Capítulo 1 parte 3

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- É o pó mágico que elas usam que as fazem cintilar assim - explicou a avó, percebendo o olhar de admiração da Evie. - Vais ter de lhes pedir para enfeitarem assim a minha campa quando eu estiver aqui enterrada, Evie, se nessa altura já tiveres encontrado alguma!
- Não digas isso! - exclamou a Evie, franzindo o sobrolho. - Tu não vais morrer.
- É claro que vou. Toda a gente tem de morrer, mais cedo ou mais tarde. Já se sabe que preferia que fosse mais tarde, mas prefiro morrer enquanto consigo fazer tudo sozinha a viver até aos cem anos confinada à minha cama. Tu não?
   A Evie não respondeu. Percebia o que a avó estava a dizer mas continuava a querer que ela vivesse até aos cem anos, se isso fosse possível.
      Voltaram pra casa, onde a mãe da Evie estava ocupada a fazer as malas. Antes de regressarem a casa, naquele final de tarde, iam lanchar.
       A Evie adorava lanchar na casa da avó, porque ela fazia muitos bolos, quando sabia que elas iam passar uns dias. O preferido da Evie era o bolo de gengibre, e o que ela preferia em segundo lugar eram as tartes de compota. A avó gostava mais das tartes de limão, mas a Evie achava-as demasiado doces. Hoje, uma vez que se iam embora, a avó insistiu em dar-lhes o resto do bolo de gengibre para levarem para casa. Fez também um bolo de chocolate com cobertura de manteiga, que tinha estado a guardar para lhes dar de presente.
      Quando a mãe foi à cozinha para encher o bule, a Evie perguntou à avó:
- As fadas gostam tanto de bolo de chocolate como de bombons? Se eu deixar um bocadinho no peitoril da minha janela quando for para a cama, achas que elas vêm buscá-lo?
- Os pássaros vão lá buscá-lo! - atalhou a mãe da Evie, rispidamente. Tinha voltado para levar o jarro de leite, que também estava vazio. - Francamente, Evie, já tens nove anos. As outras crianças vão rir-se de ti, quando voltares à escola.
   Lançou um olhar irado à avó, como se achasse que, se troçassem da Evie, a culpa seria toda dela.
   Antes mesmo que a Evie pudesse dizer que tinha a certeza de que não seria, a avó interveio.
- Eu sei que tu não gostas quando digo isto, minha querida, mas sempre te preocupaste demasiado com o que os outros pensam.
- E tu nunca te preocupaste o suficiente! - retorquiu a mãe da Evie. A Evie ficou surpreendida com esta reacção tão emotiva da mãe, quando ela acrescentou:  - Certamente nunca quiseste saber o que as outras crianças pensavam de mim  quando eu tinha a idade da Evie! - Pousou o bule na mesa, tendo, sem dúvida, mudado de ideias em relação a beber outra chávena. - Vamos Evie. Temos que ir embora.
  - Mas nós ainda não acabámos de lanchar!
  - Já comeste bolos que chegassem. Vais enjoar no carro, se comeres mais.
   A Evie olhou para a avó para pedir ajuda, mas ela estava a olhar para a mãe da menina com um olhar carregado, como se não a percebesse.

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⏰ Última atualização: May 04, 2015 ⏰

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