Capítulo 3

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Brandon

(fevereiro primavera)

O despertador toca alto. Deitado em minha cama vejo o dia clarear através das frestas das portas francesas que ficam aos pés da cama. Solto uma respiração longa, e me preparo mentalmente para iniciar mais um longo dia.

Tenho o que muitos diriam ser a vida "Perfeita" um ótimo emprego na bolsa de valores de Londres e um escritório que presta consultoria para os grandes figurões do país.

Gosto da adrenalina que meu trabalho causa, e a sensação de poder. Para alguns, sou um grande filho da puta arrogante.

Sou o melhor no que faço e disso não tenho dúvidas. Isso se reflete em todas as áreas da minha vida, sou implacável. Tenho o que quero e quando quero. Estou acostumado às pessoas à minha volta me bajulando querendo uma oportunidade de fazer parte da minha vida. As mulheres se jogam aos meus pés, de uma maneira que chega ser desconcertante. Sem julgamentos! Não sou dado a falsa modéstia, tenho consciência da minha aparência, faço minha parte para manter o meu corpo em forma, aos trinta e oito anos e não me trocaria por minha versão vinte anos mais nova.

Trabalho dos sonhos, imóveis, carros e uma conta bancária recheada, todos os componentes para uma vida perfeita certo?

Errado!

Sem querer parecer um ingrato, afinal lutei muito por tudo que tenho hoje. Mas em certos momentos me vejo questionando se de fato as pessoas à minha volta, estão realmente aqui por mim, ou por algo que possa oferecer.

Esse é um dos muitos motivos pelos quais mantenho minha vida pessoal o mais, privada possível.

Tenho muitos "colegas" minha profissão depende disso, mas apenas um amigo próximo. Conhecemo-nos na faculdade e num primeiro momento não nos demos bem, éramos parecidos demais, contudo isso logo deixou de ser um problema e sim uma solução. Essas ambições nos impulsionavam para frente. Sempre gostei de uma boa competição e Sebastian sempre foi um bom oponente.

Não foi surpresa nenhuma nos tornarmos sócios, afinal sempre tivemos os mesmos objetivos. Construir um nome, um legado a ser lembrado. E nós fizemos isso!

Mas como tudo na vida tem um preço a ser pago, para que a balança mantenha seu equilíbrio. O meu consiste em permanecer sozinho, como eu disse mulheres nunca me foram o problema. Não me envolvo emocionalmente com nenhuma, elas veem sempre uma oportunidade, uma forma de impulsionar suas carreiras. Nunca um homem com quem poderia desenvolver um relacionamento. Por outro lado, vejo um corpo quente para aplacar meus desejos.

A única e derradeira vez que me permiti envolver me custou mais do que estava disposto a pagar.

***

Após uma ducha rápida, desço as escadas que dão acesso ao primeiro andar, passando pela sala de estar e o corredor até chegar a cozinha bem equipada com utensílios modernos. Como apenas uma barra de cereais e saio rumo à garagem.

Pronto para iniciar mais um dia comum em minha rotina solitária. Como de costume, início com uma corrida no parque seguida de musculação na academia da empresa e só então o dia de trabalho começa.

Dia claro, o sol até aparece timidamente entres as nuvens, o que por si só já é raro, Londres sempre teve o clima mais instável e chuvoso.

Gosto de correr cedo, pois o parque está sempre vazio, e assim eu não preciso interagir com ninguém. Sigo minha rotina, entretanto, minha atenção é desviada para a pequena mulher à minha frente.

Pequena em estatura, pois é dona de uma bunda grande e linda, até onde podia ver. A diaba está de costas correndo num ritmo lento, forçando-me a diminuir o ritmo, para poder observá-la.

Cabelos longos e cacheados até a cintura fina, uma pele naturalmente bronzeada, pude notar, pois usava um short curto que deixava pouco para imaginação, combinado ao top que usava para arrematar a visão do paraíso. Não tenho um tipo específico de mulher, gosto mesmo de um belo espécime do sexo oposto. E aquela, com certeza era um, pelo menos de costas!

Meu pau dá sinais de vida apenas com a visão à minha frente.

Segui o restante do trajeto atrás dela, observando-a de longe.

Estava distraída, com a cabeça voltada para a copa das árvores prestando pouca atenção ao caminho.

Sentia-me um predador espreitando a presa a ser devorada, pois não conseguia desviar a atenção da mulher de curvas voluptuosas, que seguia alheia a atenção recebida.

Em determinado trecho o terreno do parque fica mais acidentado e inclinado, o que faz com que eu redobre o cuidado com as passadas seguintes. Infelizmente a mulher à minha frente não tem a mesma percepção, escorrega num amontoado de folhas e despenca ladeira abaixo. Corro em sua direção a tempo de vê-la deitada no chão sem se mexer.

O sangue parece congelar sob minhas veias, e antes que me dê conta estou ajoelhado ao seu lado, afastando os cabelos de seu rosto. Ela permanece de olhos fechados, mas emite um fraco gemido de dor ao meu toque.

Pergunto se a machuquei, preocupado com seu estado, avaliando superficialmente não me parece muito grave.

Seus olhos se abrem devagar como se fosse difícil realizar esse mínimo esforço. Tem traços delicados, com olhos que me lembram esses filhotes fofos que vemos nas lojas prontos para serem levados para casa com olhar pidão.

Com a voz fraca ela diz que não a machuquei e até faz uma piada a respeito do ocorrido. Não consigo disfarçar o sorriso que se forma em meus lábios, porém ele logo se desfaz quando a pequena de olhos pidões, geme de dor mais uma vez ao tentar se levantar.

Peço para que não se mova, ela atende meu pedido de pronto, ficando parada para eu avaliar seu estado. Realizo uma avaliação minuciosa, correndo minhas mãos por todo seu corpo.

Por sorte não tem nenhum osso quebrado aparentemente, mas muitas escoriações.

Ajudo-a a se levantar e ela não oferece nenhum protesto quando nossos corpos chocam-se, o contato me faz prender o ar por segundos, ela é muito menor do que eu e tem o corpo macio, quente e convidativo. Sinto o sangue correr para um lugar que não deveria seguir dadas as circunstâncias, mas é impossível não sentir o latejar em meu pau. Essa pequena diaba me atrai para sua órbita de uma maneira que não estou acostumado.

Tenho-a firmemente colada ao meu corpo, uma mão ao redor da cintura e outra em sua face, aproveito do momento para admirar suas delicadas feições, com olhos confusos, sinto o tremor em seu corpo, e ela perde as forças das penas. Passo o braço sob seus joelhos e outro seguro-a pela nuca trazendo assim o corpo pequeno e trêmulo para os meus braços, ela descansa a cabeça na curva do meu pescoço e sussurra com a voz fraca:

— Isis... meu nome é Isis.

Em seguida seu corpo relaxa.

Ando o mais depressa que consigo sob o olhar dos curiosos que começam a encher o parque, em direção ao carro estacionado não muito longe da trilha que estávamos.

Coloco-a cuidadosamente no banco do passageiro, passo o cinto de segurança sobre o corpo inerte, ela emite um som agoniado, certamente de dor, e isso faz com que eu me mova a passos rápidos para o lado do motorista.

Sem perder tempo, sigo em direção ao hospital.

Minutos depois vejo-a despertar pela minha visão periférica.

Num momento estamos conversando e no outro estamos gritando um, na cara do outro. Ela me desafia, e impõe sua decisão.

Isso me deixa com raiva e um tesão do caralho! É inédito para mim ser confrontado dessa forma, ainda por cima por uma coisinha tão pequena. Amei e odiei na mesma proporção.

— Você tem razão. Se diz que não precisa ir ao hospital tudo bem por mim. — Digo com uma calma que não sinto realmente.

— Obrigada! — Ela parece relaxar no banco.

— Mas vou levá-la para minha casa e cuidar dos seus ferimentos e isso não está em discussão PEQUENA — Faço questão de usar o apelido que lhe dei.

Seguimos em silêncio o restante do caminho até minha casa, e um aviso acende em minha cabeça em forma de alerta: você não leva mulheres para casa!

À primeira vistaOnde histórias criam vida. Descubra agora