Capítulo 11

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O resto da tarde passou como um borrão. Me recordo apenas de chegar em casa com mil pensamentos colidindo em minha mente, subir as escadas depressa e me atirar na cama, para somente me levantar de novo dali a algumas horas.

Em meio a todo o choque e a todas as perguntas ainda não respondidas, das quais somente uma possuía resposta possível, fui capaz de reunir forças para ficar de pé e rastejar até o banheiro.

Um longo banho ajudaria a clarear minha mente, a relaxar, e principalmente, a me fazer sentir limpa após toda a sujeira que Sehun havia despejado sobre mim ao revelar suas mentiras do passado.

Tudo ainda era demais para assimilar.

Se ele realmente estava dizendo a verdade, se ele realmente é pai de Ben, então... Eu havia sido culpada pelo que Jungkook estava enfrentando ao decidir lidar com a suposta paternidade e teria que enfrentar ao descobrir que tudo aquilo era uma farsa, tramada pela própria prima e atestada como verdade pelo melhor amigo.

Por mais que eu soubesse que também havia sido enganada, assim como todo o resto da família, e não tinha como sequer imaginar que tamanho absurdo poderia ter acontecido, por mais que soubesse que em momento algum agi de má fé, que apenas segui o que acreditava ser certo... A culpa ainda pesava sobre meus ombros.

E se Sehun estivesse falando sério? E se fosse mesmo verdade? Como contar a Jungkook?

Ele perderia o controle, eu sabia que sim. Se eu ainda o conhecia tão bem quanto imaginava, seria difícil conseguir contê-lo, impossível impedi-lo de atacar os responsáveis por tamanha traição e pelos anos de culpa reprimida.

Ele ficaria arrasado.

Talvez me odiasse por tê-lo feito repensar suas decisões...

Outro fator preocupante era que, sem dúvida, ele havia se apegado à Ben, pelo menos um pouco, e o menino, a ele, também. Ainda que meu coração doesse por Jungkook, minha maior preocupação era o estado em que aquela criança ficaria diante de tamanha confusão.

E a culpa era toda de Emily e Sehun.

E, em parte, minha.

Já havia anoitecido quando enfim saí do chuveiro, ainda pior do que quando havia entrado. Ao menos, uma certeza agora eu tinha: eu precisava saber a verdade, e tomar a decisão certa dessa vez, qualquer que fosse o preço a pagar por isso.

Estava enrolada na toalha, procurando por um pijama em meu guarda-roupa, sem energia nem para acender as luzes, apesar da relativa escuridão, quando a campainha tocou.

Meu coração quase parou ao imaginar quem poderia ser àquela hora, e imediatamente pensei em Sehun.

O medo que agora acompanhava sua presença se instaurou em meu peito com força total, ainda que eu tivesse plena noção de que precisava dele para comprovar a veracidade de sua história; me esgueirei até a janela, tentando ver quem estava parado à porta sem ser vista, e meus joelhos quase cederam ao identificar o visitante inesperado.

Sem qualquer outro sentimento a não ser o alívio e a surpresa imensos que corriam em minhas veias, desci correndo os degraus, e com a mesma pressa, abri a porta, deparando-me com o principal assunto de minhas preocupações parado sobre meu tapete de boas-vindas.

Nossos olhares se encontraram de imediato, e permaneceram conectados até o instante em que ambos nos demos conta de que um de nós estava parcialmente nu. Engoli em seco, morrendo de vergonha por ter me esquecido completamente daquele detalhe assim que o reconheci da janela do quarto.

Jungkook, por sua vez, apenas deixou seus olhos viajarem por minhas pernas expostas, e rapidamente pigarreou, voltando seu foco para meu rosto, agora furiosamente vermelho.

Biology - Liskook (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora