O Idiota Do Meu Primo [Concluída]

Desespero

Clarie

Era possível ver o ódio estampado na cara dela.

—FOI VOCÊ SUA VACA—olha quem fala.A dona do pasto.
Ainda estava dando altas gargalhadas.Até que o Artur aparece

—QUE PALHAÇADA É ESSA?

A vaquinha logo mudou-se a sua expressão de brava para triste.Ela fez um biquinho de manhosa.

—Foi ela meu amorzinho!—ela disse abraçando-o.Artur lhe enlaçou nos braços dele e beijou o topo da sua cabeça.
Revirei os olhos.

—Palhaçada é essa melação...Nunca vi casal pior—eu sussurrei.Mas,eu tenho que admitir,foi muito difícil segurar o riso.

—O QUE VOCÊ DISSE QUERIDA?-falou,aumentando o tom de voz.Ui,tô morrendo de medo.

—QUE VOCÊS SÃO MELOSOS E QUE VOCÊS SÃO O PIOR CASAL!—gritei a verdade na cara dos dois.Eu sou assim:prefiro falar as verdades na cara do que depois ficar com título de falsa.

—Coitada,não sabr o que é ser amada...—ela falou.Quer treta? Então,vamos ter treta.

—Obviamente que eu sei,mas com o moderação,né colega?Bitch,please!!

Impressionante como vaca estava exaltada.Saia fumacinha dos seus ouvidos.

—Vai,admite...Você deve ainda ser BV.-ela dizia,apontando o dedo na minha cara.E estava rindo.
Eu não admito que tirem sarro da minha cara.

—PRIMEIRAMENTE,TIRE AS SUAS UNHAS POSTIÇAS DO MEU ROSTO—afastei com meu dedo indicador as suas unhas extremamente falsas—E EU FUI AMADA SIM.QUEM É VOCÊ PRA CUIDAR DA MINHA VIDA?

—ESSE JEITO MAL EDUCADO,QUEM IRIA TE QUERER?

—SE VOCÊ ARRANJOU UM NAMORADO,COM CERTEZA EU VOU TAMBÉM—ok,essa doeu,né querida.

—Vamos parar de ser duas criancinhas brigando? —Artur se manifestou,mas foi ignorado com sucesso.

—VEM CÁ,SUA MÃE NÃO TE ENSINOU BONS MODOS NÃO?!PARECE QUE NEM MÃE VOCÊ TEM PARA TE EDUCAR.APOSTO QUE NEM ELA MESMO TE AMA.

Foi aí que ele tocou na ferida.Ela realmente achou o meu ponto fraco.Falar da minha mãe comigo,era como estivessem fazendo uma cirugia em mim sem anestesia.Sai do quarto e fui correndo sem rumo para algum lugar,antes que eles vissem a garota sensível que existia em mim.Não queria tornar o quarto do Artur um oceano.Fui para um lugar onde eu e o Artur costumávamos ficar quando criança.Era nosso lugar onde havia as reuniões do nosso clube de espião,onde nós brincávamos de escolinha.Chorei até não puder mais.Meus olhos já estavam vermelhos e não haviam mais lágrimas dentro de mim.Foi então que eu lembrei da minha velha lâmina.Pra que viver em um mundo onde ninguém me ama e nem sequer me suporta?Pra quê?Prefiro morrer e ficar ao lado da minha mãe no túmulo.Acho que eu seria mais feliz,e seria para felicidade de todos.
Artur
Não caio nessa da Clarie.É a mais velha pegadinha que ela havia feito comigo,sendo que no meu caso ela colocou pimenta no meu suco de laranja .Fiquei até com dó da Marilia,mas eu ainda agradeço a Clarie por ter feito a pegadinha básica.Imagina só se ela fizesse a do removedor de cabelo!Elas tiveram uma pequena e pacífica discussão—ou não—porém no momento que a  Marilia falou algo que tocou no ponto fraco da Clarie,ela saiu correndo.Atualmente a Clarie não gosta nem de ouvir a palavra "mãe".Me lembro do dia que a mãe dela havia morrido.Clarie chorava todos os dias e quase entrou em depressão.Não tivemos a oportunidade de ir ao enterro da mãe dela,porque seu pai tinha dito que não era necessário e que gostaria de fazer um enterro sem nenhuma cerimônia.Nem mesmo a Clarie foi visitar a mãe dela.

—Coitada,acho que deu branco nela—falou.Caminhou até o banheiro tentando limpar os dentes que estavam azuis-marinhos.

—Na verdade...é que—gaguejei.É difícil falar isso à minha namorada.Passei as mãos nos cabelos e suspirei.

—É que...?

—A mãe dela morreu—eu disse.

—Que se ferre,isso não é da nossa conta.

—Agora eu preciso encontrar a Clarie antes que ela faça algo que não deve fazer.Porque da Clarie,eu não duvido nada—falei ignorando o comentário sem noção dela.

Sai diretamente para o lado de fora da fazenda.Agora é saber onde ela está.Logo me lembrei do nosso clube de espião.Com certeza eu a encontraria lá,porque era o único lugar mais secreto na fazendo e provavelmente ela achava que eu não se lembrava mais.É bem impossível não se lembrar,minhas melhores lembranças aconteceram lá.Brincávamos de escolinha,espiões...Corri rapidamente até o local e comecei a ver resquícios de sangue.Primeiramente,não me preocupei,isso poderia ser de algum animal,porém quando eu comecei andar a diante e ver mais sangue a preocupação no meu rosto estava evidente.Foi aí que eu encontrei ela desmaiada em uma poça de sangue.Seu rosto estava mais pálido do que o normal,e sua respiração estava fraca.

—Clarie!—falei.Agachei-me na sua altura para ver seus batimentos cardíacos pelos pulsos,mas estavam repletos de sangue e com cortes fundos.

Ferrou,Clarie morreu—foi o primeiro pensamento que veio em minha mente.Peguei com cuidado a Clarie no colo,e levei-a para sala.

—MÃE!PAI!—eu gritei,enquanto colocava a Clarie no sofá.
Meus pais vieram ligeiramente para o andar debaixo.Minha mãe ficou boquiaberta com a cena da Clarie,já meu pai foi mais rápido e ligou para a ambulância.Eu não sabia o que eu fazia,estava sem nenhuma reação.