O Maior Mentiroso

Reunião de famílias

-E foi por isso que eu não consegui responder suas ligações, mãe. -Kazuha finalizou a história da noite que tinha passado fora, a qual estava contando à mãe, com um suspiro. Tinham sido muitas emoções para uma única noite e estava cansado, mas feliz por estar em casa. -Acabei deixando a mochila no topo do monte quando fugimos.

-Esse garoto que salvou a sua vida... Eu quero conhecê-lo, Kazuha. -Beidou se pronunciou antes que a mãe do garoto pudesse dizer qualquer coisa. Ela sabia que depois de todo aquele relato da tentativa de assassinato aos dois jovens, Ningguang certamente estaria desconcertada, e de fato ela estava. -Gostaria de agradecê-lo pessoalmente por ter te ajudado. -Apesar das aparentes boas intenções, o loiro conhecia Beidou o suficiente para saber que ela provavelmente estava suspeitando de algo da parte do namorado, então se sentiu um pouco nervoso mas não demonstrou.

Trêmula, a loira puxou seu rebento para próximo de si e o abraçou apertado beijando o topo de sua cabeça várias e várias vezes, cheirando seus cabelos claros e mantendo o garoto bem junto a si. -Meu filho... Eu não acredito que os meus homens tenham me traído dessa forma. Eu vou investigar tudo isso. Vou descobrir quem poderia ter armado algo desse jeito. Vou reforçar a segurança em torno de você. Ninguém vai te fazer mal, meu filho. A mamãe vai cuidar de você. -Kazuha não gostava da ideia de ser seguido por guardas o tempo todo, mas aparentemente só isso faria sua mãe se sentir mais tranquila. Sabia que contar à mãe teria suas consequências, mas Yukio tinha deixado claro, antes de deixá-lo na porta do apartamento, que seria bom se ele contasse à mãe, pois ela precisava investigar internamente os Millelith para descobrir quem eram aqueles homens, essa seria a melhor forma de encontrá-los.

-Antes de tudo eu preciso reforçar que seria bom conhecermos esse seu namorado. -Beidou interveio mais uma vez se aproximando de Ningguang e seu filho, fazendo um carinho leve nos cabelos da mulher. -Você tinha comentado que ele mora aqui no condomínio, certo? - Kazuha travou por um instante. Não se lembrava de ter contado sobre o pedido de namoro em momento algum ou sobre seu envolvimento romântico/sexual com Yukio. Beidou continuou seu discurso como se não percebesse a mudança na fisionomia do garoto. -Chame-o para almoçar conosco. Vou fazer meu prato especial hoje. Se a mãe dele não quiser deixá-lo vir por estar temerosa de deixá-lo sair sozinho mesmo dentro do condomínio, assim como a sua está, diga que ela venha também. Eu acredito que sua mãe ficaria mais do que feliz de conhecer a família do seu namorado e, claro, o próprio. Acredito que ele já provou seu valor salvando sua vida essa noite, não vamos fazer pressão ou colocar obstáculos, não é mesmo, Ning?

-E-eu não me lembro de ter dito que ele era meu namorado nem nada do tipo. -Kazuha se exaltou envergonhado, o rosto tomando por inteiro a mesma cor da mecha de sua franja.

Beidou gargalhou e bagunçou os cabelos do menino. -Você não precisa dizer... Vai visitar esse menino quase todos os dias, os dois vão juntos pra faculdade e saem juntos pra dormir fora no dia dos namorados. Seria como se eu dissesse que eu e sua mãe somos só amigas. Você acreditaria em mim?

Kazuha baixou um pouco sua guarda e riu, seu rosto ainda bastante vermelho por conta da vergonha de ter sido descoberto por sua família. -Jamais...

-Então, seu sem vergonha, não pense que pode esconder seu namorado de nós. Desembuche logo e traga esse menino aqui pra eu ver se aprovo esse relacionamento de vocês.

-Tudo bem mesmo? -Kazuha hesitou um pouco, engolindo seco ao olhar nos olhos avermelhados de sua mãe. A loira sorriu gentilmente e afirmou com a cabeça.

-Claro, meu amor. Eu adoraria conhecer seu namorado. -A loira acariciou os cabelos do filho gentilmente. -Pode chamá-lo pro almoço. -Ela beijou-lhe a testa antes de deixar que ele se afastasse para pegar o celular reserva para ligar para o namorado.