidade a inspirava, desde a frenética movimentação das pessoas pelas ruas, até os idosos passeando e aproveitando a aposentadoria no parque.

A cada nova coleção, suas criações ficavam mais bonitas e sofisticadas. Ela estava constantemente antenada, em especial, nas redes sociais e isso a auxiliava a descobrir as novas tendências, mesmo que preferisse sempre seguir seu coração a aderir ao que os estilistas ditavam.

Era uma mulher muito ativa na internet e contava com mais de cinquenta mil seguidores, algo que para alguém que havia começado há pouco tempo, era notoriamente significativo.

Sua fama rápida se dava ao fato de que Amira produzia sapatos maravilhosos, de boa qualidade e a um preço acessível. Acreditava que isso jamais iria mudar, já que não achava digno colocar um preço exorbitante em cima de um produto.

Tinha o conhecimento de que empresas famosas no mercado ganhavam mais de mil por cento em cima de uma peça e apesar de a boa qualidade dos produtos, a pessoa não pagava milhares de dólares por isso e sim pela marca. Aquilo era algo que jamais entrou em sua cabeça.

Talvez por isso produzia poucos pares de cada modelo, justamente para que a cliente se sentisse especial em levar uma peça praticamente única. Era só postar algumas fotos de uma nova coleção nas redes sociais e pronto, em questão de uma semana estava esgotada.

Mas isso não significava que somente por estar colhendo os frutos de seu trabalho e sendo recompensada por ele, esqueceu-se dos momentos difíceis que passou. Amira ainda mantinha contato com Rudolf, o dono da fábrica e suas criações eram fabricadas exclusivamente lá, onde a mágica acontecia.

Fazia questão de devolver o dinheiro que o homem mais velho havia investido nela, no início da carreira. Todo mês depositava uma quantia na conta de Rudolf, já que se levasse em espécie, o teimoso não aceitava.

Seu maior incentivador foi uma das pessoas maravilhosas que a vida havia lhe presenteado, junto com as duas funcionárias que estavam com Amira desde o início, e Sandy, sua melhor amiga, a quem conhecera na faculdade.

Gostava bastante de viver em Nova Iorque apesar de, por vezes, sentir-se deslocada culturalmente, afinal, as moças eram muito mais desinibidas e livres, diferente do país onde passou sua infância e adolescência.