Promessas Vazias

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Em quase cinco séculos de existência, não podia se lembrar de quantas vezes tinha se sentido leve daquele jeito. Na verdade, até duvidava que sequer tivesse sido alguma vez, nenhuma. Podia chamar aquilo de felicidade? Era diferente do que sentia em campo de batalha ou mesmo após uma vitória, mesmo quando o destino agia como aliado e lhe dava o prazer de ter todos os seus planos e previsões se concretizando. Era como se estivesse novo outra vez.

Os lábios de Kazuha eram macios e gostosos de um jeito que poderia ficar beijando-o por horas se o loiro não parasse de tempos em tempos para acender novamente o cigarro e fumar um pouco mais. Pelo menos ele era educado o suficiente para lhe deixar fumar um pouco também.

Tanya talvez ficasse puta quando chegasse em casa e encontrasse o quarto daquele jeito, a casa fedendo a maconha. Provavelmente a mãe viria com tudo para cima de seu pescoço, mas nesse caso era só convencê-lo a fumar um pouco também...? Scaramouche riu da própria ideia em meio ao beijo deixando o loiro confuso.

-O que será que está se passando na sua cabeça agora, seu chapado? -Kazuha perguntou rindo um pouquinho e selando novamente os lábios do moreno em seguida.

-Tava pensando na reação da minha mãe quando voltar pra casa... Será que ela me mata menos se eu convencê-la a fumar um também?

-Nem pense nisso! Cê tá loucão? -Kazuha riu abertamente se sentando sobre o quadril do moreno que estava deitado na cama, remexendo um pouco o quadril de forma a provocá-lo com o roçar de sua bunda sobre o membro coberto dele.

Depois de escurecer completamente eles tinham concordado em ir para dentro de casa assistir algum filme, mas desde que entraram no quarto ao fim do corredor do apartamento nem tinham sequer ligado a tv. Se jogaram na cama e iniciaram uma série interminável de amassos e carícias. O loiro não conseguia não achar que aquele garoto tinha algo em si, algo magnético que parecia ligar algum interruptor dentro de si que o fazia se sentir incontrolável. Talvez fosse o perigo; afinal ele não tinha como saber se aquele garoto não era realmente algum espião de Inazuma que tinha vindo para Liyue atrás de si. Algo nele levantava sua guarda ao mesmo tempo que o deixava excitado e curioso, como se precisasse de alguma forma desvendá-lo.

Ele até mesmo tinha feito questão de que fossem para o quarto pois queria tentar encontrar alguma pista sobre a verdadeira identidade de Yukio enquanto estivessem por lá, mas aquele parecia um quarto normal de um jovem. As paredes tinham sido pintadas há pouco tempo, a cama estava arrumada quando entraram, as luminárias pareciam limpas. Os únicos objetos pessoais diferentes que podia ver eram os livros na escrivaninha, escritos nos idiomas de Liyue, Inazuma e Snezhnaya, mas tudo se encaixava na história contada por ele, visto que eram os lugares onde a família teria vivido, sendo a maioria dos livros que eram nos idiomas de Snezhnaya e Liyue de leitura fácil, sem temas muito complexos talvez um tanto pela falta de fluência do garoto. Alguns souvenirs de viagens decoravam prateleiras corroborando com a história também, já que a senhora Tanya frequentemente viajava para outros países, com certeza tinha muitas lembranças para o filho. A única coisa que estranhou é que a casa não tinha nenhum porta-retrato como decoração ou fotos visíveis, mas talvez fosse questão de gosto, já que nesses dias muita gente acha que porta-retratos são de certa forma bregas. Faltava, claro, olhar dentro do guarda-roupas e das gavetas, mas para isso precisava criar uma boa oportunidade.

Por algum motivo, dentro de seu coração, Kazuha desejava que aquela história toda dele fosse verdadeira e ele não tivesse nada a ver com o governo de Inazuma além de um passado trágico.

-Você acha que é muito fora? -Scara riu novamente levando as mãos às coxas do loiro e as apertando fartamente. -Achei que você me apoiaria nesse plano suicida... Poxa... -Fez um biquinho, mas logo voltou a rir abertamente expondo os caninos levemente protuberantes que Kazuha estava achando uma gracinha. -Estou pensando em todas as loucuras que nós ainda podemos fazer juntos...

O Maior MentirosoOnde histórias criam vida. Descubra agora