Eu vou ficar

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Eu aparentemente não estou morta.

Afinal, mortos não deveriam sentir dor, não é?

Mas eu estava sentindo, meu corpo inteiro doía, como se eu realmente estivesse em chamas.

Abri meus olhos e já sabia que eu havia voltado pra onde tudo aconteceu.

[...]

- Ambar, não seja tola, o papai vai dar um jeito nisso, ele sempre deu. - Amy sempre foi otimista, acho que era por isso que todos sempre gostaram dela.

Já eu, nunca fui muito good vibes e além disso eu conhecia o papai melhor do que ela, eu sabia que não tinha jeito de sair disso, não do jeito simples.

Ele tava devendo, dívida alta com uns mafiosos, essa merda de jogo tava acabando com o nosso patrimônio, ele não podia pagar as despesas da casa quem dirá a mensalidade da faculdade de moda em Milão que ele havia prometido a ela.

Ele nunca conseguia manter suas promessas, velho maldito.

Suspirei abraçando a minha irmã, carinhosa.

- Eu sei, confio nele, volto para Nova York no fim de semana, a reforma do apart no Upper East Side acabou.

- Aaaa você jurou que ia passar um tempo em Milão comigo, papai disse que o dormitório é ruim, estamos procurando um apartamento para mim, queria você lá comigo.

- Eu vou pra Milão, Amy. Eu prometi lembra? - Ela sorriu dando pulinhos.

- Eu só tenho que resolver isso e vamos comprar seu apartamento. - Ela girou pegando os cadernos de desenho sobre a mesa.

- Jura? - Assenti.

- Juramento de dedinho. - Entrelaçamos os mindinhos e sorri indo com ela até o Uber.

Eu fui para Nova York no fim de semana.

Enterrei minha irmã na segunda-feira, 22/04/2018

Ele não resolveu nada, ele continuou fazendo dívidas e o preço a ser pago foi a vida da minha irmã, eu o jamais o perdoaria por isso enquanto ainda fosse viva.

[...]

- Ei! Ei! Ambar, acorda! - Forcei meu corpo para cima, já com a faca em mãos pronta pra partir qualquer pessoa ao meio. - Ei, sou eu, lembra? Vassa.

E lá vamos de nós de novo.

- Abaixa a arma, por favor. - Ela prosseguiu e abaixei a faca.

- Desculpe. - Ela tocou em minha testa.

- Você está queimando de febre, e seus ferimentos não estão curando, melhor buscar uma curandeira. - Dei ombros e me forcei a levantar, mas meu corpo parecia pesado demais pra carregar. - Ei, ei, calma aí garota, vai se machucar. - Suspirei me sentando na cama novamente vencida pelo cansaço. - Vou chamar Lucien, ver se ele pode resolver.

Lucien, o gostoso com a cicatriz no rosto. Boa ideia, melhor morrer com uma boa vista, antes dos meus pecados começarem a passar como um flash.

Ela saiu do quarto com delicadeza e me joguei na cama novamente, tudo girando e girando, acho que estou doente.

Apertei os olhos na tentativa de continuar atenta e ele entrou pela porta.

O cabelo solto e o abdômen exposto, ele havia sido tirado da cama, mas que horas eram?

Olhei pra janela na busca de orientação, mas aparentemente eu não sabia nada sobre as horas deles, eu não sabia nada nem de quem eles eram, nem de onde eu estava.

Arcadia - Imagine Lucien X OCOnde histórias criam vida. Descubra agora