Não flerte comigo, Ambar!

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Mal consegui dormir aquela noite e nas outras também, Lucien passava a maior parte do tempo fora ou estudando documentos que eu não tinha autorização nem pra pensar.

Nessa semana tive duas percepções, Lucien era um babaca da pior espécie e eu estava terrivelmente fodida se tivesse que contar com a bondade do coração dele, mas que Vassa e Jurian poderiam ser as melhores pessoas a se ter por ali.

Eu ajudava Vassa a caçar de manhã e depois Jurian me treinava, eu já conseguia equilibrar a minha força e não sair por aí balançando a casa por que encostei a porta.

A audição e o olfato ainda eram um problema, mas não me permiti passar isso para Jurian, ao invés disso, tracei a jornada inicial da heroína.

E ela tinha três regras a serem cumpridas.

1. Seja boazinha.
2. Seja obediente.
3. Não crie laços afetivos.

Então eu fiz o papel de boa moça e comecei a interpretar, talvez eu devesse ganhar o Oscar toda vez que ria ao redor da lareira, tão real, tão doce.

Mas naquela noite tudo parecia diferente, quando Jurian e Vassa se retiraram com alguma desculpa bem esfarrapada e me deixaram ali com ele.

Eu sabia que ele estava ali, sabia que uma única palavra ou som poderia iniciar uma conversa, mas não quis, preferi o crepitar das chamas ou invés da voz fria do homem ao meu lado.

Ele tinha se decidido.

- Tenho uma expedição amanhã, Tamlin tem um homem a menos, poderia cobrir o desfalque? - O encarei, o olho cor de cobre refletindo a luz emitida da lareira.

- Você precisa mesmo disso? - Perguntei incisiva.

- Não. - Ele virou o rosto me encarando e minha nossa, eu não tinha me permitido analisá-lo de perto, o rosto perfeito parecia ter sido desenhado por algum grande artista, como uma obra de arte, mesmo com as cicatrizes, aquele homem deixava qualquer pobre moça aos seus pés sem nem o mínimo esforço.

Balancei a cabeça retornando ao foco inicial, ele havia me convidado para preencher o desfalque da sua equipe, a equipe de Tamlin.

- Eu vou. - Afirmei e Lucien se levantou.

- Ótimo - Soltei o ar devagar e ele saiu da sala.

Que ótimo mesmo Ambar, vai ficar presa por sei lá quanto tempo com um macho do qual desconhece.

Revirei os olhos com aquele pensamento, eu estava agindo como uma idiota, muito, mas muito idiota.

[...]

- Então... Pra onde nós vamos? - Perguntei enquanto ele selava o que a propósito acho ser o meu cavalo.

- Pra Corte Primaveril. - Ele me olhou sobre o ombro e o segui até os estábulos recém construídos.

- Assim, é que então... eu não sei cavalgar. - Disse e ele parou bruscamente girando os calcanhares.

- Ah, e só me fala isso agora? - Apertei os lábios e ele apenas pegou algumas armas e me entregou, voltando em direção ao cavalo recém selado. - Sabe ao menos subir no cavalo?

Assenti com desdém, ele tava me tirando? Óbvio que eu sabia subir, eu só não cavalgava. Equitação não é mais necessária em um mundo onde existem motos e carros muitos mais velozes do que mil cavalos juntos.

- Ótimo. - Ele subiu no cavalo e me estendeu a mão.

- Isso é longe? - Eu não era fresca, mas eu não ia cavalgar o dia inteiro com a minha bunda em cima de um cavalo.

Arcadia - Imagine Lucien X OCOnde histórias criam vida. Descubra agora