Capítulo 2

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Isis

Janeiro (inverno)

Depois desse fatídico dia as coisas aconteceram realmente muito depressa, logo eu estava de malas prontas para me mudar para o MEU apartamento! Como a senhora Evans havia dito, estava pronto para morar, não precisei realizar grandes mudanças, apenas uma boa faxina, como estava sem uso há muito tempo, ela já tem idade avançada e não dava mais conta de manter a casa toda.

Apesar de estar localizado no porão, ele possui entrada independente preservando minha privacidade e a da senhora Evans. Como se eu tivesse uma vida super movimentada para ter "privacidade".

Atualmente tenho uma vida sexual igual a zero.

Não sou celibatária obviamente, mas não tive sorte na minha vida amorosa, e depois de tudo não me sinto mais confiante nesse quesito. Ninguém que tenha conhecido até agora me fez pensar em mudar meu status.

***
Fevereiro (primavera)

Estabeleci uma rotina, escrevia um pouco todas as manhãs e realizava uma coisa ou outra no apartamento e as tardes trabalhava na cafeteria até o fechamento.

No final do dia quase sempre jantava com a senhora Evans, ela fazia questão, dizia fazer refeições demais sozinha e adorava ter companhia no jantar.

Estava tudo indo muito bem até o dia que resolvi que deveria fazer algum tipo de atividade física, mesmo não sendo fã, estava começando a me sentir letárgica e sem muito ânimo para sair da cama. E com muito tempo ocioso para pensar em coisas que me faziam mal.

De maneira nenhuma voltaria ao meu momento mais sombrio, foram meses sobre uma cama remoendo algo que não estava ao meu alcance. Era isso que eu dizia a mim mesma, na esperança de um dia acreditar nessa" Verdade".

Foi numa manhã dessas que as coisas mudaram. Acordei mais cedo, realizei minhas tarefas diárias, coloquei um short preto de malha e um top preto para combinar, calcei meus tênis, e sai apressada antes que desistisse da ideia, a casa da senhora Evans ficava próxima a um parque e foi para lá que eu fui.

***

Quase dez minutos depois eu já estava começando a sentir arrependimento, efetuei uma pequena sequência de alongamentos e logo me coloquei em movimento, pensei que começar com uma caminhada era o ideal para minha atual preparação física, que se resumia em: nenhuma preparação física! Onde eu estava com a porra da cabeça quando acreditei que seria uma boa ideia fazer exercícios?

Para minha sorte, o parque a essa hora da manhã estava praticamente vazio, melhor assim menos testemunhas para minha humilhação. Considerando aquele velho ditado popular; está no inferno, abraça o capeta! Resolvi passar da caminhada para uma leve corrida.

O sol estava lá de forma tímida, mas estava e eu precisava disso para não adoecer.

Era o que me dizia tentando convencer-me de estar realizando a coisa certa. O suor já brotava na minha pele, podia sentir ele escorrendo em gotas nas minhas costas, fiz um coque meio de qualquer jeito nos cabelos e prendi com ele mesmo já que esquecera de pegar um prendedor de cabelos em casa.

Depois de um tempo parei de reclamar mentalmente e comecei a apreciar a paisagem. O parque era razoavelmente grande e abundante em vegetação. Em alguns pontos havia bancos de pedra para as pessoas se sentarem e algumas áreas gramadas planas onde se podia estender uma toalha e aproveitar a sombra de uma das imensas árvores para realizar um piquenique ou até mesmo ler um bom livro aproveitando um pouco do ar fresco. Vi-me realizando isso numa próxima vez, e foi nesse exato momento que distraída olhando para o alto da copa das árvores escorreguei nas folhas no chão e cai rolando morro abaixo.

À primeira vistaOnde histórias criam vida. Descubra agora