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— Sejam todos muito bem vindos a mais um episódio do seu Talk Show favorito de todos os tempos. Está começando mais um "FanyTalk"! — as palmas gravadas eram escutadas afinal não havia ninguém no set de gravação por pedido da própria convidada. — Hoje estamos com a nossa convidada mais aguardada , tivemos sua presença aqui durante a sua época de debut, e durante alguns comebacks da nossa estrela. Apresento há vocês nossa queridíssima, Park Jihyo. Nossa solista queridinha da Coréia!

— Olá! — dizia envergonhada com um sorrisinho no rosto, enquanto acenava para a câmera. — Obrigada pelo convite Tiffy.

— É um prazer te ter de volta aqui. — segurou a mão da garota deixando um leve carinho na mesma. — Vamos começar então. Temos a pergunta que não quer calar e tenho certeza que seus fãs passaram dias te questionando sobre isso. O que te fez mudar para San Diego? Mais especificamente, o que te fez vir para a América?

— Já imaginei que fossem me questionar sobre isso. — deu uma leve olhada para sua manager que sorria encorajando a menina a falar sobre. — Como já foi anunciado pela minha empresa, eu estou dando um tempo na minha carreira, estou desde de bem jovem nessa indústria trabalhando para chegar onde eu sonhava sem ter um segundo de descanso se quer. Não que eu esteja reclamando, afinal todo meu esforço resulta na artista que eu me tornei hoje, mas ninguém é de ferro e chega um momento em que todos precisam de uma pausa. Mas eu comecei a pensar em me mudar da Coréia a partir do momento em que fui chamada para fazer parte da trilha do novo filme de romance que estreou no cinema. O filme foi gravado em Jeju e Busan, na Coréia, mas as promoções do filme foram feitas tanto lá, quanto em Los Angeles e Nova Iorque, o que fez com que eu passasse uma boa temporada aqui no ocidente, convivendo com um idioma diferente e uma cultura diferente. — explicava vendo a mais velha prestar atenção em cada palavra que ela dizia. — A minha vida era bem conturbada, e eu sabia que eu não teria a pausa que desejasse se eu continuasse em Seul. Tenho certeza que eu continuaria trabalhando como uma louca. Pensei em ficar em Jeju, mas depois de uma longa conversa com minha acessória cheguei a conclusão de que precisava sair da minha zona de conforto.

— Acho legal que comentou sobre o filme. — a apresentadora comentava sorrindo. — Soube que trabalhou ao lado da protagonista, a atriz japonesa Minatozaki Sana, para a produção da trilha sonora do filme. Pode falar um pouquinho sobre como foi essa produção?

— A produção foi divertida. — sorriu nostálgica, dando uma leve olhada para Tzuyu que sorria ladino para a amiga. — Eu não conhecia Minatozaki e muito menos havia trabalhado com ela antes. Foi uma experiência nova e bem divertida, ela é alguém muito boa de trabalhar.

[. . .]

— Ela vai falar de você?

— Cala a boca Chaeyoung! — a morena de cabelos curtos falava. — Eu quero ouvir o que ela vai dizer.

A japonesa estava em completo silêncio, estando um pouco apreensiva sobre o que a cantora poderia falar.

Ela sabia sobre a entrevista, foi avisada sobre, e pior, havia concordado com as coisas que Jihyo pensava em falar sobre, mas mesmo assim ela estava se sentindo extremamente aflita com o que poderia escutar. Com seu olhar totalmente preso na televisão e a feição de uma Jihyo preocupada, essa que parecia olhar para trás da câmera como se pedisse permissão para dizer algo.

O clima da entrevista não parecia tenso, tudo já havia sido gravado a cerca de uma semana, porém apenas naquela sexta feira toda aquela bomba estava indo ao ar. E Sana pedia aos deuses para que ela conseguisse assistir sem sentir sua cabeça revirar.

[. . .]

— Nós gostaríamos de saber da sua trajetória, sua história e como chegou a onde está hoje. — dizia curiosa. — Se importaria de nos contar um pouco sobre?

Jihyo soltou um longo suspiro, e olhou de relance para Tzuyu que agora segurava a mão de Nayeon, melhor amiga das meninas, meio preocupada sobre onde tudo aquilo poderia chegar. Mas a Park conhecia a Hwang desde sua infância, sabia que Tiffany não obrigaria ela a dizer nada que ela não quisesse, mas ainda assim existia uma certa tensão por dizer toda a verdade, e simplesmente jogar o verde.

— Sabe, quando se é criança absolutamente nada pode abalar seus sonhos, a não ser que não haja apoio, o que felizmente não foi o meu caso. Meus pais sempre me apoiaram a partir do momento em que eu vi em um programa de televisão um grupo de garotas cantando e dançando e olhar para aquilo e falar que eu queria ser que nem elas. — sorriu nostálgica. — Me tornei trainee muito cedo, com dez anos eu já estava dentro da empresa dos conhecidos dos meus pais treinando; eram aulas de dança, canto e idiomas, todos os dias. Tudo era bem exaustivo, mas eu adorava. Todos os idols já me conheciam, Taecyeon falava que eu era o mascote da empresa.

— Eu me lembro disso. — a mais velha soltou uma risadinha.

— Debutei em 2013, aos 16 anos. — dizia. — Era um simples girl group de uma empresa que estava começando a crescer e ter seu nome na indústria, e nós logicamente ajudamos a impulsionar isso. Tivemos nosso sucesso, mas era um grupo com data para o início e o fim. Infelizmente não duramos muito, e o grupo teve o seu disband quatro anos depois e no mesmo ano eu tive o re-debut como a solista mais nova da empresa. Desde então são cinco anos como solista, porém o total de nove anos de idol e quinze na indústria. Meu pai fala que eu cresci nos holofotes, mas nem sempre tudo foi fácil.

— O hate sempre foi algo que esteve com você desde seu debut no Sixteen. — Tiffany complementava.

— Eu era a mais nova do grupo, as meninas tinham mais de vinte anos e eu era a melhor definição de makenae. — explicou se lembrando das suas antigas integrantes enquanto olhou de relance para Nayeon que sorria orgulhosa. — A mídia não gostava da ideia de uma adolescente debutando em um grupo de jovens adultas com a vida praticamente feita, enquanto eu ainda estava na escola. Era difícil lidar com as pessoas falando que o grupo seria melhor sem a minha presença e que eu não fazia muita diferença ali. — suspirou. — Infelizmente o hate não parou por ai. O grupo acabou e eu fui a única a re-assinar o contrato e continuar na empresa, segui minha carreira na música e as outras meninas foram todas para a área de atuação. No começo foi difícil permanecer, eu lembro que no primeiro comeback me vi em uma situação aonde eu estava sendo ameaçada nas redes e as pessoas me culpavam por acabar com o grupo.

— Foi ai que tudo deu errado? — questionou apreensiva, lançando uma leve olhada para Nayeon que apenas prestava atenção em tudo.

— Não. — negava se recordando da situação — Esse foi o estopim para um grande deslize na minha vida. — disse dando uma suspirada forte, procurando forças para falar sobre o assunto. Era tudo muito delicado, mas ela precisava fazer aquilo. — Dali em diante eu comecei a me culpar por algo que sequer havia feito. Foram tempos difíceis. Tempos esses onde Jihye estava internada por conta da doença dela. Meus pais em Busan e eu em Seul, sem poder sair da cidade para vê-los. Toda semana eu estava ocupada; comerciais, entrevistas, gravações para MVs e programas de variedades. Até o dia em que eu desmaiei no meio de uma gravação, e fui parar no hospital por conta disso. Nayeon brigou comigo, passei um dia inteiro na U.T.I por não me alimentar direito e não me cuidar. Isso foi apenas o começo. — sentiu seu olhos lagrimejarem, mas ela se forçou a não chorar. — Eu fazia tudo no automático, acordava cedo e passava horas no studio, não me alimentava direito e apenas bebia água e comia algumas coisas que lembravam de trazer para mim quando alguém se dava conta do tempo que eu estava ali. Tinha costume de voltar para casa tarde e dormir poucas horas, acordando no dia seguinte e trabalhando da mesma intensidade do dia anterior. Mas chegou um momento em que nada fazia sentido mais, meus dias pareciam ter se tornado uma piada sem graça; eu odiava ouvir minha própria consciência, eu sentia como se a minha vida fosse um comercial de margarina o qual eu ansiava por mudar, mas eu sequer sabia onde estava o controle da tevê. — "brincava" com suas próprias mãos para evitar o nervosismo. — Tzuyu me levou ao psicólogo e durante esse tempo eu vim a desenvolver ansiedade e depressão. Passei anos tomando remédios e mais remédios para controlar isso, tomo eles até hoje em dia, mas em uma quantidade bem reduzida, nada comparado como antes. E muito disso foi graças a ela.

purple • sahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora