Ainda bem

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Notas do autor: Como vocês votaram incansavelmente para tirar essa fic da geladeira, aqui estamos voltando com um capítulo fresquinho de dentro do forninho.
Espero que vocês ainda tenham ânimo pra acompanhar, até porque foram vocês que pediram, viu? kkk
Boa leitura a todos!

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A reunião de família tinha corrido bem. Ningguang e Beidou pareciam ter gostado bastante da família do namorado e Kazuha estava grato por ter mães compreensivas. As duas tinham tratado Kunikuzushi tão carinhosamente que Kazuha não conseguia guardar o sorriso. Aparentemente nada tinha saído dos conformes naquele dia. Tirando o fato de que alguém estava atrás de sua cabeça, Kazuha podia dizer que estava tudo correndo bem.

Ainda estava um pouco magoado com o namorado, mas isso ia passar. Não gostava de mentiras, e só podia rezar para que Kunikuzushi estivesse sendo completamente sincero agora. Era inegável que estava apaixonado por ele, que queria que tudo voltasse a ficar bem. Queria voltar à faculdade, mas era arriscado demais. A mãe tinha proibido-o de sair sem escolta, e só podia abrir a porta do apartamento para ir ao apartamento onde Kuni morava se o outro fosse buscá-lo lá.

Claro que isso não impediria seus encontros, mas limitava sua liberdade. Kazuha gostava de ser livre, não gostava de se sentir enclausurado como um pássaro engaiolado, como uma princesa trancafiada no alto de sua torre, por mais que fosse por sua própria segurança. Queria o mundo, queria andar na rua, queria ir ao porto, queria andar no gramado, colocar o pé no chão, sentir o vento, a natureza. 

O pôr-do-sol era agora como um quadro em sua varanda, na qual não podia ir sozinho.

No fundo, Kazuha sabia que aqueles homens vestidos como Milelith provavelmente eram soldados de Inazuma infiltrados. Gente que vinha de longe para cortar sua cabeça. Como imaginava antes que talvez Kunikuzushi fosse. Por sorte ele não era. Era um Fatui, não muito melhor, mas pelo menos não o queria morto. Sua missão não tinha nada a ver com a morte dele ou de sua família. Eles também queriam derrubar o Shogunato, talvez por isso era ainda mais fácil se enxergar dentro dos olhos de Kuni. Talvez por isso era fácil querer continuar ao lado dele mesmo depois das mentiras, querer envolver-se nos braços dele.

O celular vibrou no bolso. O loiro pegou o aparelho e visualizou a mensagem.

“Vou aí, me espera na porta ou eu vou esfregar sua cara bonita no asfalto.”

Um sorriso nasceu no rosto inconscientemente.

“Podia só dizer que me ama, não precisava desse ‘ou’ aí na frase.” — respondeu.

Levantou-se preguiçosamente do sofá e caminhou devagar até a porta. Olhando pelo olho mágico na porta pôde ver Kuni se aproximar sozinho. Os Milelith no corredor o deixaram passar com um aceno de cabeça. Sorriu e abriu a porta para que ele entrasse. Kuni tinha vergonha de se agarrar na frente dos olhares dos outros, justamente por isso fez questão de jogar-se nos braços dele e beijar-lhe a boca, sorrindo ainda mais largo ao ver como o rosto dele se enrubescia completamente pela vergonha.

— Coisa linda! — exclamou antes que o moreno o xingasse e o puxou para dentro do apartamento, fechando e trancando a porta.

— Se a sua mãe reclamar que a gente tá se agarrando no corredor você vai se ver comigo, seu merdinha! — Kunikuzushi apontou o dedo bem no meio do rosto dele, mas o loiro apenas riu.

Riu e segurou-lhe a mão, enfiando por inteiro na boca o dedo e chupando antes de rir da cara de espanto e vergonha do namorado. Mesmo que ainda tivesse alguma mágoa lá dentro, não fugiria da deliciosa sensação de envergonhá-lo. Como era bom!

— Elas não estão em casa. Vem. 

Kazuha tratou de puxá-lo pelo braço, correndo com ele para o quarto. Scaramouche não entendia toda aquela euforia, mas não negaria. Tinha ido até ali apenas pra matar saudade. Não tinham se visto no dia anterior, mesmo estando tão perto. Kazuha não estava indo à faculdade por conta do receio de Ningguang. Tecnicamente, Kuni nem precisaria ir se não o iria encontrar lá, mas Tartaglia insistiu que era melhor manter o disfarce se queria mesmo continuar com a missão.

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