O anúncio dado por Rosângela fez com que sua equipe médica entrasse em pânico.
— Isso não pode ser real. Eles devem ter mandado o enfermeiro ainda com vida pra cá. É a única explicação plausível. Nesse momento, precisamos manter a calma e começar a procurar — orientou ela.
— Isso só pode ser alguma sacanagem, fala sério — reclamou um dos enfermeiros.
— Não é possível mesmo. Onde já se viu morto voltando à vida depois de tanto tempo? — indagou João. — Eu abri o peito dele, Rosângela. Mesmo se ele tivesse chegado vivo aqui, com certeza ele não estaria mais vivo após o que eu fiz com o corpo dele.
— Além disso, todos nós vimos o estado em que ele chegou. Estava com a região abdominal necrosada! Não é possível que ele tenha simplesmente levantado. Não é possível que ele tenha sobrevivido.
— Ok, pode falar. Onde estão as câmeras? É alguma pegadinha médica, reality show... Medical BBB, é isso? — brincou um dos biomédicos.
Rosângela sequer alterou sua expressão. Seu olhar transmitia um sentimento de reprovação a todos os comentários que surgiram na sala. O desgosto pela opinião dos colegas e as múltiplas tentativas de manter o controle da equipe tornavam Rosângela a mais firme ali presente. Sua posição rígida fazia com que ela parecesse insensível à situação.
— A gente precisa manter a calma e começar a procurar — repetiu ela, olhando para todos os membros da equipe.
— Você não está falando sério, não é mesmo? — retrucou um deles.
— Olhe bem para mim. Você acha que eu estou brincando?
— Definitivamente não.
— Então, sem mais discussões. Alguém errou feio na hora de emitir o laudo — complementou a doutora. — Ele pode ter entrado em um estado raro de coma após o ataque no hospital e portanto foi declarado como morto, mas aparentemente não está. Ou então alguém levou o corpo para outro lugar nesse curto intervalo de tempo. Não sabemos. Não há como termos certeza. Vamos atrás dele agora mesmo!
Rosângela dividiu a equipe em duplas para facilitar a busca ao ex-cadáver. João, que não foi designado a nenhuma dupla, ficou responsável por correr ao encontro dos policiais para pedir que o local de contenção fosse isolado dos andares superiores. Depois de percorrer os corredores em desespero total, João avistou um policial que estava cochilando próximo à uma das entradas do local de contenção. A entrada especial dava acesso ao estacionamento dos funcionários.
— Acorda, acorda! Me ajuda a fechar isso aqui, aconteceu algo inesperado! O cadáver... É, quer dizer, o enfermeiro atacado está caminhando por aí. Anda, não temos tempo — disse João, ofegante, tentando fechar a porta enquanto o policial levantava.
Bem que ele podia se levantar um pouco mais depressa. Será se não tinha entendido que a situação era meio que urgente?
João precisava de paciência. Mas a paciência passava longe da pele de João. Ele não estava nenhum pouco a fim de esperar aquele policial lerdo despertar para fazer alguma coisa. E realmente não esperou. Tomou iniciativa e foi até os controles de fechamento do portão principal, localizados em um painel disposto na lateral da parede. Os procedimentos para o fechamento do portão principal envolviam uma série de ações, dentre elas a configuração de um temporizador e a ativação de um código de segurança por voz. João, porém, não tinha autorização para realizá-los.
— Droga, que diabos? A Rosângela podia ter me falado desse detalhe — resmungou.
Precisava entrar em contato com urgência. Deveria voltar pelos corredores para procurá-la? Seria arriscado, muito arriscado. E se desse de cara com o enfermeiro caminhante? João, mais do que ninguém, sabia em que estado o corpo se encontrava. Estava de peito aberto e pulmão perfurado. Era impossível que estivesse vivo, como Rosângela chegou a cogitar. Em um primeiro momento, tomou uma sábia decisão: pegou o celular e discou o número da doutora.
![](https://img.wattpad.com/cover/14245417-288-k728242.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
LIVRO I - O Início do Fim (Degustação + Livro Físico)
HorreurE se você acordasse em meio a um apocalipse zumbi? É assim que o dia começa para Charles, Monstro e Emu. Desde o início da faculdade, eles são como unha, carne e cutícula. Eles se apoiaram tanto uns nos outros que resolveram até morar juntos na Rep...