Por que então, se ele é tão perfeito

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11:10

Há dois meses quando voltei a trabalhar, um homem me chamou a atenção, ele é advogado da empresa e filho do meu chefe.

Aaron Handerson é animado, atrapalhado mas competente, ele é loiro, alto e tem olhos castanhos esverdeados.

Estranhamente ele gostou de mim.

Ele me chamou pra almoçar ontem mas eu já tinha marcado de encontrar Oliver e Sara.

Ele foi gentil com a recusa e animado me perguntou novamente hoje se eu gostaria de ir, assim que me viu entrando na copa do escritório.

Observei as paredes o dia todo sem conseguir me concentrar e decidi ligar pra Dr. Kashi. Eu precisava me acalmar mesmo que minhas mãos estivessem suadas e trêmulas. Saí da minha sala pra respirar um pouco e Dana que fazia bolas com o chiclete veio para o meu lado.

— Alex, fiquei sabendo que Aaron Handerson está afim de você! — Contou animada, um sorriso verdadeiro no rosto.

Quase desmaiei.

— Sinceramente eu acho que não.

Dana pareceu indignada.

— Eu juro que escutei ele conversando com Sheppard do almoxarifado sobre você. — Ela se aproximou ainda mais, dessa vez cochichando. — Ele perguntou se você era solteira pra Whitney, a secretária do Sr. Handerson.

— Eu acho que ele só está tentando ser gentil.

Ela tentou me persuadir mais um tempo antes que Aaron aparecesse sorridente. Nos despedimos de uma Dana empolgada até o térreo em silêncio, ele não pareceu incomodado com o meu silêncio e isso me acalmou por um tempo.

O restaurante era um dos novos da rua, especialidade da casa era uma lasanha de quatro queijos que fiz questão de pedir.

— Meu pai gosta de você. — Foi a primeira coisa que disse depois de pedirmos.

— Ele é um ótimo chefe e eu amo trabalhar ali.

— Então, me conte mais sobre você.

Aaron sorriu, ele tem os caninos mais longos o que deixa sua aparência lembrando ligeiramente um vampiro.

O que diabos ele quer saber sobre mim?

Bebo um longo gole de água notando só agora que estou tremendo. Ele reparou o que me fez largar a taça rápido e esconder minha mão em cima do meu colo.

— Tenho 28 anos, dois irmãos, uma de 24 chamada Sara e outro de 22 que se chama Oliver. — Respirei fundo, tentando falar mais devagar. — Moro em Santa Clara desde que nasci e eu odeio cozinhar.

Ele riu baixinho, mesmo mexendo constantemente em um guardanapo na mesa seus olhos continuam no meu rosto.

— O que gosta de fazer pra se divertir?

Fingir que não existo

— Escape alcoólico, filmes do Adam Sandler e dormir.

— Escape alcoólico?

Sim, eu gostaria de álcool agora.

— Eu e meus irmãos nos reunimos pra beber e desabafar, é uma boa tradição em família.

Ele balançou a cabeça me incentivando a continuar, não sabia o que dizer e gostaria que alguém como Dana estivesse aqui, vendo que eu não falaria mais nada ele se propôs a nos entreter.

A comida chegou, o que não impediu ele de parar de falar. Dessa vez contando sobre o tempo que passou viajando pela Austrália e a Itália, me interessei pelo último encantada. Entre uma garfada e outra na lasanha deliciosa ele pediu vinho me fazendo engasgar.

— Não podemos beber! — Resmunguei me recuperando e ele riu.

Aaron tem uma aura alegre e um riso fácil me lembrando exatamente como Anthony o que fez meu coração apertar levemente.

O garçom nos entregou duas taças com um sorriso gentil, nos serviu e se afastou rapidamente.

— De qual parte da Itália você tem vontade de conhecer? — Ele perguntou de repente depois de um bom gole de vinho.

Fiquei em silêncio por um instante me lembrando exatamente onde seria minha lua de mel e outro aperto no peito se deu.

Não posso deixar os gatilhos me atrapalharem

—Verona, talvez um dia eu vá.

Ele pareceu perceber minha hesitação e pensei notar um vinco entre suas sobrancelhas mas foi se foi tão rápido quanto apareceu.

— A cidade de Romeu e Julieta, é um lugar muito bonito, passei pela casa de Julieta e pelo visto a mão no peito funcionou. — Sorriu não tirando os olhos dos meus.

Um pouco confusa virei o vinho delicioso num único gole.

— Desculpe a ignorância mas.. mão no peito?

— É um ritual que dá sorte no amor.

— Bacana, sua prometida ficou por lá ou é daqui de Santa Clara? — Brinquei cortando os últimos pedaços da lasanha.

— Se meu sexto sentido estiver correto ela está a exatamente 35 centímetros de distância.

Com uma vergonha avassaladora virei todo o vinho da taça, torcendo para que meu rosto não ficasse vermelho.

— Você é realmente...eu não tenho nem palavras pra descrever.

Ele voltou a rir e mexendo um pouco as sobrancelhas apoiou uma das mãos no queixo bem definido. — Encantador? Atrapalhado?

— Talvez seja mais como verborragico e extrovertido.

E foi a primeira vez em cinco anos que uma pequena faísca incomum se acendeu em meu peito.

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