Wolvertown {Ziam}

Capítulo XII

"Nas nuvens, onde os anjos cantam
É o sorriso dele... É tudo que eu vejo
Nos olhos dele, é onde eu quero estar"

Zayn havia acordado naquela manhã inspirado para escrever, pegando seu pequeno caderno e escrevendo o pequeno verso ali. Desde que chegara em casa no dia anterior, do espetáculo de balé onde foi e teve a companhia de seu príncipe, uma onda de ideias o invadiu, e não escrever não era uma opção. Fazia um certo tempo que o moreno não escrevia nada em particular, em verdade, não escrevia nada que o tocasse sentimentalmente, que fizesse sentir seu peito queimar com as rimas, nem suas trovas o faziam se sentir nas nuvens como os sonetos de Shakespeare que sempre lia. Contudo, foi ao conhecer Liam que algo mudou dentro de si, o trazendo muito mais que apenas inspirações. Poderia culpar a paixão avassaladora que nutria pelo belo príncipe de olhos brilhantes, poderia ser a beleza encantadora e sedutora do outro, da conversa agradável e inspiradora que tiveram, do som da voz firme e rouca em seus ouvidos narrando a história de Nina em "Quand le bien-aimé reviendra". Muitas eram as possibilidades, mas uma coisa era certa, Liam era, de fato, a fonte de inspiração mais pura e genuína de Zayn.

Decidindo ir até seu lugar preferido, na intenção de escrever mais, foi de encontro a floresta, fazendo seu caminho até o lago de águas cristalinas. O sol brilhava bastante, as bochechas do escritor já estavam rosadas pelo calor que a estrela maior do nosso universo depositava ali, seu corpo estava fadigado da caminhada, gotas insistentes de suor faziam caminhos em sua testa, o dia estava lindo, as árvores pareciam animadas  dançando com o vento, o sorriso que Zayn mantinha em seu rosto era o mais puro, ele amava aquele cenário, tudo era tão simples, e bonito, no entanto, talvez essa não fosse a cena mais bonita, ou até mesmo intrigante, que veria naquele dia.

Desejo...

O desejo é um sentimento impulsivo resultante da reativação da memória da satisfação já experimentada quando há a necessidade de repetir, de sentir aquilo novamente. O desejo é sempre secundário, só sendo possível depois de uma primeira experiência de satisfação, quando já se teve ao menos uma vez na vida, bom, isso é o que sempre nos foi dito. Contudo, ao assistir Liam nadando nas águas calmas, das lágrimas do deus Skylar, Zayn o desejou tão fervorosamente, que era como se já tivesse experimentado daquele corpo antes, repetida e incessantemente.

Zayn não era do tipo inocente, sabia bem o sentimento que estava sentindo, já havia lido muito em sua vida, de tudo um pouco, de seus sonetos de Shakespeare, a livros de anatomia ou física quântica, tudo que fosse, em sua concepção, interessante, ele leria com pura dedicação. Com seu caderno surrado em suas mãos, o usou como âncora para o manter na realidade, o trazendo de encontro a seu peito, o abraçando apertado ali, garantindo que seu corpo não flutuasse até aos céus, achando que finalmente iria adentrar nos portões celestiais, enquanto seus olhos estavam presos na criatura mais bela que já teve a oportunidade de ver em toda sua existência. Se o moreno estava encantado com a beleza daquele dia, ao ver Liam nadando naquelas águas cristalinas, com o tronco de seu corpo desnudo, seus braços fortes e bronzeados se alternando simultaneamente puxando a água para trás, fazendo seu corpo navegar como navio no oceano, como se estivesse flutuando em nuvens, foi apenas demais para não sentir o desejo ardente de ter aqueles braços ao redor de sua cintura, o envolvendo num abraço apertado, cheio de luxúria. O sol fazia questão de iluminar aquele pequeno pedaço de paraíso, com seus raios de luz refletindo sobre as águas, era como os lustres de cristal puro do palácio, brilhando em tons de arco-íris, era a descrição exata de perfeição.

Quando Liam estava saindo das águas, vindo até seu encontro, com aquele sorriso em seus lábios, diferente dos que o moreno já havia recebido antes do príncipe, o coração de Zayn se desesperou, sua garganta secou, seus olhos, que já eram fixos naquele corpo molhado com as gotas de água, traçaram caminho por entre os relevos dos músculos definidos do príncipe, se perdendo ali; seus dedos doloridos e as juntas já estavam esbranquiçadas de tanto apertar o caderno grudado em seu peito; suas pernas poderiam falhar a qualquer momento, e então algo inesperado aconteceu, suas bochechas coraram fortemente, e com o pouco de força de vontade que ainda tinha, virou-se de costa para onde Liam vinha.