Jayden Hideki - 55

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Certifico-me rapidamente de que a câmera está numa boa posição e quando vejo que realmente está, vou para perto de Azra e me sento ao seu lado fora da banheira. Ela está sentindo algumas dores e por orientação médica essa é uma das melhores formas de aliviar as complicações dolores. Sua mão segura a minha e eu beijo sua bochecha ficando ao seu lado, servindo ela com água e lhe dando apoio.

__ Como você se sente? _ pergunto depois de um tempo, Azra se esforça para olhar-me e eu sorrio mínimo para ela.

__ Nosso bebê está agitado... _ sua voz está fraca __ E não consigo sentir minhas pernas...

Olho em seu rosto com mais atenção, as bordas ao redor de seus olhos estão avermelhadas, os lábios pálidos e ressecados mesmo sendo constantemente umedecidos. __ Devo te levar ao médico. _ digo.

__ Não, eu estou bem, só preciso acalmar nosso filho.

Azra está apenas no oitavo mês de gravidez e não consegue mas nem andar direito, seus últimos diagnósticos estão complicados de aceitar e nem por um acaso eu irei contar a ela, isso a deixaria ainda mais frágil. O último exame diagnóstico que fez, resultou em um glioblastoma, um câncer maligno que dá a pessoa 15 meses de vida restantes e como ela descobriu em um estado avançado, eu tenho tentado me preparar para qualquer coisa.

Mesmo sabendo que nunca estarei preparado e pronto para uma situação ruim. Apoio minha cabeça na parede e tento a todo custo não chorar ou ter mais uma tremedeira. __ Jayden... _ ouço a voz fraca de Azra.

__ Uhm? Oi? _ pergunto de olhos fechados.

__ Não quero te preocupar, mas... Acho que isso aqui é sangue. _ abro os olhos rapidamente e eles se direcionam para a cor avermelhada se misturando com a água.

__ Não diga mais nada.

Pego uma toalha e a ponho de pé devagar, enrolo seu corpo no tecido e a ponho em meus braços com cuidado, logo saio do apartamento e entro no elevador, acionando o botão com o pé, os lábios de Azra tremem contra meu pescoço e o sangue se espalha pelo pano branco que fica pesado rapidamente. Conto os passos para chegar até o carro e a coloco deitada sobre o banco.

Repouso uma mão minha em meu queixo e sobre a boca, procurando calma e serenidade num momento como esse. Preciso me controlar para ficar ao lado de Azra, e não posso sair de perto um só segundo, ela precisa de mim tanto quando precisa do nosso filho. O doutor assim que é notificado da urgência vem até nós e com a ajuda dos enfermeiros colocam minha esposa numa maca.

Enquanto isso eu decido entre me desesperar - a parte que fala mais alto, ou apenas me sentar em uma das cadeiras da sala de espera e aguardar tragicamente alguma notícia que venha lá de dentro. A última opção me pareceu melhor. É uma pequena sala particular em que eu pude andar em círculos, encostar-me na parede, me ajoelha na frente de uma bíblia, cruzar as mãos e orar, mesmo sem saber o que dizer.

Não lembro a última vez em que me ajoelhei para orar, para pedir ou agradecer pelas obras divinas, mas hoje vejo que não há nada melhor do que desabafar tudo o que está acumulado em nosso peito com aquele que sabe de todas as coisas. Talvez tenha sido isso que me deu esperança ou apenas paciência, de certa forma senti meu coração mais aliviado.

Quase uma hora depois, o doutor entrou na sala de espera e eu levantei rapidamente pronto para qualquer coisa. __ Você é marido da paciente Dmitry Azra?

__ Sim. Jayden Hideki. _ digo rápido.

__ Tenho duas notícias. _ assenti para ele continuar __ A primeira, é que ela perdeu muito sangue e tivemos a necessidade de tirarmos a criança, e o bebê veio de oito meses, precisará ficar em observação mas é uma criança saudável. _ o médico sorrir docemente __ Mas, a paciente teve muito sangramento, além do câncer que é o que mais está adoecendo-a.

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