𝖳𝗁𝖾 𝖣𝖺𝗋𝗄𝗌𝗂𝖽𝖾 • 𝖤𝖽𝖽𝗂𝖾 𝖬𝗎𝗇𝗌𝗈𝗇 (Em Revisão)

CAP 11 - Curse

Assim que chegamos no trailer tive a missão de colocar um Peter bêbado para dormir, não sei como ainda consegui fazê-lo escovar os dentes já que ele não calava a boca e seu equilíbrio era inexistente. Coloquei ele na cama e esperei alguns minutos para ter certeza de que estava dormindo.

Fechei a porta com a maior delicadeza para que não o acordasse e fui em direção a sala onde Eddie estava.

— Dormiu? — perguntou sentado no sofá, seu ante braço apoiado em suas pernas e suas mãos estavam entrelaçadas.
Coloquei as mãos no bolso e assenti com a cabeça.

— É, dormiu.

— Que bom. — ele deu um sorrisinho sem dentes e encarou suas mãos. O clima estranho era totalmente perceptível e acho que prefiro discutir com ele do que ficar nesse silêncio constrangedor, precisamos resolver isso, seja lá o que for. Antes que eu pudesse falar algo ele me encarou e disse: — Precisamos falar sobre o que aconteceu ou-

— Não. — o interrompi depressa.

Ele balançou a cabeça positivamente. — Ótimo, ótimo! — engoli um seco olhando para meus pés, é.. acho que então é isso. Fingir que nada aconteceu seria ótimo. Nós estávamos sozinhos e rolou um clima, foi isso que aconteceu. Nada demais. Não somos mais crianças. E acredito que ele pense o mesmo.

— Amigos então senhor Munson? — sorri o encarando. Ele riu.

— Isso é um progresso senhorita Greene? — disse surpreso.

— Pode apostar que é! Você foi de idiota irritante para amigo idiota irritante. — zombei levando as mãos para a cintura.

— Ótimo, só deixe seu amigo ficar sabendo quando você for atacá-lo com seus lábios de novo! — disse todo vanglorioso, abri a minha boca chocada e indignada e então sorri dando de ombros.

— Não sei do que está falando, somos amigos que nunca nos beijamos, lembra? — dei uma piscadela e ele assentiu.

— Assim que eu desinfetar minha boca, sim. — provocou. Filho da mãe.
Mostrei o dedo do meio e fiz as roupas limpas e secas que estavam na bancada voarem na sua direção.

— Veste isso e vá dormir.

Ele lambeu os lábios agarrando as roupas contra seu corpo e me encarou com um sorriso de lado e impiedoso. — Ok, mamãe.

Revirei os olhos e fui em direção ao meu quarto o deixando para trás. Ele e seu pijama de flanela vermelho.

Fui atacada por lembranças assim que deitei minha cabeça no travesseiro. Respirei fundo tentando afastar esses pensamentos indesejáveis mesmo que eu ainda sentisse suas mãos por todo meu corpo. Não acredito que eu esteja nesse tipo de carência.
Isso é a última coisa que eu preciso agora, tenho problemas mais importantes e urgentes para resolver.
Apesar de achar divertido as provocações com o Munson, mas não irá passar disso. Não de novo. O meu subconsciente lembrou. Mas o fato de ele estar a passos do meu quarto não ajuda nada. Fechei os olhos me forçando a dormir e esquecer toda essa merda.

Meu sonho começou como o de todas as outras noites onde eu estava na sala de treinamento na minha base na Alemanha e acabara de derrotar Clarisse na luta com espadas. Ela era um pé no saco, lembro de ter ficado tão feliz que treinei por doze horas seguidas naquele dia. Sacava minha espada de bronze afiada e golpeava o peito do boneco de palha repetidas vezes de umas cinquenta maneiras diferentes, era divertido. Era a coisa mais normal e decente que tinha para fazer por lá.. era onde eu relaxava podemos assim dizer.
Sustentei o peso do bronze como se fosse feito de papel e então o balancei fazendo um aro sobre minha cabeça, dei meu grito de guerra me preparando para acertar meu inimigo de palha mais uma vez mas algo me impediu, o vento frio bateu em minhas costas e a sala que era iluminada escureceu. Abaixei o bronze e relaxei meus ombros que estavam tensos há segundos atrás, aos poucos o cenário que estava em minha frente foi se reduzindo a fumaça preta deixando a vista de uma rodovia silenciosa e bem, bem fria. Encarei minhas mãos, o metal se fora. Eu estava em outro lugar.. não me é estranho.. estava em Hawkins, não muito distante do parque dos trailers. Que diabos?
O vento forte bateu novamente em minhas costas, a voz rouca fez meus ossos estremecerem.