Arco I - Parte V - Vida nova

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— Se as tias descobrirem que saiu do quarto de fininho você terá problemas — disse Kazuto em tom baixo.

— Eu queria conversar com você, só um pouco... — respondeu a garota em mesmo tom.

Kazuto soltou um breve suspiro — Tudo bem mas não podemos demorar e se acontecer algo eu não tenho nada a ver beleza? — disse com receio.

A garota assentiu com a cabeça — Tá bom, mas você é um medroso mesmo heim — provocou.

Kazuto franziu o cenho — Não enche, e então? Sobre o que quer falar? — perguntou enquanto sentava no tapete da sala com as costas viradas para o sofá, a garota copiando o gesto sentou-se ao lado dele.

— É sobre mais cedo... — respondeu em tom ainda mais baixo que antes.

Kazuto aproximou-se para ouvir melhor, surpreendendo a garota.

— S-Sabe, quando você disse que a menina que mais gostava era a mais velha... Eu queria saber se é verdade... — disse corada, mas que não era aparente devido à baixa luminosidade no local.

Kazuto corou levemente — A-Ah é sobre isso, não é verdade, apenas respondi aquilo pois queria devolver a provocação, mas no fim fui vencido completamente — terminou suspirando cabisbaixo.

— Ah então era isso, entendo — respondeu a garota ainda corada, porém agora com um leve sorriso em seu rosto.

Essa expressão não passou despercebida pelo garoto, que agora entendendo do que se tratava estava ainda mais vermelho, seu coração batia rápido como disparos saindo do cano de uma minigun.

— B-Bom era só isso? Já está bem tarde, devemos ir dormir — disse Kazuto tentando disfarçar a vergonha.

Enquanto se levantava do tapete ele sentiu a barra de sua camisa ser segurada, quando virou-se para a garota ela estava o encarando, a luz da lua permitiu uma breve troca de olhares entre eles.

A garota virou o rosto — Eu... Eu... Gosto de você Kazuto... Mais... Do que dos outros... — terminou a frase em um tom muito baixo e antes que Kazuto pudesse dizer algo ela continuou — E-Eu sei que você estará saindo daqui muito em breve, não precisa me dar uma resposta, eu só queria que soubesse — a garota então soltou a barra da camisa do garoto e saiu correndo em passos leves na direção de seu quarto.

Kazuto apenas pôde ouvir uma porta ser levemente aberta e depois fechada, ele então sentou no sofá tentando se acalmar, mas depois de ouvir aquelas palavras o garoto apenas falhou em seu objetivo de voltar à dormir e ficou boa parte da noite acordado pensando no ocorrido.

Ele passou os dias seguintes conversando, jogando e se divertindo com seus amigos o máximo que pôde, o natal novamente surpreendendo com a quantidade de presentes e o ano novo mais uma vez muito especial, e quando ele menos percebeu era o dia que teria que ir embora.


10 de Janeiro de 2016 – Orfanato


Era uma tarde de domingo e a temperatura não deixava negar que era verão, Kazuto estava arrumando sua mala com as roupas que foram cuidadosamente passadas pelas funcionárias e outras coisas, após terminar ele foi para a frente do orfanato onde todos estavam tristes e cabisbaixos esperando por ele e por Saori que ficou de levar o garoto até sua nova casa.

Ele então saiu e ficou junto à todos no meio daquele silêncio torturante, mas de repente um dos garotos mais novos bateu na palma na mão — Ah, quase esquecemos! — disse saindo correndo para dentro do orfanato.

Kirisuna - Um amor para se conquistarOnde histórias criam vida. Descubra agora