🌒 0·1 - Pesadelo 🌘

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Um mundo onde Milo não tem uma maldição e todos sobreviveram!

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Era estranho estar fora da ilha, morar longe dela, sentiria a falta do seu pai aonde quer que estivesse, todos percebiam o que se passava em sua mente quando ficava quieto demais, silencioso demais.
Bárbara estava se acostumando bem a cidade, afinal, o lugar em que estavam morando era incrível e confortável, Amelie e Olivier eram ótimos colegas de quarto, se sentia imensamente grato por abriga-los quando já não tinham para onde ir.
As vezes escutava Bárbara chorando no banheiro, imaginava que seria pelo mesmo motivo do seu silêncio, haviam perdido as únicas pessoas de sua família, não era fácil seguir em frente com tudo tão recente.
Mas com as semanas pareceu suportável, mas algumas noites eram piores que as outras, noites onde tinha pesadelos com o seu pai, morto, sem rosto, em alguns ele o perseguia com fúria, em outros ele estraçalhava seus amigos, e sempre que acordava na madrugada, chorava baixinho, tão baixinho que ninguém havia percebido.
Mas não conseguiu esconder pra sempre, acordou suado mais uma vez, em pânico e desesperado, afundou o rosto no travesseiro mas mesmo assim acabou soluçando um pouco alto demais, ele não queria incomodar os outros, não podia fazer isso, mas então ouviu alguém bater fraquinho em sua porta.
-Milo... - Ouviu a voz de Olivier atrás da porta - Ta tudo bem?
Não teve coragem de responder e tentou permanecer em silêncio, mas isso só fez com que ele ficasse mais preocupado.
-Milo? - Então soluçou de novo, sem querer, segundos após ele entender o que estava acontecendo a porta foi aberta por ele, devagar, e então ele ligou a luz e o viu chorando, agarrado aos lençóis e o travesseiro.
-Desculpa! - Foi a única coisa que conseguiu dizer quando ele fechou a porta e se aproximou, sentando-se na beirada da cama, e mesmo relutante do que deveria fazer, ele estendeu a mão e segurou a sua, a mão livre retirou os cabelos suados de sua testa e segurou seu rosto.
-Nada de desculpas, você não fez nada! - Ele o observou melhor - Você teve um pesadelo, não foi? - Confirmou, ainda sentindo o corpo tremer, a mão dele migrou para sua bochecha e ficou ali, a acariciando com o polegar durante longos minutos, ele não disse mais nada durante esse tempo, soltando um suspiro aliviado quando ficou mais calmo, e as lágrimas haviam parado de escorrer loucamente pelo seu rosto.
-Eu não queria atrapalhar vocês! - Falou sincero, mas viu ele revirar os olhos com um sorrisinho no rosto.
-Isso é tão você! - O polegar dele ainda acariciava sua bochecha - Você precisa conversar sobre isso com alguém! - Ele falou preocupado, se ajeitando melhor na cama para observa-lo - Tenho certeza de que seu pai iria querer que tivesse uma vida feliz, sem pesadelos ou qualquer outra coisa!
-Não sei como mudar isso! - Então a mão dele apertou a sua levemente, se remexeu e apoiou as costas na cabeceira da cama.
-Vou falar com o Wanderley, ele falou que tem alguns psicólogos na ordem caso a gente precise! - Ele olhou a cama e então voltou o olhar para Milo - Toma um banho pra esfriar a cabeça primeiro, a gente resolve isso amanhã! - Ele se levantou e deu espaço para que o outro conseguisse se levantar, e então separou algumas roupas e fez o que ele disse.
Tirar o suor do corpo havia sido muito bom, conseguia relaxar com a água quente que escorria do chuveiro, mesmo que ainda tivesse um pouco de medo de levar choques como Bárbara havia avisado que sentiu quando o usou pela primeira vez.
Saiu do banheiro já com a muda de pijama que Olivier havia escolhido pra ele e o viu retirando os lençóis da cama e as fronhas dos travesseiros, esperou em silêncio que ele o olhasse.
-Quer ajuda? - Ele se virou e negou, juntando tudo em uma enorme bola de tecido e colocando no chão.
-Vou colocar pra lavar amanhã, vamos trocar pra você dormir primeiro! - Ele estava indo em direção do guarda-roupa quando segurou seu braço.
-Eu não acho que vou conseguir dormir de novo! - Falou sincero, já sem sono, e sentiu seu corpo tremer involuntariamente.
-Você tá com frio? - Ouviu a voz dele se aproximar, ele segurou seu ombro, não havia porque mentir sobre isso, confirmou e viu ele parecer pensativo.
-Também não estou com sono, quer jogar alguma coisa pra passar o tempo? - Ele coçou a nuca e esperou ansiosamente por sua resposta, que obviamente foi "sim" - Vem comigo então!
E o seguiu até o quarto dele, sempre teve vergonha de entrar ali sem o consentimento dele e agora era a primeira vez que o via em um mês e meio morando com eles, era incrível e havia muitas coisas que não fazia ideia do que eram, estava maravilhado, seriam muito úteis em fazê-lo esquecer o sonho ruim que tivera, afinal, agora tinha companhia.

☽ · 𝕹𝖎𝖌𝖍𝖙𝖒𝖆𝖗𝖊 · ☾  |  Milovier ShortFicOnde histórias criam vida. Descubra agora