ventilador

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A madrugada chegou
Já é o meio da noite
E acordado estou
Tentando esquecer o açoite

Tantos acontecimentos
Que para baixo me jogaram
Tantos momentos
Que lágrimas, de mim, derramaram

Ninguém avisou que a adolescência teria tantos momentos
Sem contas pra pagar não significa nenhum problema
Em uma interminável batalha, ao relento
Todos os dias enfrentando outro terrível dilema

Seria mais fácil, simplesmente, parar de crescer
Acreditar que eu estou subindo de elevador
Para o lugar mais alto, e entender
O que me mantém calmo no meio da noite é o barulho do ventilador

Eu não espero que, algum dia, isso faça sentido
Ter tantos amigos, mas se sentir tão sozinho
Vivendo em uma corrida diária contra o tão temido
E, no fim do dia, sendo visto como o garotinho

Aquele garotinho das fotos
Aquele que, um dia, já foi tão amável
Aquele que, hoje em dia, esqueceu o que é ter modos
E que, talvez, já não seja mais tão afável

Ninguém avisou que a adolescência seria tão obscura
Que todo esse vazio me tomaria por dentro
Como uma doença sem cura
Aonde todos apenas veriam como coisa do momento

Seria mais fácil, simplesmente, sorrir
Agir como se estivesse tudo bem
Como se essa insegurança não estivesse aqui
E eu estivesse completo, também

A noite caiu, tudo aquilo voltou
Toda a felicidade se esvaiu
E o medo me tomou
Mas eu continuo ouvindo o barulho do ventilador

pintando o paraíso.Onde histórias criam vida. Descubra agora