🌒 0·2 - Filme 🌘

805 84 12
                                    

----- · 🧤 · -----

Abriu a porta e deu espaço pra ele entrar, ele olhava com olhos arregalados para os LEDs espalhados pelas paredes, o quarto estava inteirinho roxo menos pela luminária branca que estava ligada ao lado do computador, que começou a analisar com muita curiosidade.
Caminhou até seu armário e tirou de lá um de seus moletons e o entregou a Milo que o olhou surpreso, era fofo ver ele querer saber o que eram metade das coisas que tinham em seu quarto, ele colocou o moletom e então segurou a gola perto do nariz.
-Isso tá muito cheiroso! - Corou quando ele disse isso, não soube bem o porquê, mas estava felizinho com o comentário.
-Ficou grande em você! - Riu se sentando na cadeira do pc e vendo ele abraçar os próprios braços contra o corpo.
-É bem fofinho também! - Ele sorriu, e então não conseguiu não sorrir com ele, era muito fofo vê-lo assim, então o olhar dele foi em direção ao teto - Isso aqui também é muito legal!
-Quer mudar a cor? - Pegou o controle dos LEDs e entregou a ele que arregalou os olhos animado e trocou pra verde, depois para amarelo e por último, azul.
-Você quer assistir alguma coisa comigo? - Abriu uma aba no Google enquanto esperava sua resposta, ele se aproximou, com o rosto bem perto do seu, então sentiu uma vontade imensa de se encostar nele, sua bochecha sempre foi muito macia quando a apertava, mas vontade de colocar seu rosto ali o fez perder a linha de raciocínio.
As vezes a vontade de abraçá-lo simplesmente não passava, e alguns sonhos eram tão criativos ao ponto de ele passar o dia inteiro evitando olhar para ele pois seu cérebro havia imaginado o quão macios eram seus lábios, e a sensação deles contra os seus, morria de vergonha de sonhar com isso mas nunca teve coragem de contar para Amelie, sabia muito bem o que ouviria quando ela soubesse.
Mas ele estava ali, sorridente e curioso a centímetros de seu rosto, e em pé, deveria pelo menos fazer o mínimo e pegar uma cadeira para ele.
-Vou pegar a cadeira da Amelie pra você aí a gente escolhe, já que ela nunca usa a dela! - Disse se afastando do computador e então se virando pra ele, que pareceu ter uma ideia antes que se levasse.
-Eu posso sentar no seu colo! - Ele falou normalmente, juntando as mãos na frente do corpo e observando o catálogo de séries e filmes que mostrava no monitor, e nem percebeu o quanto havia afetado o Florence, estava de olhos quase arregalados e seu corpo simplesmente travou, se ele tivesse levantado, agora com certeza estaria estatelado no chão.
-No meu... colo? - Falou de forma notavelmente lenta, e ele confirmou e então se virou para si, dando de ombros, tinha certeza que ele só não havia percebido seu rosto completamente vermelho só porque o quarto estava azul.
-Sim, eu vi a Bárbara e a Amelie fazerem isso no dia que o carro tava muito cheio quando elas ganharam carona de alguém da ordem, a Amelie não gostou muito mas eu não tenho problemas com espaço! - Então ele direcionou o olhar para sua direção e então tapou a boca - Você tem problemas com espaço também? Meu Deus, desculpa!
-Não! - Ficou surpreso com a própria rapidez que havia negado a informação, óbvio que seria estranho Milo se sentar no colo dele, mas os motivos eram outros, morreria de vergonha se ele soubesse as mil coisas que estavam se passando em sua mente após a oferta - Você vai ficar mais confortável na cadeira, não acha?
-Não sei! - Então ele se aproximou e se sentou sem mais nem menos em seu colo, agarrou os braços da cadeira e prendeu a respiração no susto, e aí estava ele agora, sentado de lado no seu colo e parecendo muito, muito confortável - Não é ruim!
Olhava para o rosto dele de relance com as bochechas queimando, e tentando ao máximo não tocar ou encostar em qualquer outra parte do corpo dele com os braços, sentia que eles pegariam fogo caso o fizesse sem querer, ele agora olhava para o teclado e mouse com curiosidade.
-Como mexe nisso? - Ele se remexeu eu seu colo e o olhou, não fazia ideia do que dizer ou fazer, o coração estava a mil por hora e ele deveria com certeza estar escutando, teria que fingir que estava tudo bem e então olhou para o monitor, precisava pensar em outra coisa.
-Ah.. a-assim! - Gaguejou e sentiu as bochechas mais quentes do que achava que fosse humanamente possível, estava se sentindo um verdadeiro pateta mas queria no mínimo, ensinar ele a mexer no computador - Você usa o mouse pra mexer isso! - Foi apontar com o braço direito e acabou o encaixando na cintura do outro, resolveu usar a mão esquerda mesmo.
-E essa parte que brilha? - Ele perguntou olhando para o meio do mouse.
-Isso desce a tela! - Se aproximou mais da tela e sentiu ele se aninhando na cadeira em parte de seu peitoral, Deus o ajudasse, ele queria abraçá-lo e não soltar mais, ele parecia tão confortável e entretido depois do pesadelo que parecia maldade tira-lo dali, custaria toda sua sanidade e autocontrole para não infartar ali mesmo, mas faria por ele - Esse botão aqui faz os as coisas abrirem, o teclado você escreve o nome dos filmes na lupinha ali em cima.
-Entendi, podemos ver qualquer coisa? - Ele olhava as miniaturas dos filmes.
-Sim, você quer ver o quê? - Mexeu no mouse e ele se aproximou mais do seu corpo para não atrapalhar, apertou os lábios em leve pânico mas foi em direção da categorias - Tem comédia, ficção, aventura...
-Que legal, você tem uma Tv no quarto! - Ele apontou para ela na parede e então sentiu que seu cérebro quase derreteu, eles podiam estar assistindo filme ali invés do computador.
-Nossa eu esqueci total da existência dela! - Falou percebendo sua falta de atenção e memória, estava tão acostumado a viver no computador que mal lembrou pra que servia a tv, e então ouviu Milo gargalhar, pela primeira vez em semanas, uma gargalhada contagiante e sincera - Ei, não ri de mim! - Cutucou ele que deu um pulinho e se aninhou mais em seu corpo, a essa altura do campeonato já havia começado a se acostumado com o corpo dele, estava estranhamente encaixado no seu.
-Quero assistir algo engraçado! - Ele segurou o mouse sobre sua mão e direcionou em comédia, escolheu um filme que parecia legal e então o abriu.
Em menos de meia hora os dois estavam largados na cadeira, Milo havia escorregado com o tempo e deitado em seu ombro, e sua mão migrou de forma tão natural pra cintura dele que só percebeu quando o braço dele encostou nela, ficou envergonhado e a tirou dali, e então alguns minutos depois Milo se revirou desconfortável.
-Oli... - Seu nome foi chamado baixinho, levou sua atenção até o rosto dele em seu ombro - Você... - Ele desviou o olhar e passou a mão sobre a bochecha, como se não soubesse o que fazer - Você pode por a sua mão de novo aqui... - Ele pareceu constrangido pelo pedido e então viu a mão dele sobre a cintura.
-... ok! - Levemente levou a mão até a cintura dele como estava mais cedo e então a segurou, isso seria motivo de ansiedade algumas horas antes mas agora aquilo parecia tão normal que gostava de estar assim, havia se acostumado já com a situação.
Então ouviu o barulho da porta de entrada da casa, provavelmente Amelie e Bárbara haviam chegado em casa depois do treinamento que estavam fazendo na base, e então os passos começaram a ir em direção da sua porta e ela foi aberta, uma Amelie acabada e olhando o celular apareceu segurando a maçaneta.
-Olivier eu to morta então vou dormir até a puta que pa... - Ela tirou os olhos do celular e então viu os dois assistindo filme juntos, seu olhar alternou entre Milo e Olivier e então parou na cadeira onde os dois estavam agarrados e nem sequer se mexeram quando ela entrou, um sorriso malicioso brotou no rosto dela e então ela continuou como se nada tivesse acontecido - Vou acordar tarde pra caralho, oi Milo!
-Oi! - Ele deu um tchauzinho pra ela.
-Me entregaram isso pra trazer pra vocês! - Ela esticou uma sacola e então a segurou com a mão livre.
-Obrigada? - Olhou dentro e tinha vários mini salgadinhos.
-Ivete que mandou! - E então ela fechou a porta e saiu, virou a sacola pro Milo e ele comeu uma empada.
-Gostoso! - E então ele pegou outra e levou até perto de sua boca, ficou sem saber o que fazer - Come! - Então abriu a boca e comeu a empadinha, o filme continuou e acabou rindo de uma piada clichê do filme e só então notou que ele o observava em silêncio.
-Tudo bem? - Ele fez que sim, mas continuou o olhando.
Não conseguiu desviar o olhar do dele então também o olhou, com o filme ficando para segundo plano, não sabia o que ele queria mas era muito bom ter ele nos braços, não queria romper isso agora.
Mas se surpreendeu quando a mão dele migrou cautelosamente para seu rosto e acariciou sua bochecha, se aninhou sobre ela ainda sem quebrar o contato visual.
-Você fez isso quando eu acordei! - Confirmou devagar vendo o olhar dele descer para seus lábios, poderia ser seu cérebro o enganando mas estava vendo claramente, ele molhou os lábios com a língua acidentalmente, isso fez com que a boca de Olivier ficasse seca.
-Fiz! - Então ele se levantou, não totalmente, ainda estava em seu colo, mas agora estavam frente a frente, e não havia outro lugar que gostaria de olhar que não fosse ele.
-Foi legal da sua parte! - A mão dele escorregou para sua nuca, brincando agora com seus fios de cabelo, sentiu o corpo se arrepiar com o toque - Obrigada!
-Tudo bem, tudo ainda é muito recente pra gente, mas vai passar! - Sorriu pra que ele não pensasse muito sobre isso, porém sentiu a mão dele parar de mexer em seus cabelos.
-Oli... - Ele olhou novamente para seus lábios e depois voltou aos seus olhos - Eu quero... - Não terminou a frase, mas passou o polegar sobre seus lábios com delicadeza, agora sabia exatamente o que ele queria, e seu coração se agitou, a respiração se acelerou, afinal, ele também queria o mesmo, a muito, muito tempo.
-Milo... - Apertou os lábios e suspirou profundamente, não dando muita atenção que sua mão agora agarrava a cintura dele - Você tem certeza? - Sentiu os próprios olhos cheios de súplica, já faziam dias que ele sonhava com isso mas não sabia se seria certo, não sabia se ele realmente queria, se Milo achasse que só estava retribuindo um favor seu coração ia se partir e inúmeros pedacinhos.
-Eu quero muito te beijar! - Ele se aproximou subitamente e juntou ambas as testas, fazendo com que seu coração quase parasse quando sentiu os lábios dele passarem de raspão sobre os seus, precisava mais disso do que estava imaginando - Não consigo parar de pensar nisso agora!
-Milo... - Levou a mão esquerda para o rosto dele, ele não havia beijado o Florence ainda, não sem o seu consentimento.
-Se tudo aquilo não tivesse acontecido... - Sentiu a mão dele agarrar sua camiseta.
-O que? - O olhou com curiosidade agora.
-Eu ainda teria feito isso se nada daquilo tivesse acontecido! - Ele respirou fundo e esperou, esperou alguma reação de Olivier, e recebeu surpresa, se o paranormal não existisse, ele ainda faria isso, se o pai dele estivesse vivo e bem, ele ainda faria isso.
Levou a mão esquerda para o pescoço dele e o beijou, em um misto de carinho e desespero, desejava isso a muito tempo, e agora ele sabia que mesmo que aquela aberração tenha feito um estrago e tanto, eles saíram vivos, e Olivier e Milo ainda desejavam muito fazer isso.
Eram duas pessoas sem nenhuma experiência relevante, tinha dúvidas sobre esse ser o primeiro beijo do outro, mas estava sendo incrível, não faziam ideia se eram bons no que estavam fazendo, mas sentir os lábios dele contra os seus era maravilhoso, era uma sensação que nunca haviam sentido em suas vidas, e estavam amando.

☽ · 𝕹𝖎𝖌𝖍𝖙𝖒𝖆𝖗𝖊 · ☾  |  Milovier ShortFicOnde histórias criam vida. Descubra agora