Na manhã seguinte, filha e mãe viajaram sem rumo e em linha reta assim como anteriormente. As árvores, conforme as duas ali avançavam, pareciam começar a se fechar ao redor delas, deixando a floresta escura mais do que o normal. Os arbustos próximos faziam constantes barulhos, parecendo que animais selvagens se espreitavam pelo local, observando as suas supostas presas. A mais jovem não parecia aflita, diferente de sua mãe, que parecia estar um tanto paranoica, olhando para todos os lados, até mesmo olhando para cima, mas o que não adiantava muita coisa, visto que os grossos e largos galhos juntamente das folhas desproporcionalmente grandes tampavam o céu, tendo apenas alguns feixes de luz solar, o que ajudava ambas as mulheres a não se perderem uma da outra.
-- F-fique perto de mim, minha menina!
-- Tá tudo bem, mãe. Provavelmente são alguns coelhinhos ou esquilos, nada demais.
-- Você não pode afirmar algo sem ter visto antes, filha!! Tome cuidado, tudo bem?
-- Tomarei sim.
Não querendo preocupar a mais velha, recuou alguns passos, ficando quase colada na maior. Prosseguiram, então, com cautela, visando a própria segurança. Os barulhos diminuíram e a floresta parecia ficar cada vez mais escura conforme adentravam aquela vasta e desconhecida mata.
-- Sabe para onde estamos indo, Chriszinha?
-- Certamente não... Mas conhecendo meu pai, provavelmente ele já explorou o local. Não acho que ele faria uma cabana no meio do nada como aquela, apesar que a cabana era apenas um local para fugir de situações como aquela que acabamos por passar por.
-- Espero que os Williams estejam bem.
-- Claro que eles estão bem. Não deveria se preocupar com pessoas que a desejam morta.
-- Morta? M-mas eles nunca-...
-- Eu ouvi eles conversando sobre você ser um problema para a família. Dizendo que eu, por ter te escolhido como minha mãe, afetou o relacionamento com Merilda. Não quis dizer nada para não te deixar triste ou algo do tipo, mas agora não importa, pois ficarei ao seu lado, assim como estou agora, e juntas vamos fugir daqui.
-- Christine... Você é uma menina muito especial, sabia?
-- E você é a minha querida mãe muito especial, sabia?
Elas riram enquanto olhavam uma nos olhos da outra, contentes por estarem juntas mesmo naquela situação. Decidiram parar a caminhada e arrumar um pequeno piquenique, onde almoçaram e conversaram. Anastásia dizia um pouco sobre seu passado no Brasil, com a ruiva escutando cada palavra dela, deixando que sua mente criasse diversos cenários conforme a história que ouvia era contada. Não demoraram para guardar alguns pratinhos e o manto que colocaram para cobrir o chão gramado, e já com as malas novamente em mãos, partiram sem rumo. Dado momento, elas se encontravam com sede, e não havia um rio perto dali que pudessem beber água assim como se banharem e até lavar os pratinhos que utilizaram., mas isso não significava que elas iriam desistir e tentar voltar, pelo contrário, isso as motivou para que pudessem continuar com sua jornada. A floresta que estava quase completamente escura, com poucos feixes de luz, parecia dar numa caverna um tanto estranha.
-- Isso é... Uma caverna?
-- Parece que sim.
-- N-não acho bom entrarmos... Pode haver ursos! O-ou, quem sabe, lobos! Ou talvez abelhas! Não sei!
-- Se acalme, mamãe! Não precisa de tanto alvoroço. Vamos entrar lentamente e tente não fazer muitos barulhos, tudo bem?
-- Se você diz...Anastásia suspirou profundamente, então ergueu sua cabeça e começou a caminhar na frente de sua filha, com a intenção de protegê-la caso houvesse algum animal perigoso logo à frente. A caverna era úmida, escura e gotas de água caíam do teto num padrão rítmico e vicioso, o que irritava a brasileira um pouco, enquanto aquele padrão agradava Christine Johnson. Passos lentos e cuidadosos eram dados por ambas, e como a única luz que iluminava aquela caverna era da lua, tinham que tomar cuidado redobrado.
-- Acha que é um bom lugar para ficarmos, mãe?
-- Imagino que não, querida... Pode estar vazio agora, mas como podemos garantir que não terá um animal que more aqui?
-- Tem razão... Acho melhor sairmos daqui...
E nisso, junto de sua mãe, se retiraram do local e antes que pudessem voltar a procurar abrigo, viram ao longe a mansão caindo aos pedaços, suspirando logo em seguida e deixando algumas lágrimas escorrerem
-- Papai...
-- Não se preocupe, querida... Ele está num lugar muito melhor agora... Com certeza.
-- Tem razão... Precisamos viver para que possamos compartilhar tudo que o papai fez de bom por nós duas...
-- Essa é a minha garota! Agora, vamos.
Andaram por alguns minutos e encontraram um antigo casebre que parecia ser um antigo armazém. Lá, elas fizeram morada e se estabeleceram ali durante a noite, apenas arrumando a cama velha que lá teria para que as duas pudessem dormir bem.
-- Boa noite, Christine... Eu te amo, viu?...
-- Boa noite, Tásia... Te amo também...E com um beijo na testa, Christine adormeceu rapidamente, abraçada com sua mãe, que cantou uma doce música e logo pegou no sono também.
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A menina dos fios de cobre
PertualanganEsse livro conta a história de uma garota que possuía uma doença rara, doença essa que fazia seus cabelos ficarem com uma coloração alaranjada. Essa doença é conhecida como "Cabelo de cobre". A menina dos fios de cobre, vive então sua vida, passando...