Arco I - Parte IV - Mudanças

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Um dia depois do aniversário de 12 anos de Kazuto, Saori contou ao mesmo que no decorrer daquele ano algumas famílias haviam entrado em contato com a intenção de adotá-lo, principalmente após saberem da história do garoto, mas somente uma realmente se provou adequada para tal, a família Kirigaya.

Ainda haviam coisas a serem alinhadas mas era certo de que em menos de um mês Kazuto já deveria estar com a sua nova família, o garoto não fez birra ou contestou, ele tinha adquirido noção de que isso poderia acontecer com ele ou qualquer outra criança ali, uma hora todos teriam que se despedir, ele só não esperava que fosse ser o primeiro a sair desde que entrou, ele conheceu tantas crianças boas lá que de fato não tinham pais e que as considerava merecer um lar mais do que ele mesmo.

Kazuto apenas segurou tudo o que pensava dentro de si e abraçou Saori, os soluços eram abafados e as lágrimas encharcavam a roupa da gentil mulher que não segurando as lágrimas apertou o menino fortemente.

Saori sempre se apegou muito as crianças que passaram por aquele orfanato, alguns ficavam 6 meses, outros 1 ano, outros mais de anos, mas todos eles tinham um espaço em seu coração, suas histórias, seus medos, suas angústias e sonhos, ela conhecia tudo sobre todos e ter que vê-los partir era a pior parte do "trabalho".


12 de Dezembro de 2015 – Orfanato


Era sábado, numa quente noite de verão Kazuto se encontrava na sala de estar dando passos rápidos de um lado para o outro em linha reta sem saber o que fazer, ele estava com a difícil tarefa de contar aos seus amigos que teria que sair do orfanato em menos de um mês.

Tudo o que passava na sua cabeça além da ansiedade e inquietação eram lembranças de Saori — Vou estar em viajem pelos próximos dias, só conseguirei voltar no dia em que você irá partir então encontre uma oportunidade para contar e boa sorte! — disse a mulher alguns dias antes.

Na verdade Saori estava apenas fugindo, ela sabia que se ficasse não conseguiria manter uma postura forte na presença das crianças, provavelmente iria desabar de chorar em algum dia e acabaria afetando todos, então preferiu deixar esse papel de postura forte para as funcionárias como sempre.

Kazuto querendo se livrar logo de toda aquela ansiedade parou de andar, bateu nas bochechas com as palmas das mãos, respirou fundo e saiu de onde estava pra falar com alguns amigos e procurar por outros.

Após dez minutos ele havia reunido todos na sala, o coração de Kazuto batia como uma britadeira, tão forte que parecia que ia sair pela boca, suas mãos tremiam enquanto escorriam um suor frio, parecia mais que estava prestes à desmaiar do que a dar um comunicado aos amigos.

Alguns notando o estado em que o amigo estava perguntaram se ele estava bem, alegando que ele também estava estranho no último dia de aula quando no fim agradeceu à todos pelo ano.

Os mais velhos que não sabiam desta situação na escola começaram a imaginar do que aquele comunicado se tratava, mas apenas deixaram o garoto continuar.

Kazuto abaixou a cabeça Eu estou bem... — disse em tom baixo.

Alguns por não entenderem se aproximaram um pouco mais O quê? perguntaram.

— Eu estou bem! — disse o garoto em um tom mais elevado dando um pequeno susto nos demais — É só que... Eu... Eu vou ter que ir embora... — disse o garoto encarando o chão com lágrimas formando-se em seus olhos.

Algumas crianças mais novas ainda não haviam entendido — Ir embora pra onde? Você vive aqui conosco Kazuto! E também é nosso amigo! — disse uma delas.

Kirisuna - Um amor para se conquistarOnde histórias criam vida. Descubra agora