Arco I - Parte II - Um outro lugar

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Kazuto estava mergulhado em um mar de tristeza composto pelas lágrimas que caminhavam através de seu rosto, ele passou o resto do dia ao lado da cama de sua mãe em meio à um choro interminável, o qual partia o coração de todos que por ali passavam, na chegada da noite o garoto adormeceu devido ao cansaço, aquele dia ficaria marcado para sempre nas memórias daquela criança de apenas 10 anos de idade.

Após adormecer os pais de Eugeo resolveram levar o garoto para sua casa até que o velório e enterro fossem realizados e estivesse decidido o que aconteceria ao pequeno. Mas apesar dos esforços da família gentil de seu amigo foi decidido que Kazuto teria que ir para um orfanato poucos dias depois.


23 de Novembro de 2014 – Bairro Sul de Algade


No dia em que estava marcado para levarem Kazuto ao orfanato um carro esperava pelo menino na frente da casa de Eugeo logo após o almoço, enquanto estava na porta se despedindo os pais de seu amigo deram um abraço em conjunto no garoto.

— Estude, cresça e aprenda, a vida pode se provar cruel mas não deixe que ela te derrube, os fortes só são fortes por superarem os maiores desafios — disse a mãe do amigo com lágrimas retidas em seus olhos.

E o pai do mesmo completou mostrando um sorriso ao menino — Se tiver um problema ou situação que não consiga resolver com palavras, resolva com atitudes, elas valem muito mais.

Kazuto naquele momento sentiu um conforto inexplicável, lágrimas formaram-se em seus olhos mas não as deixou transbordar, parte dele não queria ir embora, ele só queria ficar naquele abraço para sempre, mas também não queria se tornar um estorvo para mais ninguém, então apenas assentiu com a cabeça e separou-se do caloroso abraço indo em direção ao carro, mas logo em seguida ouviu Eugeo gritar seu nome e então virou-se para trás.

— VAMOS NOS ENCONTRAR NOVAMENTE! — disse o amigo com lágrimas escorrendo pelo rosto.

— SIM! disse o garoto de olhos negros não segurando mais as lágrimas e com um sorriso amargo no rosto.

Kazuto então deu as costas ao amigo e entrou no carro, já dentro do veículo enquanto secava as lágrimas ele se lembrou dos últimos dias, o velório e enterro de sua mãe onde haviam ainda menos pessoas que no de seu pai, afinal após a morte dele todos pareceram dar as costas para as dificuldades que o garoto e sua mãe estavam passando, nem mesmo seus avós foram vistos no local, ao menos não nos dias do velório e enterro.

Pensava sobre o tempo que passou na casa de Eugeo, onde em certo dia escutou o pai do mesmo batendo na mesa enquanto chamava as autoridades de incompetentes e a mãe do amigo que enquanto chorava de raiva chamava os parentes do garoto de cruéis por não se comprometerem em cuidar dele ou sequer vê-lo, como se ele não existisse.

Também se lembrou de Eugeo que nos últimos dias constantemente se encontrava triste e chorando, afinal seus pais não tinham uma condição financeira muito boa e portanto não poderiam adotar o amigo, não conseguiriam garantir à ele o mínimo para sobreviver. Em meio à todas aquelas tristes recordações Kazuto apenas adormeceu no meio da viajem sem esperança alguma sobre o que o futuro o reservava.


23 de Novembro de 2014 – Bairro Norte de Urbus


Kazuto chegou ao orfanato numa quente tarde de verão, apesar de ter acordado à pouco tempo tudo o que sua feição mostrava era seriedade e indiferença, desta forma adentrou o local sem dizer nada.

Kirisuna - Um amor para se conquistarOnde histórias criam vida. Descubra agora